Translate

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Mississipi Burning (1988)

"Mississipi em Chamas" de Alan Parker com Gene Hackman, Willem Dafoe, Frances McDormand, Brad Dourif, R.Lee Ermey, Gailard Sartain, Stephen Tobolowsky, Kevin Dunn, Badja Djola, Pruitt Taylor Vince, Frankie Faison, Park Overall, Kenneth Magee, Tobin Bell & Michael Rooker.

1964. Dois agentes do F.B.I. são destacados para o Condado de Jessup no Mississipi para investigarem o desaparecimento de 3 activistas pelos direitos civis. São eles Alan Ward (Willem Dafoe), o jovem agente no comando que segue as regras do departamento à risca e o veterano agente Rupert Anderson (Gene Hackman), ex-xerife de uma pequena cidade do Mississipi que entende a cultura local. Descobrem uma cidade dominada pela Ku Klux Klan através dos vários polícias corruptos e negociantes locais que enfrentam com hostilidade a chegada de estranhos. No decorrer da investigação deparam-se com diversos obstáculos, levando Anderson a pressionar as autoridades locais, pondo em mira o manhoso Delegado Clinton Pell (Brad Dourif) cuja sua esposa de bom coração, Mrs.Pell (Frances McDormand) poderá ser a chave para a resolução do mistério...



Willem Dafoe é o Agente Alan Ward

Thriller policial, baseado em factos verídicos, dirigido por Alan Parker vindo do excepcional e bastante subestimado "Angel Heart" ('87) voltando a filmar o Mississipi através da sua visão única e fascinante com o auxílio da magistral e realista cinematografia de Peter Biziou, 





Brad Dourif é o Delegado Clinton Pell




"Mississipi Burning" foi um filme algo controverso, acusado de distorcer o caso real em que se inspirou, muito devido ao formulaico guião de Chris Gerolmo. 








Gene Hackman é o Agente Rupert Anderson



Os personagens da trama ou são os sulistas mauzões caricaturais sem qualidades redentoras com a corrupção a estender-se do Presidente da Câmara, aos agentes da autoridade até ao sapateiro e mecânico da cidade, levando-nos a crer que toda a gente pactua com o Klan e com os assassinos dos activistas 




ou os bons da fita que surgem vindos do Norte, crentes nas palavras do Dr.Martin Luther King e tudo farão para libertarem os cidadãos negros sôfregos do jugo dos seus opressores. 









Não é à toa que os únicos personagens dúbios na trama acabem por ser os mais interessantes e os que acabaram por ser nomeados pela Academia, sendo eles Rupert Anderson (numa "tour de force" performance de Gene Hackman na senda do seu Popeye Doyle do "The French Connection" de '71, nomeado aqui ao Oscar de Melhor Actor Principal), 



Frances McDormand é Mrs.Pell

um ex-xerife sulista dividido entre os costumes locais e o seu sentido de dever, não se preocupando em operar à margem da lei para trazer os culpados à justiça e a nativa da cidade Mrs.Pell (numa performance de topo de Frances McDormand que para além de lhe ter dado a primeira nomeação ao Oscar, aqui de Melhor Actriz Secundária, chamou a atenção de Hollywood culminando na sua posterior carreira de sucesso),




uma infeliz cabeleireira subjugada pelo marido machista que está envolvido no caso do desaparecimento dos jovens, mas mesmo assim dividida entre a lealdade a ele e o súbito interesse de Anderson que despoleta o flirt entre ambos, após os sucessivos interrogatórios para que esta divulgue aquilo que sabe. 





Michael Rooker é Frank Bailey

O restante elenco é bastante competente cumprindo na íntegra com o material dado, destacando-se o grande Michael Rooker, criando um dos personagens mais odiosos de sempre na tela; Brad Dourif que nunca desilude no que diz respeito à vilania; Gailard Sartain torna-se divertido de seguir interpretando o relaxado, mas velhaco Xerife 





e Willem Dafoe, que apesar do nome figurar antes dos créditos iniciais, é renegado a secundário, com o filme a desenrolar-se quase na íntegra pela perspectiva do personagem Rupert Anderson. Contudo a sua performance é memorável em certas cenas e a química com Hackman, mesmo com todo o antagonismo que os leva a embater por diversas vezes, é poderosa e eleva em muito a qualidade do produto final. 





A trilha sonora de Trevor Jones, acompanha sucintamente o que vemos no ecrã, dando o toque de suspense quando é necessário tornando-se num catalisador da aura de mistério presente no filme. 






A direcção de Alan Parker é fantástica como é o seu costume, providenciando um visual com estilo, um clima eficaz para o género e uma encenação de mestre, mas acaba por anuir ao lado mais "comic book" dos bons contra os maus sobre um drama social sério, 




providenciado por um guião demasiado parcial e politicamente correcto, que necessitava de um certo arranjo.









A título de curiosidade, "Mississipi Burning" foi nomeado para 7 Oscares da Academia em '89 tendo vencido, justamente, na categoria de Melhor Cinematografia. 








Stephen Tobolowsky é Clayton Townley

Em suma, os problemas a nível de argumento acabam por ser compensados pela maravilhosa reconstituição de época e pela magistral dedicação de toda a equipa envolvida, 








tornando "Mississipi Burning" um filme emocionante de se seguir se o espectador conseguir se distanciar do lado inverosímil presente no conjunto que acaba por afectar a seriedade da obra.



Género: Crime / Thriller / Drama / Mistério. 

Fotografia: Côr.

País: E.U.A.

Duração: 128 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=F0iRtvAqICc

Classificação: 8.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...