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sábado, 31 de agosto de 2013

Wedlock a.k.a. Deadlock (1991)

"O Colar da Morte" de Lewis Teague com Rutger Hauer, Mimi Rogers, Joan Chen, James Remar, Stephen Tobolowsky, Glenn Plummer, Grand L.Bush, Denis Forest, Danny Trejo & Basil Wallace.

Algures no futuro, o génio de electrónica Frank Warren (Rutger Hauer) é seduzido pela bela Noelle (Joan Chen) e convencido pelo seu melhor amigo Sam (James Remar) a participar num roubo de diamantes. Apesar do assalto bem sucedido, Frank é traído pelos comparsas sendo sentenciado a 12 anos de prisão em Camp Holliday, uma prisão unisexo experimental dirigida pelo Director Holliday (Stephen Tobolowsky), em que a cada convicto é-lhe colocado um colar em volta do pescoço ligado a outro prisioneiro anónimo e caso ultrapassem a distância de 200 metros um do outro, o mesmo explode. Tracey Rigg (Mimi Rogers), uma condenada descobre ser Frank o seu parceiro e incita-o a fugirem, tendo que se manter à distância permitida. Ao mesmo tempo, o Director Holliday tem um pacto com os ex-comparsas de Frank que pretendem recuperar o saque do roubo que este escondeu antes de ser traído. Conseguirá Frank chegar aos diamantes antes de perder a cabeça?




Broderick Miller assina um guião inspirado em "The Running Man" ('87) com Arnold Schwarzenegger e "Johnny Handsome" ('89) de Walter Hill com Mickey Rourke, entrando o tarefeiro Lewis Teague para a realização deste filme originalmente produzido para a televisão por cabo. 





A história que parte de uma boa premise ("Fortress" de '92 soube agarrar com melhor afinco), acaba por se perder pela falta de uma execução sólida de direcção e um II Acto que se arrasta demasiado entrando numa letargia algo repetitiva, culminando num final previsível. 







Toda a sequência inicial do assalto aos diamantes é enérgica e bem encenada, estabelecendo um empolgante "mood" para o filme que nunca se chega a concretizar, ficando sempre a meio-gás.






Rutger Hauer como Frank Warren

A prisão de alta segurança que deveria ser o tema central do filme, é renegada para segundo plano cumprindo apenas o lugar de artifício do enredo, tendo pouco mais de meia hora de tempo em cena, e depois da fuga dos dois protagonistas o estigma dos colares e da distância permitida é-nos mostrada até à exaustão. 




Mimi Rogers como Tracey Rigg

O prólogo do filme indica-nos ser situado "algures no futuro", embora nada do que nos é mostrado seja indicativo disso com toda a acção, guarda-roupa, penteados e cenários serem característicos da altura em que foi produzido. 







No capítulo das performances, Rutger Hauer joga contra o seu habitual personagem duro e imponente, na pele do sensível génio de electrónica que é traído pela mulher que amava e o seu melhor amigo, embora seja visível ao longo do filme não se levar muito a sério no desempenho; 




Stephen Tobolowsky como Director Holliday

Mimi Rogers foi má escolha de casting para o seu personagem e a química com Hauer é quase zero; Stephen Tobolowsky repete o vilão nerd de "Bird on a Wire" do ano anterior; o intimidante Basil Wallace é sempre efectivo como o execrável de serviço





Noelle (Joan Chen) & Sam (James Remar)



e finalmente, Joan Chen e James Remar roubam o filme como o excêntrico e odioso duo de gananciosos bandidos.









Em suma, "Wedlock" (que recebeu o título "Deadlock" em certos mercados) é, acima de tudo, uma boa ideia mal explorada que com um certo polimento no argumento, 







especialmente a partir do meio do filme e uma realização menos inerte e mais interventiva, daria uma outra dinâmica a uma obra que poderia ter sido muito mais interessante do que o resultado do produto final. 







O facto de ter sido filmado exclusivamente para a televisão em full screen, não abona a favor do visual e os sets e gadgets são limitados devido ao parco orçamento. 







Contudo o elenco envolvido é cativante o suficiente para tornar "Wedlock" uma experiência a ver pelo menos uma vez, recomendado para uma sessão madrugada a dentro, quando não se tem aquela vontade de pensar muito...





Género: Acção / Crime / Thriller.

Fotografia: Côr.

País: E.U.A.

Duração: 101 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=HsdI3UBRJrM

Classificação: 6/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.






quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Buffy - The Vampire Slayer (1992)

"Buffy - Caçadora de Vampiros" de Fran Rubel Kuzui com Kristy Swanson, Donald Sutherland, Luke Perry, Paul Reubens, Hilary Swank, David Arquette, Candy Clark, Stephen Root, Liz Smith, Ben Affleck, Natasha Gregson-Wagner, Ricky Dean Logan, Alexis Arquette, Seth Green, Ricki Lake, Thomas Jane & Rutger Hauer.

Buffy (Kristy Swanson) é uma adolescente mimada líder da claque do liceu, namora o capitão da equipa de basquetebol e passa as tardes nos centros comerciais em compras supérfluas com as amigas. Um dia, um misterioso homem de meia idade, Merrick (Donald Sutherland) entra na sua vida dizendo-lhe ser a escolhida como a Caçadora para acabar com o surto de vampiros que chegaram à cidade, liderados pelo secular vampiro sedutor Lothos (Rutger Hauer) e o seu braço-direito Amilyn (Paul Reubens). Se ao início fica céptica, Buffy começa a levar Merrick a sério quando vários colegas do liceu começam a desaparecer, voltando como criaturas das trevas, aceitando assim um treino de combate corpo-a-corpo rigoroso que põe em causa o seu aproveitamento na claque, bem como o estatuto social. Quando o seu grupo de amigos superficiais a abandonam, uma Buffy mais realista e  madura, une-se a Pike (Luke Perry), o rebelde inadaptado da cidade para juntos derrotarem as forças malignas de Lothos, encontrando os dois o amor pelo caminho...




Anos antes de Joss Whedon criar a famosa série de TV "Buffy - The Vampire Slayer" com Sarah Michelle Gellar no papel principal, exibida entre '97 e '03 (e com direito ao "spin-off" estreado em '99, "Angel") 







Kristy Swanson como Buffy

foi o guionista desta primeira aventura da célebre Caçadora aqui interpretada pela belíssima Kristy Swanson, depois da escolha inicial Alyssa Milano ter declinado a oferta (embora mais tarde aceitasse um papel na série de TV "Charmed", no ar entre '98 e '06, que partilharia duma atmosfera algo semelhante).



Pike (Luke Perry), Benny (David Arquette) & Charlotte (Ricki Lake)

A visão inicial de Whedon era o de criar um filme sentimentalão, mas sério na senda de um "The Lost Boys" ou "Near Dark" (ambos de '87), mas ao perder o controlo da obra para os produtores que pretendiam um "teen movie" mais extrovertido para ainda capitalizar do sucesso desse sub-género dos 80's 





e da escolha de Luke Perry, então o galã juvenil da série "Beverly Hills 90210" para co-protagonista, levou "Buffy -The Vampire Slayer" a entrar nos domínios da "self parody", acabando por nem aí se sair bem. 







Amilyn (Paul Reubens)



A execução do filme é fraca, especialmente na encenação e direcção de actores, o mood do filme ora atenta ao humor negro, ora fica-se pela piada brejeira, mais embaraçosa do que propriamente engraçada e as sequências de acção são terríveis. 




Merrick (Donald Sutherland)

No capítulo das performances, Kristy Swanson como Buffy esforça-se ao máximo para acompanhar as súbitas mudanças de humor do filme, fazendo o que pode com a má direcção dada; o veterano Donald Sutherland parece actuar num filme completamente diferente; 




Lothos (Rutger Hauer)

Rutger Hauer nem se esforça dado o material que lhe foi dado; Paul Reubens tenta incorporar o tipo de humor do seu mais famoso personagem Pee Wee Herman, mas não resulta aqui e Luke Perry limita-se a interpretar uma mistura do lado cool do seu Dylan McKay de "Beverly Hills 90210" com o "geeky" co-protagonista David Silver, interpretado por Brian Austin Green da mesma série.




Kimberly (Hilary Swank)

Uma das maiores curiosidades a nível do elenco é que muitas futuras estrelas deram os primeiros passos neste filme, incluindo a vencedora de 2 Oscares Hilary Swank, Thomas Jane, David Arquette 










Basketball Player (Ben Affleck)

e o também duplamente premiado pela Academia Ben Affleck, contando ainda com os cameos de Seth Green (que faria a transição para a série de Buffy), Candy Clark ("American Graffiti" de '73) e Ricki Lake (actriz com presença assídua nos filmes do excêntrico John Waters).








"Buffy - The Vampire Slayer" ainda assim, e apesar do lado menos bom, possui um certo charme relativamente ao tom espirituoso dos anos 80 dado ao filme, mas necessitaria de um certo polimento no guião (depois de Franz e Kaz Kuzui alterarem toda a visão de Joss Whedon) 





e um controlo capaz sobre o conjunto para não se deixar ir ao exagero, como um carro em alta velocidade com um condutor inexperiente lá dentro. 









A montagem é frenética e nunca cai em tempos mortos, mas os súbitos cortes na montagem de algumas sequências para deixarem o filme curto em duração, prejudicaram a dinâmica da película, dando um lado amador, quase de episódio televisivo à longa metragem.






Em suma, "Buffy - The Vampire Slayer" é um filme para adolescentes feito à medida das fãs tresloucadas de Luke Perry e para os admiradores da então jovem Kristy Swanson no seu auge. 







Funciona como um inferior "The Monster Squad" ('87) encontra "Idle Hands" ('99) jogando "Clueless" ('95) para o meio e o resultado é uma parafernália de sub-géneros que entretém os menos exigentes. 






Aos fãs acérrimos da posterior série da personagem, não é recomendado o visionamento, porque até o próprio Joss Whedon baniu este filme de ter alguma coisa a ver com o resto...











Género: Comédia / Acção / Fantasia.

Fotografia: Côr.

País: E.U.A.

Duração: 86 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=pnZkV_aR_9w

Classificação: 5.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.



terça-feira, 27 de agosto de 2013

The Salute of the Jugger a.k.a. The Blood of Heroes (1989)

"Gladiadores do Século 23" de David Webb Peoples com Rutger Hauer, Joan Chen, Vincent D'Onofrio, Delroy Lindo, Anna Katarina, Gandhi MacIntyre, Justin Monju, Max Fairchild, Richard Norton & Hugh Keays-Byrne.

Num futuro pós-apocalíptico, a população da Terra já esqueceu da Idade Dourada do Século 20, de toda a tecnologia da altura ou das cruéis guerras que se lhe seguiram. Já não se lembram também quando os "Juggers" começaram a jogar "O Jogo", um bárbaro desporto que mistura futebol americano com luta corpo-a-corpo ao estilo dos gladiadores, nem quando começaram a usar o crânio de um cão no lugar da bola... Uma equipa de jogadores liderada pelo veterano Sallow (Rutger Hauer), ex-"Jugger" da Liga das 9 Cidades da qual foi expulso, vagueiam de aldeia em aldeia desafiando as equipas locais para "O Jogo" somando vitórias atrás de vitórias. Quando após um desafio perdem o seu "Corredor" Dogboy (Justin Monju), Kidda (Joan Chen), uma ambiciosa indígena local, toma o seu lugar estabelecendo uma ligação afectiva com o amargurado Sallow, incitando-o a desafiar a equipa da Liga na Cidade Vermelha. 





Contra a vontade dos dois membros veteranos da equipa: Big Cimber (Anna Katarina) e Mbulu (Delroy Lindo) e tendo apenas do seu lado o estouvado Gar (Vincent D'Onofrio) e o velho treinador Gandhi (Gandhi MacIntyre), Sallow comete a ousadia de desafiar os seus antigos companheiros da Liga na ânsia de se vingar de Lord Vile (Hugh Keays-Byrne), o homem que o expulsou anteriormente, mas enfrentar os "Juggers" profissionais e bem equipados pode ser o seu derradeiro jogo...




Rutger Hauer como Sallow

Escrito e dirigido por David Webb Peoples, o argumentista de "Blade Runner" ('82) e "12 Monkeys" ('95) aqui na sua primeira longa-metragem, "The Salute of the Jugger" é uma co-produção entre a Austrália e os E.U.A. com um enredo que mistura o mundo pós-apocalíptico de um "A Boy and His Dog" ('75) e da trilogia "Mad Max" ('79 a '85) 





com o desporto sanguinário futurista de "Rollerball", inserindo-se ainda no típico cinema de desporto da segunda metade dos anos 80, enaltecendo o heroísmo na perseverança dos mais fracos contra condições adversas, ao bom estilo de um "The Karate Kid" ('84) e mais concretamente "Best of the Best" também lançado em '89. 






"The Salute of the Jugger" é uma obra niilista e directa ao assunto, num sólido argumento de David Webb Peoples que não nos tenta explicar à semelhança de outras produções do género, as razões que levaram o Mundo ao estado decrépito actual ou porque motivo se joga "O Jogo" cujos jogadores arriscam a vida para participarem. 







Joan Chen como Kidda



Na falta de esperança de uma Terra reduzida ao caos num quase estado de barbarismo, resta a amizade e a honra como motivação e "O Jogo" surge como um Messias que guia um sem-número de almas perdidas à redenção e glória. 










Rutger Hauer, perfeitamente talhado para este tipo de papel, reúne-se novamente com David Webb Peoples depois do clássico de culto "Blade Runner" encarnando o amargurado líder da equipa que vive para recuperar o orgulho e esplendor de outrora. 






Ao seu lado, Joan Chen destaca-se do restante elenco na pele da ávida e ambiciosa Kidda, que escapa a uma vida menor na aldeia na ânsia de perseguir o sonho e alcançar o triunfo de "corredora" da Liga. 








A actriz treinou bastante, ganhando uma forma física capaz para a maioria das cenas de acção em que participa, prescindindo assim de ser substituída por uma dupla. 









Vincent D'Onofrio como Gar

Vincent D'Onofrio (o inesquecível Gomer Pyle do clássico de Stanley Kubrick "Full Metal Jacket" de '87), Delroy Lindo ("Get Shorty de '95) e Anna Katarina ("The Game" de '97) estão também muito bem como os restantes membros da equipa de Sallow.










Hugh Keays-Byrne como Lord Vile

O actor shakespeariano que fez carreira na Austrália, Hugh Keays-Byrne e que deu vida ao psicótico vilão Toecutter em "Mad Max" ('79) interpreta a nemesis de Sallow, embora o filme não lhes dê o confronto final devido.











Visualmente e a nível de cenários é patente um orçamento acima da média para uma obra deste género, o guarda-roupa é credível e o filme injecta fielmente no espectador a sensação do mundo desolado pós-apocalíptico do qual se identifica. 








Todo o design de produção da Cidade Vermelha merece nota positiva, bem como a contratação de todos os figurantes trajados à altura que compõem o set. 












A encenação do jogo é tão violenta como cativante, tendo a vantagem de ter sido produzido para o grande ecrã pelo mesmo homem que o criou e o desenvolveu no papel, passando do filme para a vida real sendo o "Jugger" jogado em diversos Países do Mundo.







Big Cimber (Anna Katarina) & Mbulu (Delroy Lindo)

Com tanto a favor e que poderia ter elevado "The Salute of the Jugger" a uma obra digna de figurar ao lado da trilogia "Mad Max", o filme perde-se pela carência de execução do mesmo, nomeadamente na terrível cinematografia que corta por completo a magnitude de certas sequências,









bem como a montagem final deficiente por pressão do Estúdio que reduziu o filme a menos de 20 minutos de duração, editando fora certas cenas-chave que dariam uma outra dinâmica ao filme e criando falhas de continuidade desnecessárias. 










O clímax é abrupto e anti-climático, com os créditos a rolarem enquanto os actores ainda estão em cena e no meio de diálogos, sendo estes cortados pela banda sonora final. 












A definitiva versão "uncut" do realizador com algumas cenas restauradas, especialmente as de violência, e um final diferente, viu a luz do dia em certos mercados, 









embora certas pequenas histórias incluídas no guião original de Peoples e editadas fora para a estreia nos E.U.A. do filme, que recebeu o título tarefeiro de "The Blood of Heroes" em prol do mais memorável e portentoso "The Salute of the Jugger", dizem-se estar perdidas para sempre.









Em suma, "The Salute of the Jugger" é um filme bastante subestimado dentro do género, mas que poderia ter sido bem melhor caso a produção não interferisse e deixasse a visão de Webb Peoples para a obra que escreveu, intacta. 









Rumores apontam para uma rodagem difícil em que o protagonista Rutger Hauer embateu por diversas vezes com o realizador sobre as acções e o destino final do seu personagem, mas em contrapartida a genuína química com a sua co-protagonista Joan Chen, criou uma amizade fora do ecrã resultando na colaboração de ambos em outros filmes futuros, sendo o mais conhecido "Wedlock", estreado dois anos depois.





Recomendado só para fãs de filmes pós-apocalípticos ou de desportos intensos e que suportem bem a escassez de diálogos, sendo uma obra que se concentra mais nos visuais e na acção. Ideal para se rever numa Sessão de cinema pela madrugada a dentro, é também um filme que precisa de ser redescoberto para assim ganhar um novo público.




Género: Acção / Ficção Científica / Desporto. 

Fotografia: Côr.

País: Austrália / E.U.A.

Duração: 90 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=v6qckMHp7wU

Classificação: 7.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.


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