Ashley (Bruce Campbell) acompanhado da namorada Linda (Betsy Baker), da irmã Cheryl (Ellen Sandweiss) e de um casal amigo Scott (Hal Delrich) e Shelly (Sarah York) chegam a uma cabana isolada situada no meio das montanhas para um fim de semana de divertimento. Ao cair da noite, Cheryl começa a ouvir estranhas vozes oriundas da floresta que pedem para que se junte a eles. Quando a meio do jantar, o alçapão que dá para a cave se abre inexplicavelmente, Ashley e Scott resolvem investigar, encontrando um velho livro e um gravador que trazem para o andar de cima. Ao correrem a fita descobrem que a cabana foi o retiro de um arqueologista (voz de Bob Dorian) e da sua mulher que encontrou o chamado Livro dos Mortos numas escavações, e ao proferir as encantações Sumérias lá descritas, liberta os demónios adormecidos na floresta dando-lhes a permissão para possuírem os vivos. E assim será o começo de uma horripilante noite, em que as forças do mal não descansarão enquanto não possuírem cada membro do grupo...
Quando em retrospectiva se mencionam as obras mais influentes do cinema de horror pós-clássico, filmes como "The Exorcist" ('73) ou "The Texas Chain Saw Massacre" ('74) entram de imediato no pódio,
Bruce Campbell como Ashley "Ash" J.Williams |
mas que de modo algum ficaria completo sem a inclusão do "The Evil Dead" a genial primeira obra de Sam Raimi, um dos mais inventivos realizadores saídos da década de 80.
Produzido pela sua produtora independente Renaissance Pictures em baixo-orçamento, com uma equipe técnica constituída maioritariamente de amigos de longa data e colegas da Faculdade de Cinema onde se destacam o produtor Robert G.Tapert;
o actor principal e produtor Bruce Campbell; o compositor Joseph LoDuca e um pré-fama Joel Cohen, aqui como assistente de edição de imagem, que acompanhariam para sempre Raimi na sua jornada cinematográfica,
"Ash"; Linda (Betsy Baker); Cheryl (Ellen Sandweiss); Scotty (Hal Delrich) & Shelly (Sarah York) |
"The Evil Dead" é um fantástico, assustador, arrepiante e psicologicamente fatigante filme de horror, que presta a devida homenagem aos clássicos do género ao mesmo tempo que inova toda uma forma de fazer cinema através do efectivo clima horripilante criado
aliado a um fabuloso e criativo trabalho de câmara de Raimi com o cinematógrafo Tim Philo e uma encenação de topo, destacando-se a genial direcção dos actores, na sua maioria amadores, na representação física aquando possuídos pelas entidades malignas.
Os efeitos visuais e de caracterização de Tom Sullivan, e embora possam ser considerados ultrapassados para os parâmetros actuais, foram um prodígio de criatividade e execução para a altura dado o orçamento envolvido, contribuindo para o factor "cheesy" da obra, funcionado como um autêntico tesouro da época.
Apesar da aparente ausência da comédia que seria explorado em grande força nas sequelas, Raimi introduz subtilmente traços de humor negro que se tornam evidentes ao fim de algumas visualizações,
rompendo assim com o dito popular da seriedade absoluta do primeiro filme em contraste com o espirituoso "Evil Dead II - Dead by Dawn" ('87) ou o extrovertido e espalhafatoso "Evil Dead III - Army of Darkness" ('92).
Todas as geniais sequências em câmara rápida do ponto de vista do Mal na floresta com especial destaque para o magistral clímax, não só foi inventivo e inovador para o género como por diversas vezes copiado, mas nunca igualado.
Bruce Campbell, amigo desde os tempos do liceu de Sam Raimi e depois de ter participado nas primeiras curtas-metragens do realizador, assume aqui a protagonização
(e produção e ajudando na parte técnica do set, quando não estava em cena) na sua estreia em cinema como o relutante herói Ashley "Ash" Williams criando tal sucesso junto dos fãs dos filmes-de-culto que lhe lançou a carreira como um dos actores-fétiche do género. Apesar de ainda contido na sua primeira aparição como "Ash", Campbell solta as primeiras faíscas do personagem canastrão e sarcástico que exploraria em pleno nos filmes seguintes.
Do restante elenco, destaca-se Ellen Sandweiss como Cheryl Williams, a primeira do grupo possuída pelos demónios da floresta, e a que participa na infame cena de violação pelas ervas daninhas possuídas que foi considerada misoginia por grande parte da crítica da altura, mas um dos maiores exemplos do tal humor negro subtilmente introduzido por Raimi referido acima.
Filmado no local numa cabana abandonada do condado de Morristown no Tennessee com as cenas na cave da casa filmadas na quinta dos pais do produtor Robert G.Tapert no Michigan e a garagem ser a da casa do próprio Sam Raimi, com os truques de mestre na brilhante edição de imagem, tudo parece realmente interligado como se filmado no mesmo sítio dando o realismo aos cenários.
A título de curiosidade, o orçamento da película esgotou-se por alturas do Inverno de '80, obrigando a equipe técnica a parar temporariamente e alguns dos actores abandonaram inclusive o set.
Com apenas metade da obra filmada, Raimi, Campbell e Tapert tiveram que exaustivamente conseguir o resto do dinheiro, desde pedindo empréstimos ao banco; hipotecar as próprias casas e até investimentos de amigos pessoais para conseguirem concluir "The Evil Dead",
e quando finalmente as filmagens recomeçaram e devido à ausência de alguns actores, elementos da equipe técnica tiveram de passar para a frente das câmaras como substitutos dos mesmos, alcunhados por Raimi de "fake shemps", uma designação que seria para sempre parodiada nos filmes do realizador.
Em suma, "The Evil Dead" é o essencial filme de horror de entretenimento sobre possessões demoníacas e um marco do sub-género que mais de 30 anos depois ainda é tido como uma das mais influentes e inovadoras obras já saída de uma produção independente.
Género: Horror.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 85 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=GU92dtYrF9I
Classificação: 9.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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