The Last Outlaw (1993)

"O Último Bandido" de Geoff Murphy com Mickey Rourke, Dermot Mulroney, Ted Levine, John C.McGinley, Steve Buscemi, Keith David, Daniel Quinn, Richard Fancy, Paul Ben-Victor, J.D.Garfield, Joey Rourke & Gavan O'Herlihy.

O amargurado Coronel Graff (Mickey Rourke) depois da derrota dos Rebeldes do sul na Guerra da Secessão lidera os seus homens numa jornada radical de assaltos a bancos propriedade dos yankees. Numa das cidades são alvo de uma  emboscada levada a cabo pelo Marshal Sharp (Gavan O'Herlihy) e os seus homens, ferindo com gravidade Loomis (Daniel Quinn), o mais jovem do grupo. Escapando por pouco, refugiam-se nas montanhas, mas com Loomis a atrasá-los, Graff ordena ao seu segundo no comando, Eustis (Dermot Mulroney) que o deixe para trás. Incapaz de fazê-lo, Eustis insurge-se contra o Coronel acabando por disparar sobre ele, abandonando-o à sua sorte. O restante bando composto ainda por Lovecraft (Keith David), Potts (Ted Levine), Philo (Steve Buscemi) e Wills (John C.McGinley) aceitam Eustis como o novo chefe e seguem-no em direcção ao Mexico com o produto do roubo. Mas Graff não morreu, e quando a "posse" liderada pelo Marshal Sharp e o avarento dono do banco, McClintock (Richard Fancy) o encontra, este propõe ajudá-los a perseguir o seu antigo bando, onde em modo calculista os irá acossar para matá-los um a um até que ninguém escape à sua sedenta vingança...

Mickey Rourke como Graff

Esplêndido western de Geoff Murphy (realizador do "The Young Guns" de '88) voltando a dirigir Dermot Mulroney e com o excelente Mickey Rourke à frente de um notável elenco de secundários na pele do amargurado Coronel Graff.

Dermot Mulroney como Eustis

Produzido pela HBO (Home Box Office) directamente para a TV, perde com isso visualmente, mas mesmo assim a cinematografia é bastante acima da média para o formato. Como filme em si é um dos melhores westerns saídos da década de 90.

Ted Levine como Potts

"The Last Outlaw" POSSUI tudo o que um verdadeiro filme do género deve ter: um ritmo frenético que nos deixa empolgados de princípio ao fim recheado de sequências de acção muito bem encenadas por Murphy (grande trabalho de câmara); tiroteios com violência realista e um punhado de personagens interessantes saídos de um competente argumento de Eric Red (que escreveu o clássico "The Hitcher" de '86), muito bem interpretados por um grande conjunto de actores. 

Rourke tem aqui o seu primeiro trabalho em modo tarefeiro depois de ter desistido em '91 de protagonista de Hollywood para se dedicar exclusivamente ao boxe, intercalando com um ou outro filme independente para lhe pagar as contas. Só que Rourke em modo de entrar num filme pelo dinheiro, consegue mesmo assim ser bem melhor do que muitos a tentarem arduamente e a sua performance como o Coronel Graff comprova-o. 

O carisma único e forte presença do actor que ensombra o ecrã na pele de um homem morto por dentro e que o seu antigo bando acredita ser imortal, misturado com a aura quase sobrenatural do seu personagem é transposto para a tela duma maneira peculiar que só Rourke consegue fazê-lo. O seu pêlo facial lembra Charles Bronson (um dos grandes ídolos de Rourke), bem como o seu personagem e o tom do filme, homenageiam diversos trabalhos de Bronson dentro do Western especialmente na década de 70 quando o género passou a ser mais realista.

John C.McGinley como Wills

Acompanhando Rourke e Dermot Mulroney, o elenco secundário é composto pelos melhores actores de personagens-tipo da altura: John C.McGinley e Keith David de "Platoon" ('86); Ted Levine do "The Silence of the Lambs" ('91); Gavan O'Herlihy de "James Bond - Never Say Never Again" ('83) e Steve Buscemi de "Reservoir Dogs" ('92).

Steve Buscemi como Philo

E mencionando homenagens, toda a sequência inicial do assalto ao banco é reminiscente do clássico de culto de Sam Peckinpah "The Wild Bunch" ('69) ou "The Long Riders" ('80) de Walter Hill e o tom vingativo de cada excerto monossilábico que Graff profere após a execução de cada membro do seu antigo bando, pisca o olho ao clássico literário de Alexandre Dumas, "The Count of Monte Cristo".

Keith David como Lovecraft

Em suma, "The Last Outlaw" é um western obscuro que muita pouca gente viu e cujo maior defeito é não ter sido feito em formato para cinema, pois sem qualquer sombra de dúvida é bastante superior a muitos dentro do género que beneficiaram de um tratamento melhor.

Eustis pede tréguas a Graff

Para fãs do western mais realista e sombrio em jeito de thriller, cheio de acção e sem tempos mortos e com um rol de personagens interessantes e vivamente actuadas, "The Last Outlaw" é o filme a (re)ver, sendo do melhor já feito exclusivamente para a TV desde "Duel" de Steven Spielberg ('71).

Género: Acção / Western.

Fotografia: Côr.

País: E.U.A.

Duração: 93 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Q4VmjaY7ZqY

Classificação: 8.5/10.

Reviewer: @  Nuno Traumas.