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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Flesh+Blood (1985)

"Amor e Sangue" de Paul Verhoeven com Rutger Hauer, Jennifer Jason Leigh, Tom Burlinson, Fernando Hillbeck, Susan Tyrrell, Ronald Lacey, Brion James, John Dennis Johnston, Simón Andreu, Bruno Kirby, Kitty Courbois, Marina Saura, Hans Veerman, Jake Wood, Nancy Cartwright & Jack Thompson.

1501. Europa Ocidental. Numa época medieval em que a Peste Negra dizimava as populações, um grupo de mercenários liderados por Martin (Rutger Hauer) são contratados pelo nobre Arnolfini (Fernando Hillbeck) e o seu capitão Hawkwood (Jack Thompson) para reconquistarem o seu castelo a troco de uma choruda recompensa. Depois da vitória são traídos pelo nobre e abandonados à sua sorte, sem armas, comida ou dinheiro. Pretendendo vingança atacam a comitiva do nobre Arnolfini, onde viaja o seu filho Steven (Tom Burlinson), um estudante de ciências e a sua futura noiva, a virginal Agnes (Jennifer Jason Leigh), raptando-a. Martin apaixona-se à primeira vista pela bela princesa e tudo fará para a proteger da cobiça do restante grupo, inclusive tomar decisões que podem pôr em perigo a segurança de todos, ao mesmo tempo que o noivo não descansará enquanto não trouxer a sua prometida de volta...





Primeiro filme americano do cineasta holandês Paul Verhoeven, que atingiria o sucesso dois anos depois com o igualmente excelente "Robocop", dirigindo o seu conterrâneo Rutger Hauer pela sexta vez, 




Kars, Martin & Summer atacam o castelo

"Flesh+Blood" não só é a obra-prima do seu realizador, como um dos mais fabulosos e alucinantes filmes sobre a época medieval alguma vez feitos. 







O excelente guião de Gerard Soeteman em parceria com o próprio Verhoeven é transposto para a tela através de um visual cheio de estilo e extremamente realista, 






aliado a uma violência mordaz fundida com o erotismo selvagem como se o espectador estivesse de facto na Idade Média. 






Steven & Agnes juram amor eterno

Nada em "Flesh+Blood" é deixado ao acaso, desde os excelentes cenários ao guarda-roupa e caracterização do grupo de actores que quase conseguimos absorver a pestilência emanada, 






Rutger Hauer como Martin



Verhoeven rompe assim por completo com o clássico e limpo filme de aventuras de capa e espada apresentando uma das obras mais historicamente correctas de como era a vida naqueles tempos, 








e mesmo assim consegue manter um nível elevado de entretenimento em perfeita harmonia com a trama apresentada. 










Jennifer Jason Leigh como Agnes

"Flesh+Blood" é também uma lição em estrutura da narrativa e montagem se comparado a muitos outros filmes que carecem nesse departamento, 











nas suas 2 horas de duração consegue transmitir uma história forte e concisa e as pequenas histórias que daí derivam sem nunca perder a energia, nunca caindo no estigma de tempos-mortos ou cenas desnecessárias. 





O ritmo é de tal maneira perfeito que com aquilo que nos é apresentado e contado pensamos estar perante uma película épica de 3 horas, 






Susan Tyrrell como Celine

mas a adrenalina é tanta e as sequências estão tão bem dirigidas que quando o filme termina nem se dá conta que o tempo passou. Para além da qualidade da edição de imagem de Ine Schenkkan, destaca-se também o brilhante trabalho de cinematografia de Jan de Bont (futuro realizador de "Speed" de '94) e a gloriosa trilha sonora épica do grande Basil Poledouris (compositor de "Conan the Barbarian" de '82). 




A nível de performances, Rutger Hauer, um dos actores mais subestimados de sempre em Hollywood é um hipnótico, violento e sobretudo inesquecível Martin, cuja maldição cai sobre ele e o grupo de mercenários que comanda, quando se atreve a apaixonar-se pela ex-noviça de pele branca e macia Agnes, 




Tom Burlinson como Steven Arnolfini


interpretada pela então jovem Jennifer Jason Leigh que tudo fará para sobreviver ao selvagem bando de renegados na esperança de se reunir com o seu amado Steven, numa performance cuidada de Tom Burlinson.








Brion James como Kars




O elenco secundário estão como peixes-na-água na sua naturalidade para os seus vis e execráveis papéis, destacando-se o malogrado Brion James e Susan Tyrrell nos seus habituais exagerados (e odiosos) desempenhos. 





Cardeal (Ronald Lacey) & Orbec (Bruno Kirby)




O australiano Jack Thompson está muito bem como Hawkwood apesar do limitado tempo em cena e Ronald Lacey com a carreira ressuscitada depois de ter dado vida ao SS Toth em "Raiders of the Lost Ark" ('82) interpreta um padre muito pouco ortodoxo.





A título de curiosidade, Brion James e Rutger Hauer vieram ambos de "Blade Runner" ('82) onde interpretaram igualmente renegados perseguidos de um mesmo bando 










e Hauer reunir-se-ia novamente com a bela Jennifer Jason Leigh no ano seguinte noutro clássico de culto, "The Hitcher" co-protagonizado por C.Thomas Howell.







Em suma, "Flesh+Blood" é uma experiência única dentro do género, sendo "cinema de autor" e apostando no realismo absoluto, 













porém nunca deixa o lado artístico subjugar o entretenimento e a diversão do conjunto, cumprindo assim como produto final numa obra inteligente, bem dirigida e interpretada e que cerca de 30 anos depois ainda não foi ultrapassada. 







Uma das melhores lições de moral retiradas de "Flesh+Blood" é que ninguém na história tem de facto qualquer tipo de moral, não há bons, nem maus, não existem santos e não só os pecadores merecem castigo e todos os personagens são dúbios. 








Magnífica obra de Paul Verhoeven, "Flesh+Blood" merece ser visto e revisto na categoria de uma das melhores aventuras épicas de sempre!!

Género: Aventura / Drama / Histórico.

Fotografia: Côr.

País: Espanha / E.U.A. / Holanda.

Duração: 126 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=0VOy1JZBH5c

Classificação: 10/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.





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