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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

The Phantom of the Opera (1962)

"O Fantasma da Ópera" de Terence Fisher com Herbert Lom, Heather Sears, Edward de Souza, Thorley Walters, Harold Goodwin, Martin Miller, Sonya Cordeau, John Harvey, Michael Ripper, Patrick Troughton, Miles Malleson, Ian Wilson & Michael Gough.

Numa Londres Victoriana da viragem do século, o abastado e pomposo Lorde Ambrose D'Arcy (Michael Gough) estreia a sua primeira Ópera na prestigiada London Opera House, apesar dos relatos do staff sobre o local estar assombrado, devido a uma sucessão de incidentes demasiado estranhos. Quando um assistente de produção aparece enforcado, a cantora lírica principal abandona a peça, fazendo D'Arcy abrir novas audições, contratando a talentosa, porém ingénua Christine Charles (Heather Sears) como substituta, na ânsia de a tornar uma das suas amantes. Sendo salva dos desejos maliciosos do Lorde pelo jovem produtor teatral, Harry Hunter (Edward de Souza) por quem acaba por se apaixonar, Christine acaba raptada por um sorumbático vulto vestido de negro, usando uma máscara para ocultar um rosto desfigurado e que vive nas catacumbas da Ópera, cujo desejo é torná-la na próxima Diva como forma de ver o seu trabalho finalmente reconhecido, ao mesmo tempo que procura vingar-se do pérfido Lorde Ambrose pela sua trágica condição actual...




Livremente baseado no intemporal clássico de literatura homónimo de Gaston Leroux, publicado em 1911, já por diversas vezes adaptado ao grande ecrã, sendo as mais emblemáticas a versão de 1925 com Lon Chaney e o remake de '43 com Claude Rains, 





que se tornou um êxito tão grande para a Universal Pictures que esta resolveu recorrer aos serviços da Hammer Films, depois do sucesso de "Horror of Dracula" ('58) de Terence Fisher, para revisitar o clássico numa nova versão para os anos 60. 









Fisher, então o mais audaz realizador da Hammer, foi o convocado para dirigir o guião do usual colaborador Anthony Hinds com Herbert Lom na pele do conturbado "Fantasma da Ópera" no lugar do regular Christopher Lee, que por motivos desconhecidos acabou por não agarrar o papel. 




Christine (Heather Sears) & Hunter (Edward de Souza)

Seguindo uma linha da narrativa mais próxima da versão de cinema de '43 do que do romance de Leroux em si, atrevendo-se a introduzir novos elementos e personagens na história, 








Lord Ambrose (Michael Gough) & Lattimer (Thorley Walters)

dando jus ao artifício característico da Hammer Films de "quem conta um conto, acrescenta um ponto" relativamente aos clássicos de literatura adaptados, 










Dwarf (Ian Wilson)

o guionista Hinds perde-se algures pelo caminho ao não dar a devida relevância ao personagem fulcral da trama em prol do foco centrado em demasia nos personagens inseridos nesta nova versão que em nada enriquecem o enredo. 






Como é o seu costume, Terence Fisher, um mestre visual e ambiental impressionante, aproveitando o orçamento bastante acima da média para uma produção da Hammer Films, cria aqui uma fantástica e melodramática fábula grotesca, 




recorrendo a uma direcção artística de topo numa soberba reconstituição de época a nível de guarda-roupa e cenários, 










Herbert Lom como o Fantasma da Ópera

cuja sublime cinematografia em Eastmancolor do habitual colaborador da Hammer, Arthur Grant, através de um prodigioso efeito de iluminação enaltece a vivacidade da paleta de cores quentes presentes no requintado interior da Ópera, 







em contraste com o visual pálido e soturno das catacumbas que nos transportam de imediato para os domínios do horror gótico.









Contudo, a direcção de Fisher acaba sendo extraviada em relação ao objectivo da história, dando demasiada importância e tempo de antena à relação amorosa entre os personagens de Edward de Souza e Heather Sears 






(que nem existe na obra original, mas devido ao lendário actor Cary Grant ter manifestado interesse em interpretar o galã numa obra de horror da Hammer, o guião foi reescrito para acomodar o tempo em cena do produtor Harry Hunter e quando Grant desistiu do filme e de Souza entrou como contratação de última hora, por questões de tempo e dinheiro, o estúdio prosseguiu com o novo guião), bem como na tentativa de introduzir um humor fora de sítio em algumas cenas. 





A trágica história do "Fantasma da Ópera" é quase deixada para segundo plano, com o mesmo só a aparecer em grande no III Acto, sendo aqui apenas o professor da jovem cantora lírica que pretende criar uma Diva jamais vista (ou ouvida) ao invés da paixão ao jeito da "Bela e o Monstro" do romance de Leroux, resultando por isso numa sequência final que não faz muito sentido. 





Todo o competente trabalho da equipe de caracterização ao desfigurar a cara de Herbert Lom por debaixo da máscara, torna-se escusado, pois a mesma só é mostrada ao espectador numa fracção de segundo durante o clímax. 










Um Terence Fisher em lume brando, dá lugar à chama em todo o seu esplendor, durante a brilhante direcção de toda a sequência em "flashback" sobre a origem do "Fantasma da Ópera", explicando todo o antagonismo com Lord Ambrose, sendo o zénite do filme e onde Fisher atinge finalmente a nota certa. 







No capítulo das performances, Herbert Lom está excelente como o talentoso professor Petrie tornado um ser disforme a viver nos esgotos da cidade, emulando os trejeitos e maneirismos de ambos os anteriores fantasmas, Lon Chaney e Claude Rains, ao mesmo tempo que deixa aqui o seu cunho pessoal, fazendo o que pôde consoante o guião e a direcção que lhe foi dada. 





Edward de Souza e Heather Sears interpretam o genérico casal do herói galante e a donzela em apuros sem grande brilho, cabendo a Michael Gough, no papel do pomposo e maquiavélico Lord Ambrose, o verdadeiro vilão do filme, nos entregar uma deliciosa performance recheada de requintes de malvadez, que merecia um outro tipo de tratamento no final, pois o actor desaparece de cena sem qualquer explicação dada.















A título de curiosidade, o filme estreou em '62 com críticas pouco positivas, tornando-se um desaire de bilheteiras o que levou a um interregno entre o prolífero director do estúdio, Terence Fisher e a Hammer Films.







Em suma, "The Phantom of the Opera" não desilude como parte do universo da Hammer, seja a nível da qualidade das performances (com Herbert Lom e Michael Gough em destaque) ou a nível visual, sendo inclusive uma das suas melhores películas nesse departamento, devido ao orçamento superior investido como uma "obra de encomenda" da major Universal Pictures, 





acabando por decepcionar nas partes do enredo e direcção, quando poderia ter sido bastante melhor na senda de um "Horror of Dracula" ou "The Hound of the Baskervilles" ('59), outras duas obras de Fisher, que se consagraram vencedoras nas adaptações dos respectivos clássicos literários. 



Género: Drama / Horror / Mistério / Musical.  

Fotografia: Côr.

País: Inglaterra.

Duração: 84 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=967gzLMdxMk

Classificação: 8/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.



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