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domingo, 8 de dezembro de 2013

The Reptile (1966)

"A Mulher-Serpente" de John Gilling com Noel Willman, Jennifer Daniel, Jacqueline Pearce, Michael Ripper, John Laurie, Marne Maitland, David Baron, George Woodbridge & Ray Barrett.

No início do Século XX, numa pequena vila da Cornualha, diversos habitantes aparecem mortos em circunstâncias estranhas a que o resto da povoação supersticiosa atribui as causas à "morte negra". Quando o filantropo Charles Edward Spalding (David Baron) se torna uma das vítimas, o seu irmão Harry George (Ray Barrett) herda a casa de campo situada a uns quilómetros da vila, mudando-se para a mesma com a noiva Valerie (Jennifer Daniel). Sendo mal-recebidos pela maioria dos aldeões que receiam a presença de estranhos na vila, Harry George consegue fazer amizade com Tom Bailey (Michael Ripper), o dono da taverna local, que o alerta para o estranho vizinho da propriedade Spalding, o sinistro Dr.Franklyn (Noel Willman) que se mudou para a vila, acompanhado da sua belíssima filha Anna (Jacqueline Pearce) e o criado malaio (Marne Maitland) ao mesmo tempo que os estranhos e insolúveis crimes começaram a abalar a comunidade...




Obra de horror e fantasia da Hammer Films, produzido na senda do anterior "The Gorgon" ('64) e inserindo-se no sub-género "creature feature" ou "monster movie", "The Reptile" foi dirigido por John Gilling praticamente em simultâneo com outro clássico de culto do estúdio, 






"The Plague of the Zombies" ('66), partilhando dos mesmos cenários e exteriores na casa de campo Victoriana de Oakley Court em Berkshire. 









Dr.Franklyn (Noel Willman)

O guião de Anthony Hinds oferece-nos uma conspiração do silêncio entre os aldeões acerca da ameaça circundante que já ceifou diversas vidas, não olhando por isso com bons olhos à presença de estranhos na pequena vila, seguindo daí uma linha de mistério paira no ar, 





mas falha quando mostra ao público demasiado cedo a presença de um monstro em forma humana (mesmo não o mostrando logo em close-up), sendo também igualmente óbvio quem é o seu alter ego mal este entra em cena, de modo que quando os personagens da trama descobrem o fio à meada, o próprio espectador já o sabe antecipadamente, perdendo o factor surpresa pelo caminho. 





Outro problema do enredo é a falta de um desenvolvimento maior em redor do mito que levou à maldição no seio da família Franklyn, ficando algo por dizer após o clímax do filme. 








Artisticamente e como uma obra de época, "The Reptile" está soberbo a nível dos cenários e guarda-roupa e o trabalho de caracterização do monstro, quando este finalmente aparece em todo o seu horrífico esplendor, é bastante competente para altura. 





A cinematografia em Technicolor a cargo de Arthur Grant, um regular da Hammer Films, é como sempre de topo, recorrendo a uma efectiva iluminação e a efeitos de sombra, para criar uma atmosfera de horror gótico perfeita. 







A direcção de John Gilling oscila entre a criação de um ambiente de sinistralidade e um lado espirituoso característico do "monster movie" do série-B, oferecendo aquele lado exagerado ao conjunto,










Mad Peter (John Laurie) & Tom Bailey (Michael Ripper)


patente em algumas situações e nas performances dos actores, especialmente do veterano actor de personagens-tipo John Laurie como o extrovertido maluco da aldeia conhecido por Mad Peter.









Harry George Spalding (Ray Barrett)


O usual colaborador e eterno secundário de imensas produções da Hammer Films, Michael Ripper, tem aqui um papel mais extenso, chegando quase ao estatuto de co-protagonista ao lado de Ray Barrett como o irmão de uma das vítimas do monstro, 







Valerie (Jennifer Daniel)

obstinado em decifrar o mistério da "morte negra", temendo pela segurança da sua noiva Valerie, interpretada em modo ingénuo por Jennifer Daniel. 









Anna Franklyn (Jacqueline Pearce)


A beleza algo exótica de Jacqueline Pearce (que lembra uma jovem Kim Cattrall) como a perturbada Anna, hipnotiza por completo um espectador que pretende saber mais sobre o seu personagem 










e Noel Willman como o incauto patriarca Franklyn, oferece-nos uma performance aflitiva de um homem que vive conturbado pelos erros cometidos no passado. 











Marne Maitland como o criado malaio


Marne Maitland, surge como o típico estereótipo racial dos anos 60 ao interpretar o misterioso criado malaio de serviço, acabando por ser mais crucial à trama do que aquilo que aparenta de início. 









Destaque para a trilha sonora do australiano Don Banks, para sempre ligado à Hammer Films, que mais uma vez executa uma sinfonia perfeita para com o ambiente da obra.










Em suma, "The Reptile" é um sólido "monster movie" de época, com bons valores de produção e um leque de interpretações competentes, apesar de ser o "irmão bastardo" do superior em orçamento "The Plague of the Zombies". 










Contudo, o guião precisaria de uns retoques, especialmente no acrescento de certos pormenores e explicações mais detalhadas que serviriam para enriquecer a narrativa e o clímax é demasiado abrupto e indolente num modo de querer despachar a coisa. 







Mesmo assim, recomendado para os fãs da Hammer Films em geral e para apreciadores do charme "cheesy" de um série-B despretensioso, pois nesse departamento "The Reptile" consagra-se como um vencedor.





Género: Horror / Fantasia / Mistério.

Fotografia: Côr.

País: Inglaterra.

Duração: 91 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=rVszBcy-gxQ

Classificação: 8.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.


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