O realizador inglês Alan Smithee (Eric Idle) é contratado para dirigir "Trio", uma super-produção do cinema de acção com um orçamento superior a 200 milhões de dólares, juntando pela primeira vez Whoopi Goldberg, Jackie Chan e Sylvester Stallone em longa-metragem. Com as várias interferências do elenco e dos gananciosos produtores James Edmunds (Ryan O'Neal) e Jerry Glover (Richard Jeni) que pretendem editar o filme à maneira deles, Smithee que obviamente não pode usar o pseudónimo habitual de Alan Smithee como forma de renegar a obra da sua filmografia, tem um esgotamento nervoso e desaparece com a bobina do filme, tornando-se o mais procurado pela Indústria que pretende lançar "Trio" dentro de poucas semanas...
Eric Idle como Alan Smithee |
Sátira ao mundo de Hollywood filmado em jeito de documentário falso, "Burn Hollywood Burn" é o perfeito exemplo de quando um filme corre tão mal que nada o pode salvar na descida vertiginosa em direcção ao precipício.
Cameo de Joe Eszterhas (produtor / guionista) & Arthur Hiller (realizador) |
O argumento de Joe Eszterhas (autor de "Jagged Edge" de '85 ou "Basic Instinct" de '92) tenta entrar no mesmo Universo de crítica corrosiva ao sistema da meca do cinema magistralmente descrito em "The Player" ('92) de Robert Altman,
Cameo de Sylvester Stallone |
mas o resultado é um apanhado de sketches sem qualquer tipo de inspiração ou piada com actores, realizadores, argumentistas e produtores famosos de Hollywood a parodiarem-se a eles mesmos, caindo mais no profundo ridículo do que na astuta auto-crítica.
A montagem é terrível, apresentando-nos uma obra em formato videoclip que se esforça demasiado em parecer criativa, mas falha redondamente no alvo, arrastando o filme por um rol de situações pouco interessantes que ao fim da primeira meia hora já se implora pelo final.
Ryan O'Neal como James Edmunds |
Os actores escolhidos a dedo para os papéis resumem-se a ex-actores principais caídos em desgraça comercial pela altura que o filme foi feito como é o caso de Ryan O'Neal, Whoopi Goldberg e Sylvester Stallone, que não tinha um êxito desde "Cliffhanger" ('93)
Cameo de Jackie Chan |
e tirando Richard Jeni e Eric Idle, ex-Monty Python, que entrega uma performance exagerada e caricatural como é o seu costume, esta obra é a prova concreta porque realizadores, argumentistas e produtores devem-se limitar aos seus serviços por detrás das câmaras e não tentarem serem actores.
Chuck D. & Coolio como os Irmãos Brothers |
Jackie Chan limita-se a cumprir com o estereótipo de um oriental em Hollywood e a adição de Chuck D. e Coolio como o duo de realizadores rappers: os Irmãos Brothers (mais uma tentativa de piada foleira) numa suposta paródia aos realizadores afro-americanos, afundam ainda mais o filme ao ponto do insuportável.
A maior ironia de "Burn Hollywood Burn" é que a vida real acabou por imitar a "arte" quando o veterano realizador Arthur Hiller ("Love Story" de '70 ou "Author! Author!" de '82), descontente com a montagem final do filme de Eszterhas e dos produtores, optou por tirar o seu nome dos créditos iniciais usando o mesmo "Alan Smithee" (pseudónimo em Hollywood para quando um realizador renega o próprio filme) do qual a trama se baseia.
Cameo de Whoopi Goldberg |
Com um orçamento de 10 milhões dólares, "Burn Hollywood Burn" acabaria por ter uma estreia limitada em cinema, rendendo somente escassos 50 mil dólares, tornando-se um dos maiores falhanços críticos e comerciais da década.
Joe Eszterhas tornou-se a primeira pessoa da história a ganhar 4 Razzies por um mesmo filme, vencendo nas categorias de: produção - Pior Filme do Ano; Pior Argumento; Pior Actor Secundário e Pior Estreia em Cinema.
Sylvester Stallone foi também nomeado para Pior Actor Secundário. Eric Idle recusou-se a promover o filme, alegando ser a pior longa-metragem em que já participou.
Em suma, "Burn Hollywood Burn" é um autêntico desastre de filme que nem no estigma do "tão mau que se torna bom" encontra um lugar na Sétima Arte.
Recomendado apenas como fonte de curiosidade a um espectador que se interesse pelos supremos maus filmes legítimos ou que seja coleccionista do estilo documental em que actores famosos se interpretam a eles próprios, porque de resto é uma autêntica perda de tempo...
Género: Comédia / Documentário.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 86 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=1cn9ePSf2xI
Classificação: 3/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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