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domingo, 25 de agosto de 2013

Ladyhawke (1985)

"A Mulher Falcão" de Richard Donner com Matthew Broderick, Rutger Hauer, Michelle Pfeiffer, Leo McKern, Ken Hutchison, Alfred Molina, Giancarlo Prete, Loris Loddi & John Wood.

Na Europa Medieval, o jovem ladrão Philippe Gaston (Matthew Broderick), conhecido pelo "Rato", escapa das masmorras do atroz Bispo de Aquila (John Wood) sendo perseguido pelos soldados do execrável Marquet (Ken Hutchison), o braço direito do Bispo. É salvo por um misterioso nómada envergando uma capa e capuz negros que transporta consigo um falcão e que se identifica como sendo Etienne Navarre (Rutger Hauer), o antigo Capitão da Guarda de Aquila, condenado ao exílio pelo Bispo que cobiçava a sua amada, a bela donzela Isabeau d'Anjou (Michelle Pfeiffer), e que invocando os poderes das Trevas lhes lançou uma terrível maldição. Durante o dia, Isabeau é uma exuberante falcão-fêmea voando pela imensidão das planícies, para assim que o sol se põe Navarre se transformar num solitário lobo cinzento vagueando pela noite. Apenas na brevidade de uns segundos entre o nascer e o pôr do sol se podem ver e quase se tocarem. Com a ajuda do novo aliado, Phillipe e de Imperius (Leo McKern), um padre excomungado, os amantes terão de encontrar um momento no dia em que se faça noite, para assim juntos enfrentarem o malévolo Bispo e quebrarem para sempre o terrível feitiço...




No mesmo ano em que nos entregou o sucesso juvenil de aventuras, "The Goonies", Richard Donner dirigiu este fascinante conto de fadas de aventuras, drama e romance, repleto de magia, sobre um amor eterno, mas amaldiçoado pela cobiça de um Bispo pouco ortodoxo, afastando para sempre a possibilidade de dois amantes terem uma vida em comum. 





A história de Edward Khmara é original, criativa e comovente, brilhando pela simplicidade efectiva do conjunto em que a sólida direcção de Donner e a magnífica cinematografia de Vittorio Storaro, que nos dá uma visão espaçosa das belíssimas paisagens do Norte de Itália, através de uma competente composição de imagem, transportam para a tela um dos melhores romances de fantasia de sempre. 



Rutger Hauer é o Capitão Etienne Navarre

"Ladyhawke" é também uma obra executada com alma e coração, daqueles filmes que já não se fazem nos dias de hoje, palpitando na inocência e ternura da década de 80, através do tom sentimentalão do conjunto e onde é notório o amor e dedicação ao projecto de todos os envolvidos.



Matthew Broderick é Philippe Gaston, o Rato

A escolha da trilha sonora de Andrew Powell é uma das maiores curiosidades da obra. 









Michelle Pfeiffer é a Donzela Isabeau d'Anjou

Em certas alturas a presença de uma bela sinfonia que evoca a beleza dos locais filmados contrasta com um despropositado pop rock a sintetizadores característico dos anos 80 durante as sequências de acção, tornando-o um pouco fora em relação à Época Medieval representada no filme, mas ao mesmo tempo resulta como uma autêntica máquina do tempo à extrovertida década em que foi filmado.





Tecnicamente, "Ladyhawke" é a prova viva que a qualidade do cinema pré-uso excessivo de CGI, é superior em todos os campos. 












Os efeitos especiais, apesar de simples para os parâmetros actuais, são efectivos em relação aos artifícios do enredo, dando à obra um visual fantástico, puro e autêntico.






No capítulo das performances, o subestimado Rutger Hauer, que no mesmo ano deu vida ao anti-herói Martin no imprescindível épico medieval "Flesh+Blood" de Paul Verhoeven, tem a capacidade única de encarnar heróis e vilões de modo perfeito, sendo credível em qualquer papel que desempenhe. 




O seu Etienne Navarre é um destemido e amargurado ex-Capitão da Guarda, vagueando pelas planícies na ânsia de se vingar do Bispo que lhes lançou uma terrível maldição e na sua teimosia cega leva-o à descrença de quando lhe é apresentada uma hipótese de quebrar o feitiço. 



Leo McKern é o monge Imperius

A elegância do actor holandês aliado ao seu físico portentoso, de semblante rude, mas porém sensível encaixa na perfeição para a trágica demanda do seu personagem Etienne Navarre. 






A seu lado, uma jovem Michelle Pfeiffer, aqui no auge da beleza, é excelente na sua sensibilidade e subtileza na sua actuação como Isabeau d'Anjou, não só impossibilitada de se reunir ao seu amor, mas também de sentir a luz do dia. 




John Wood é o Bispo de Aquila



Leo McKern e John Wood (vindo de "WarGames" de '83 também com Broderick) entregam-nos duas interpretações secundárias memoráveis como o padre arrependido e o perverso Bispo de Aquila. 










Matthew Broderick acaba por ser o elo mais fraco do forte elenco ao interpretar um Philippe Gaston, que mais parece um típico adolescente dos anos 80 que viajou numa máquina do tempo para a Era Medieval, do que um jovem ladrão daquela época que escapou de uma fétida masmorra. 





Apesar de adorável, o seu lado criançola e demasiado humorístico sai, por vezes, fora do tom do filme e é notória a falta de experiência do actor em manter-se no personagem.






Alfred Molina é o bárbaro Cezar

Outro dos problemas nesse departamento é que a direcção de Richard Donner foca-se (quase) exclusivamente nos poucos personagens centrais do filme, deixando o lote de figurantes à sua conta o que se torna sofrível em certas sequências, especialmente no clímax do filme na igreja.







Especial destaque para o bom trabalho de todos os treinadores e tratadores dos animais envolvidos no filme, tornando o falcão-fêmea que Navarre carrega no braço num personagem importante e com a sua própria personalidade. O lobo cinzento apesar de muito menos tempo em cena é igualmente memorável.









Nomeado para os Oscares nas categorias de Melhor Som e Melhores Efeitos Sonoros, acabou por não conquistar nenhum dos dois, mas como consolação venceu o Saturn Award de Melhor Filme de Fantasia e Melhor Guarda-Roupa com Michelle Pfeiffer a ser também nomeada na categoria de Melhor Actriz Principal.





Em suma, "Ladyhawke" é uma obra visualmente impressionante e que apesar do seu ritmo algo lento, cativa por completo o espectador através da pureza na execução da história e no enredo interessante que nos catapulta para uma Era fascinante de magia e aventura épica. 






Não sendo um filme perfeito, existem certas falhas de continuidade e pontas soltas a nível de lógica, mas que em nada prejudicam o desenrolar da acção, podendo assim serem postas de lado em favor da suspensão da descrença como modo de apreciar "Ladyhawke"







como um conto de fadas charmoso e encantador que nos consegue empolgar, divertir, comover e sobretudo, levar-nos a sentir aquela arrebatadora nostalgia, mantendo-se ainda fresco quase 30 anos depois da sua estreia....

Género: Aventura / Fantasia / Drama / Romance. 

Fotografia: Côr.

País: E.U.A.

Duração: 121 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=b0BTs66JAgM

Classificação: 9/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.








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