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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Motor Psycho a.k.a. Motor Mods and Rockers (1965)

"Motorpsycho!" de Russ Meyer com Haji, Alex Rocco, Stephen Oliver, Holle K.Winters, Joseph Cellini, Thomas Scott, Coleman Francis, Sharon Lee, Steve Masters, Arshalouis Aivazian & E.E.Meyer.

Três degenerados motociclistas, Brahmin (Stephen Oliver), Slick (Thomas Scott) e Dante (Joseph Cellini) entretém-se espalhando o caos por onde passam, violando várias mulheres e agredindo-lhes os maridos. Quando entram em casa de um veterinário, Cory Maddox (Alex Rocco) torturando e violando-lhe a mulher Gail (Holle K.Winters), este vai no alcanço deles disposto a vingar-se. Pelo caminho salva a mestiça Ruby Bonner (Haji) deixada moribunda pelo gangue, depois de lhe terem assassinado o marido e unem-se para dar caça aos criminosos. Entretanto o líder Brahmin, um veterano do Vietname começa a dar sinais de loucura extrema o que começa a preocupar os restantes membros...





Pela mão do excêntrico realizador "kitch" Russ Meyer, que se popularizaria no mesmo ano com o clássico de culto (co-escrito pelo famoso crítico de cinema já desaparecido, Roger Ebert) "Faster, Pussycat! Kill! Kill!", "Motor Psycho" é um dos filmes mais "sérios" do debochado realizador, 







Arshalouis Aivazian

um thriller de acção e drama em jeito de "film-noir" e um dos pioneiros do sub-género "rape and revenge flick" que dominaria grande parte do cinema "exploitation" da década seguinte. 












Dante (Joe Cellini) & Slick (Tom Scott)

Embora algo banal para os nossos dias, a violência física e psicológica (mais sugerida do que vista) deste filme foi algo de choque para a altura de estreia e o seu realizador um dos mais polémicos cineastas americanos, mas que abriu as portas a todo um género "grindhouse" de cinema extremo e a uma nova geração de realizadores que lhe seguiram as pegadas. 









Brahmin (Stephen Oliver)

A história é simples, mas efectiva, um grupo de motociclistas beatnicks liderados por um veterano do Vietname em estado mental caótico (filmado ainda durante a guerra, foi uma das primeiras películas a abordar a perturbação psicológica de um retornado cerca de 10 anos antes do consagrado "Taxi Driver" de Martin Scorsese) em caminho para Las Vegas, 








espancam sem dó nem piedade um homem de meia-idade para lhe violarem a mulher, começando aí um rasto de violência, torturas e destruição por onde passam. 












O nihilismo do gangue reflecte uma América dividida entre o patriotismo dos que vão para a guerra e o pacifismo dos que ficam ou se recusam a ir, criando algures pelo meio uma estirpe de jovens rebeldes e socialmente inadaptados que não medem as consequências dos seus próprios actos. 








Slick e Dante seguem, cegamente, o seu líder Brahmin (Stephen Oliver numa boa prestação na sua estreia em cinema), herói de Guerra, até constatarem que o mesmo se encontra perdido, conduzindo-os por uma rota sombria que não tem regresso. 









Gail Maddox (Holle K.Winters)


Elegantemente filmado a preto e branco e com um orçamento bastante reduzido, "Motor Psycho" vale pelo ambiente negro de intriga e tensão criado como uma história de um "pulp magazine" transposta fielmente para o grande ecrã 











e cuja heroína feminista interpretada pela enigmática actriz de culto, Haji reflecte a femme fatale misteriosa e curvilínea digna de figurar na capa de uma mesma edição. 











Cory Maddox (Alex Rocco)

Apesar de figurar as imagens de marca do realizador: mulheres de bustos avantajados com grandes planos dos mesmos; personagens pouco agradáveis e violência exagerada e excessiva, "Motorpsycho" é um trabalho diferente em ambiente das obras de Meyer que lhe deram fama nos anos 60, 









carecendo de humor negro e do extravagante do conjunto, focando-se num lado mais sério e deprimente cuja banda sonora composta por um Surf Rock por vezes melancólico, ajuda a criar o clima desejado. 











A estrutura da narrativa do veterinário obstinado pela vingança fazendo parceria com uma estranha mulher na caça ao grupo de "desperados", assemelha-se a um western versão urbano e especialmente no III Acto a atmosfera inclina-se nessa direcção.








Ruby Bonner (Haji)

Em suma, apesar de não ser dos trabalhos mais famosos de Russ Meyer como "Faster, Pussycat! Kill! Kill!" ou "Beyond the Valley of the Dolls" ('70) é uma obra que vale a pena o visionamento, especialmente para fãs do realizador e dos filmes negros em geral que gostem de uma história empolgante ao nível de um imaginário "pulp". 









A título de curiosidade esta obra ajudou a concretizar e a modos que inspirou a infame estreia de Wes Craven no cinema com o filme-choque (um "remake" do clássico de Ingmar Bergman) "The Last House on the Left" ('72).

Género: Thriller / Acção / Drama. 

Fotografia: Preto e Branco.

País: E.U.A.

Duração: 74 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=n8XNtjTLTjo

Classificação: 7.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.

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