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domingo, 6 de outubro de 2013

Not Without My Daughter (1991)

"Rapto em Teerão" de Brian Gilbert com Sally Field, Alfred Molina, Sheila Rosenthal, Sarah Badel, Mony Rey, Georges Corraface, Sasson Gabai & Roshan Seth.

Em 1984, o médico iraniano Seyyed Bozorg "Moody" Mahmoody (Alfred Molina), portentor de dupla cidadania e casado com a americana Betty (Sally Field) convence-a, juntamente com a filha pequena de ambos Mahtob (Sheila Rosenthal), a visitarem a sua família a Teerão no novo Irão livre do Xá. "Moody" jura pelo Corão que nada lhes acontecerá e que ao fim das duas semanas de visita voltarão para os E.U.A. Ao fim de alguns dias em solo iraniano, a disposição de "Moody" começa a alterar-se, sendo constantemente pressionado pela família até mudar radicalmente os seus planos e anunciar à sua esposa que pretende fazer vida como médico no Irão e converter a sua filha ao Islamismo. Tornando-se refém de "Moody" e da sua família fanática religiosa, Betty é obrigada a aderir aos costumes locais como cobrir a cara; aprender o Corão e ser subserviente do marido, sendo proibida de ver a filha ou espancada quando tenta contactar com o Mundo exterior. Sozinha numa terra estranha e primitiva que em tudo favorece o homem iraniano, Betty tentará de tudo para escapar com a filha em direcção aos E.U.A. antes que seja tarde demais...



Betty (Sally Field) & "Moody" (Alfred Molina) - E.U.A.

Thriller dramático baseado na história verídica de Betty Mahmoody convertida em livro pela mesma em parceria com William Hoffer, parcialmente criticado pelo modo como a cultura Islâmica é retratada no filme, bem como os iranianos na sua maioria vistos como monstros cruéis machistas que subjugam a mulher, 





"Moody" & Betty - Teerão

é de facto um relato de uma mulher iludida por um marido residente há 20 anos na América que a sequestra no regresso ao Irão, obrigando-a a viver uma vida primitiva num País em estado de sítio pela Guerra e à mercê de uma família fanática, querendo converter a filha pequena ao Islamismo. 









Propaganda supremacista americana contra outras culturas ou não, o que é certo é que o rebaixamento da mulher e o seu lugar na sociedade do Irão como autêntica escrava do homem sem direito a voz ou a expressar o seu lado feminino é uma trágica realidade daquela cultura.






Mahtob (Sheila Rosenthal)

Visualmente, este longa-metragem estreada com pouco sucesso nos cinemas em '91 parcialmente devido às críticas negativas, apela mais a um formato telefilme em jeito de melodrama com um pouco experiente Brian Gilbert à frente do projecto, embora dirija sobriamente os seus três actores principais:






Alfred Molina num dos seus melhores papéis em cinema como o abusivo marido; Sally Field (ridiculamente nomeada para um Razzie de Pior Actriz do Ano por este filme) num desempenho sofrível e realista, levando o espectador a torcer pela sua causa e a sentir os horrores da vida a que está sujeita 





e a pequena estreante Sheila Rosenthal, numa brava performance de criança-actriz, vencedora do prémio "Young Artist Award". 









Houssein (Roshan Seth)

O guião de David W.Rintels tenta ser ao máximo fiel ao livro, alterando certos aspectos na adaptação ao cinema consoante os valores de produção e para acomodar os locais escolhidos para as filmagens, com Israel obviamente a substituir o Irão e a fuga de mãe e filha pelas montanhas geladas em pleno Inverno que foi substituída pelos áridos desertos e tempestades de areia. 





Sendo a progressão do filme unicamente mostrada ao espectador pelo ponto de vista da protagonista, raramente é-nos dada a chance de ver a situação pelo prisma do Dr."Moody", mas Gilbert dirige Alfred Molina para que em certas cenas se denote, subtilmente, um lado humano no médico iraniano que se ressente com toda a situação que criou e por ter mentido à mulher sobre as suas verdadeiras intenções. 




E aí reside o cerne da questão da trama que o filme não é explícito na explicação ao espectador: terá sido toda a viagem de visita à família no Irão um ardil desde o início para que pudesse iludir a mulher a acompanhá-lo ou foi a própria família que se tratou de o manipular e lhe fez a cabeça para ficar? 





Seja qual for a resposta, ou a verdade acerca da história de Betty Mahmoody, o que é certo é que a sua epopeia de coragem e o livro que posteriormente escreveu serviu de apoio e força para muitas mulheres na mesma situação, aprisionadas contra a sua vontade em Países de terceiro mundo à mercê de maridos violentos.




A nível de ritmo, o filme tende a arrastar-se um pouco pelo meio que poderia ter sido limado por uma montagem melhor e a mudança súbita do bondoso "Moody" para o diabólico "Moody" ocorre somente no espaço de uma cena, faltando ali um crescendo no modo como passa a lidar com a mulher até lhe anunciar que está retida em Teerão.





Em suma, "Not Without My Daughter" é um filme biográfico sobre uma triste realidade que deve ser visto neutralmente e de mente aberta. O conteúdo, e embora o tratamento dado seja ligeiro para chegar a um público-alvo de todas as idades, pode ser chocante e convida à lágrima no olho para um espectador mais sensível. Mesmo não sendo uma obra de arte, é uma película que se aconselha o visionamento, especialmente pelo tema controverso em questão e sobretudo as performances do trio de actores.









Género: Drama / Thriller / Biografia.

Fotografia: Côr.

País: E.U.A.

Duração: 116 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=0TSmbayUJCo

Classificação: 7.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.



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