Sabata (Lee Van Cleef), um misterioso pistoleiro trajado de negro, chega a uma pequena cidade do Texas, onde uma conspiração que envolve os homens mais poderosos da cidade resultou no roubo de 100 mil dólares do banco local, pertença do exército. O objectivo do grupo é com esse dinheiro investir em terras que valerão o dobro com a chegada em breve dos caminhos-de-ferro. Sabata resolve então chantagear o líder dos conspiradores, Stengel (Franco Ressel) que lhe põe a cabeça a prémio. Não contando com a destreza exímia do pistoleiro negro que sobrevive a todos os atentados, Stengel contrata então um velho camarada de Sabata conhecido como Banjo (William Berger) que transporta esse instrumento musical que na realidade esconde um rifle. Conseguirá Banjo deter Sabata ou ambos se unirão contra o ganancioso inimigo comum, Stengel?
Com o sucesso além fronteiras da "Dollars Trilogy" de Sergio Leone, iniciada em '64, que revelou Clint Eastwood como protagonista ao Mundo e ofereceu o primeiro papel de destaque ao eterno secundário dos westerns de hollywood,
Lee Van Cleef como Sabata |
Lee Van Cleef, o cinema italiano resolveu expandir-se no sub-género por eles criado conhecido pelo Spaghetti Western, dando azo a dezenas de produções anuais, na sua maioria de série-B e a baixo-orçamento, rodadas nos desertos de Almería, Espanha que substituía o oeste americano.
"Ehi amico... c'è Sabata, hai chiuso!" produzido por Alberto Grimaldi, o mesmo da "Dollars Triology", é um dos mais emblemáticos euro-westerns pós-Leone, introduzindo um novo anti-herói Sabata, que mais não é que uma extensão do personagem Coronel Mortimer que Lee Van Cleef interpretou na primeira sequela "For a Few Dollars More" ('65).
O director Gianfranco Parolini que no ano anterior tinha assinado o êxito "If You Meet Sartana, Pray For Your Death" ('68) que introduziu outro lendário pistoleiro interpretado por Gianni Garko no universo do spaghetti western, foi o convocado para dar vida a esta primeira aparição do engenhoso pistoleiro negro no cinema.
William Berger como Banjo |
A nível artístico e técnico, "Sabata" (no título mais curto dado internacionalmente) beneficiou de um orçamento maior relativamente a outras produções italianas da altura, sendo visível na qualidade da cinematografia em technicolor; nos cenários e guarda-roupa e em toda a encenação exagerada de Parolini,
dando um toque quase cartoonesco à obra em que o truculento Sabata, pistoleiro dos 1001 truques, congemina diversas artimanhas para sobreviver aos inúmeros atentados quando o líder dos conspiradores, interpretado em modo diabolicamente efeminado por Franco Ressel, lhe põe a cabeça a prémio.
O trabalho de câmara é muito bom e sofisticado, dando um visual repleto de estilo ao conjunto, incidindo nos zooms e close-ups característicos da "escola" Sergio Leone.
No capítulo das performances, Lee Van Cleef simplesmente nasceu para interpretar este tipo de papel em cinema, roubando com o seu carisma cada cena em que aparece,
desde a sua pose elegante ao olhar intenso que como uma águia busca a sua presa, Sabata é o seu definitivo anti-herói e uma das suas performances mais marcantes a par com "A Few Dollars More" e "The Good, The Bad and The Ugly" ('66); La resa dei conti" a.k.a. "The Big Gundown" ('66) ou "Da uomo a uomo" a.k.a. "Death Rides a Horse" ('67).
Ao seu lado, William Berger, também ele uma presença habitual no género é o descontraído Banjo, um homem que trocou a vida de pistoleiro pela música, mas que esconde um segredo, numa alusão ao clássico western americano de Nicholas Ray, "Johnny Guitar" ('54) com Joan Crawford e Sterling Hayden.
Pedro Sanchez como Carrincha |
Ignazio Spalla, creditado internacionalmente como Pedro Sanchez, é o divertido Carrincha, parceiro de Sabata, dando um lado humorístico ao filme. O actor apareceria em toda a saga de "Sabata", embora interpretando personagens diferentes.
Linda Veras como Jane |
A bela Linda Veras, como a prostituta do Saloon e actual companheira de Banjo, é um delírio de se seguir, mas não lhe é dado muito o que fazer ao longo do filme.
Destaque para o tema de abertura que canta sobre "Sabata" que se tornou imagem de marca do euro-western desde "Django" ('66) de Sergio Corbucci.
O sucesso deste primeiro filme, originou duas sequelas, sendo a primeira "Indio Black, sai che ti dico: Sei un gran figlio di..." ('70) com Yul Brynner no lugar de Van Cleef que se encontrava na altura, ironicamente, a gravar a terceira sequela de um dos filmes de maior sucesso de Brynner: "The Magnificent Seven Ride!" ('72).
Em suma, "Sabata" é puro entretenimento de acção, sendo mais do tipo ligeiro e despretensioso do que o contemplativo e artístico de Sergio Leone e mesmo que aqui o guião não seja um dos elementos mais fortes,
é mesmo assim um filme visualmente competente o suficiente para interessar um espectador fã do género e colocá-lo na lista de Top 20 dos Melhores Spaghetti Westerns de sempre.
Género: Western / Acção.
Fotografia: Côr.
País: Itália.
Duração: 111 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=59thmwUrxIA
Classificação: 8/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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