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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Cimitero senza croci a.k.a. Une Corde, un Colt... (1969)

"Cemitério Sem Cruzes" de Robert Hossein (& Sergio Leone) com Michèle Mercier, Robert Hossein, Guido Lollobrigida, Daniele Vargas, Serge Marquand, Pierre Hatet, Philippe Baronnet, Pierre Collet, Michel Lemoine, Benito Stefanelli & Anne-Marie Balin.

O clã Rogers enforcam o rancheiro rival, Ben Caine (Benito Stefanelli) em frente à sua jovem esposa Maria (Michèle Mercier) que ao jurar vingança sobre o corpo do marido, desloca-se a Ghost Town para contratar o pistoleiro Manuel (Robert Hossein), um antigo camarada do defunto, para acabar de vez com o poderio dos Rogers no vale. Ao mesmo tempo, Thomas (Guido Lollobrigida) e Eli Caine (Michael Lemoine), os irmãos de Ben, são procurados pela justiça a soldo dos Rogers e refugiam-se na casa de Maria. Para ganhar a confiança de Will Rogers (Daniele Vargas), Manuel salva o seu estouvado filho Larry (Serge Marquand) da morte certa, sendo de seguida contratado como o novo capataz do Rancho, esperando a oportunidade certa para raptar a única filha do rancheiro, Johanna (Anne-Marie Balin) para que Maria Caine possa ter a sua fria vingança...




Cameo de Benito Stefanelli como Ben Caine

Intenso e sombrio western spaghetti, escrito, dirigido e interpretado pelo francês Robert Hossein com o auxílio do futuro realizador Dario Argento que colaborou no guião, 









Michèle Mercier como Maria Caine

"Cimitero senza croci" reúne o melhor da "escola" de Sergio Leone, apresentando-nos um lado de entretenimento de acção taciturno de "A Fistful of Dollars" ('64) com o contemplativo e ambiental de "Once Upon a Time in the West" ('68), 








recorrendo a um grande trabalho de câmara de Hossein em parceria com o cinematógrafo Henri Persin, repleto de recurso ao zoom e close-ups ao estilo peculiar do Mestre Leone, mas conseguindo manter a sua identidade própria, 








contribuindo para isso uma encenação soberba, relativamente ao orçamento e meios envolvidos e uma certa criatividade em algumas sequências inesperadas. 








Robert Hossein como Manuel

A atmosfera do filme é sinistra, envolvente e quase surreal com Hossein a criar habilmente um ambiente tenso de cortar à faca, onde se movem um rol de personagens dúbias pela obsessão de vingança. 











A representação do elenco é no geral boa (com uma fria e sensual Michèle Mercier ao jeito de uma vingativa Claudia Cardinale de "Once Upon a Time in the West" a destacar-se), apesar de por vezes cair no exageradamente teatral, roçando no melodramático, mas Hossein na dupla tarefa de realizador e protagonista, criou aqui um dos mais subestimados e complexos anti-heróis de todo o euro-western na pele do pistoleiro Manuel, sujeito a diversos rebates de consciência ao longo da trama. 






Amigo pessoal de Sergio Leone que o influenciou a dirigir este seu primeiro western, toda a sequência do jantar no Rancho dos Rogers foi dirigida pelo próprio Mestre, que mesmo não sendo creditado, é notório o seu toque artístico, facilmente reconhecido por qualquer fã do seu trabalho. 





Notável a ausência de diálogos em diversas situações-chave para o enredo em que Hossein segue a máxima do "silêncio é de ouro", usando magnificamente a câmara para contar a sua história, 








acentuando as expressões e os gestos dos seus actores, não tendo sido preciso recorrer a diálogos gratuitos, um artifício utilizado em diversos outros filmes para explicar o óbvio, tratando assim a sua audiência com maturidade e respeito. 







Rodado na habitual Almería na Andalúzia em Espanha, "Cimitero senza croci" beneficia ainda de uma boa direcção artística a nível dos cenários realistas, especialmente da decrepita Ghost Town, 







e de uma fantástica sequência de abertura em tonalidade sépia enquanto correm os créditos iniciais, onde se observa um só homem ferido a galope em direcção à sua cabana situada na planície a milhas de distância da cidade, sendo perseguido por uma matilha de pistoleiros enfurecidos preparados para o linchar. 





Destaque para uma das melhores e mais assombrosas trilhas sonoras de todo o spaghetti western desde Ennio Morricone, conduzida por André Hossein, pai do realizador, e o memorável tema de abertura que estabelece o tom do filme. 







Em suma, "Cimitero senza croci" também conhecido por "Une Corde, un Colt..." ou pelos títulos internacionais de "Cemetery Without Crosses" e "The Rope and the Colt" é, infelizmente, um dos menos conhecidos spaghetti westerns, 






mas na certa um dos melhores já feitos, captando com uma vibração única toda a essência do género, tendo-se atrevido a seguir os passos do trágico e elegíaco "Once Upon a Time in the West", quando a maioria das produções italianas da altura preferiram seguir a rota do mais enérgico e ligeiro "The Good, The Bad and The Ugly" ('66). 



Anne-Marie Balin como Johanna Rogers



Altamente recomendado, especialmente para verdadeiros fãs de euro-westerns que passem bem sobre uma boa história, ambiente e visuais, ao invés do foco incidir maioritariamente na acção exacerbada. 





Género: Western / Drama.

Fotografia: Côr.

País: Itália / França.

Duração: 90 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=ztc2AOKsVx8

Classificação: 9/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.

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