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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Children of the Damned (1964)

"Uma Aventura Fantástica" de Anton Leader com Ian Hendry, Alan Badel, Barbara Ferris, Alfred Burke, Sheila Allen, Harold Goldblatt, Roberta Rex, Yoke-Moon Lee, Gerald Delsol, Mahdu Mathen, Frank Summerscale & Clive Powell.

O psicólogo Tom Llewellyn (Ian Hendry) descobre a extraordinária inteligência de Paul Looran (Clive Powell), uma criança filho de mãe solteira que clama ter dado à luz virgem. Unindo-se ao geneticista David Neville (Alan Badel), iniciam uma investigação sobre a origem de Paul, acabando por descobrirem que existem mais 5 crianças nas mesmas condições espalhadas pelo Mundo, apelando às respectivas embaixadas que os tragam para Londres, com o objectivo de efectuarem um estudo em grupo. Com o interesse exacerbado de cada Nação com a sua criança especial, no intuito de a usarem como arma secreta, leva a que as crianças se unam através da telepatia e procurem refúgio numa igreja abandonada. Quando usam os seus poderes defensivos, como a telecinése, contra um ataque do exterior, o exército começa a ponderar se os deve destruir ou não, dividindo assim as opiniões dos dois iniciais cientistas do projecto: Llewellyn acredita que o homem poderá co-existir e aprender com esta evolução da espécie, ao passo que Neville teme que tal como o macaco no passado, o homem como o conhecemos possa deixar de existir em prol desta nova criação...



David Neville (Alan Badel) & Tom Llewellyn (Ian Hendry)

Sequela não-oficial de "Village of the Damned" ('60), escrito por John Briley baseado nas personagens da novela de John Wyndham "The Midwich Cuckoos", publicada em '57, "Children of the Damned" segue mais por um caminho dramático de thriller político com elementos de ficção científica à mistura do que o ambiente surrealista de suspense e horror do antecessor. 




Paul Looran (Clive Powell)

Apesar das crianças possuírem o mesmo tipo de telepatia entre elas e o poder psíquico visto no filme original, a interpretação das mesmas difere nesta sequela, resultando como um salto evolucionário de cerca de 1000 anos na raça humana ao invés de seres malignos de origem sobrenatural ou alienígena de "Village of the Damned", 







Diana Looran (Sheila Allen)

tornando-se as mesmas alvos da cobiça do homem que estará disposto a tudo para as controlar, mas quando atacam para se defenderem da ameaça do exterior no intuito de preservarem a própria espécie, são considerados altamente perigosos por um Mundo que prefere destruir aquilo que teme do que tentar aprender e compreender para poder co-existir. 





O artifício da história de colocar cada uma das 6 crianças vindas de continentes, raças e credos diferentes em pleno contraste com a ninhada de crianças loiras platinadas e de olhos penetrantes do filme original, pode ser considerado tanto um passo criativo como uma tentativa politicamente correcta de piscar o olho à O.N.U., 





bem como todas as alegorias Bíblicas presentes, desde as crianças serem humanos avançados que à semelhança com Jesus Cristo, foram postos na Terra através de um ventre virgem com um propósito da mais pura forma de humanidade, possuindo o poder da ressurreição e sendo incompreendidos pelos adultos, são condenados à aniquilação sumária. 





Artisticamente, a cinematografia a preto e branco de Davis Boulton é soberba, captando todo o kitsch londrino dos anos 60, das ruelas escuras e sombrias ao pendor gótico da velha igreja, ao mesmo tempo que nos providencia por intermédio da imagem uma sensação de temor, paranóia e desconforto perante o desconhecido. 




A direcção de Anton Leader está a par em qualidade (ou até mesmo ultrapassando) a de Wolf Rilla do original, atrevendo-se a ir noutra direcção e pelo caminho, desenvolver mais a fundo sobre a origem destas crianças, através de uma criativa encenação e uma marcante direcção de actores, acabando por transcender no ecrã o já ilustre guião de John Briley. 





No capítulo das performances, Clive Powell que sucede a Martin Stephens como o líder do grupo, entrega-nos uma performance notável como o pequeno Paul Looran, auxiliado por um fantástico elenco de crianças-actores.









Na parte dos adultos, Ian Hendry e Alan Badel, numa excelente escolha de elenco, interpretam o duo de amigos íntimos que se tornam antagonistas sobre que destino dar às crianças.











Da subtileza na verdadeira relação de ambos, aos maneirismos e improvisos (especialmente da parte de Badel) em cena, é representação descontraída, realista e efectiva no seu melhor. 








O clímax é de um poderio visual forte e de emoções à flor da pele, ficando certas respostas ao critério do espectador.










Em suma, "Children of the Damned" é um filme de ficção científica maturo e inteligente que nos obriga a pensar e até filosofar sobre ele, merecendo muito mais crédito do que o de uma sequela a querer capitalizar no sucesso de "Village of the Damned", 





porque na realidade possuem a rara particularidade de serem dois filmes completamente diferentes, guiados apenas por um denominador comum, mas ambos excelentes e imprescindíveis à sua maneira. Altamente recomendado !!!








Género: Thriller / Ficção Científica / Drama. 

Fotografia: Preto e Branco.

País: Inglaterra.

Duração: 90 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=T45NtstjX0Y

Classificação: 9/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.

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