Depois de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) ter escapado no Halloween de '78 à carnificina no Hospital de Haddonfield que acabou com o irmão mais velho, o assassino em série Michael Myers, presumivelmente morto depois do seu psiquiatra Dr.Sam Loomis ter explodido com uma das Alas do Hospital, esta vive agora escondida com a nova identidade de Keri Tate, criando o filho adolescente John (Josh Hartnett) e ocupando o cargo de Reitora de um Colégio Privado no Norte da Califórnia. Vivendo no medo e com o receio que o irmão volte para finalizar o serviço, Laurie é agora dependente do álcool e super-protectora de John. Ao mesmo tempo em Illinois, num condado vizinho de Haddonfield, a casa da enfermeira Marion Chambers (Nancy Stephens), ex-colega do Dr.Loomis é revirada em busca de pistas sobre o paradeiro de Laurie, acabando com esta sendo brutalmente assassinada. O temível assassino imparável está de volta cuja única missão em vida é acabar com a linhagem da família levando a um recontro final com a irmã que lhe escapou 20 anos antes...
Depois da polémica em torno de "Halloween VI - The Curse of Michael Myers" ('95) que deu origem a duas versões distintas do filme, bem como a crítica negativa a respeito da nova abordagem a Michael Myers como sendo controlado pelo Culto de Thorn,
Jamie Lee Curtis regressa à franchise como Laurie Strode / Keri Tate |
e com a aparente vontade de Jamie Lee Curtis de regressar à franchise, levou os produtores a ignorarem toda a "storyline" desde "Halloween IV - The Return of Michael Myers" ('88), fazendo "Halloween H20" uma sequela directa de "Halloween II" ('81) em que o personagem Laurie Strode ainda vive, encontrando-se escondida e com uma nova identidade, receando que o irmão a encontre para finalizar a sua missão em vida.
O realizador Steve Miner ("Friday the 13th - Part II" de '81), veterano do género "slasher", foi o convocado para dirigir este regresso às origens num filme que vale unicamente pelo regresso de Jamie Lee ao seu icónico personagem que lhe deu o título de "Rainha do Grito" desde finais dos anos 70.
O argumento de Robert Zappia afasta-se da profundidade de "Halloween VI", não querendo dar muitas explicações ao Mal que reside em Myers e o que o faz mover-se,
Michael Myers (Chris Durand) |
focando-se somente no choque do reencontro entre irmão e irmã, 20 anos depois da sequela da suprema obra original de John Carpenter,
Charlie, Sarah, John (Josh Hartnett) & Molly (Michelle Williams) |
injectando pelo meio os típicos clichés de enchimento pouco criativos e doses de humor juvenil que acabam por aligeirar demasiado o conjunto, tornando-o um pálido reflexo dos dois primeiros filmes.
Jimmy (Joseph Gordon-Levitt) e Marion Chambers (Nancy Stephens) |
A sequência de abertura trás de volta Nancy Stephens como a enfermeira Marion Chambers, a colega do Dr.Loomis e a dona do carro do qual Michael foge de Smith's Grove no "Halloween" de '78, para estabelecer o paralelismo na franchise e agradar assim aos fãs acérrimos da saga, já que Donald Pleasence falecido em '95 não poderia assim regressar ao papel do Dr. Sam Loomis.
O tratamento de Kevin Williamson ao guião, entretanto tornado um argumentista bastante requisitado no sub-género devido ao enorme sucesso-surpresa de "Scream" ('96) de Wes Craven, incluía todos os eventos ocorridos entre "Halloween IV" e "Halloween VI" como parte da continuidade, em memória de Pleasence que nunca abandonou a franchise até falecer,
mas o facto de terem "morto" Laurie Strode anteriormente e esta agora regressar, os produtores acharam demasiado inverosímil para o público o artifício de Williamson da mesma ter encenado a própria morte e não querendo algo muito complicado para que um espectador não conhecedor dos filmes anteriores pudesse assistir, optaram por um caminho mais autónomo.
O que "Halloween H20" possa daí ter ganho nos aspectos da frescura e simplicidade, perdeu nos factores profundidade e respeito pela própria franchise que simplesmente criou todo o filão do sub-género em '78,
resultando num banal "slasher" cavalgando no sucesso do já citado "Scream", "I Know What You Did Last Summer" ('97) e inclusive exibindo "Scream 2" ('97) como filme-dentro-do-filme, numa óbvia e gratuita referência.
No capítulo das interpretações, Jamie Lee Curtis tem um regresso digno, mas não faz esquecer a entrega de Donald Pleasence nos 3 filmes anteriores que não contaram com a presença da actriz; Josh Hartnett faz a sua estreia em cinema como o filho rebelde de Laurie, no mesmo ano em que participou em "The Faculty";
LL Cool J como "Ronny" Jones |
uma jovem Michelle Williams participa em modo "Dawson's Creek", a série que a lançou; o rapper tornado actor LL Cool J é o simbólico negro de serviço; Joseph Gordon-Levitt num curtíssimo cameo é usado como chamariz de adolescentes para as salas
Janet Leigh como Norma Watson |
e por último, a grande dama Janet Leigh, umas das Musas de Hitchcock e a célebre Marion Crane de "Psycho" ('60), de onde o original "Halloween" de Carpenter retirou algumas ideias, volta a contracenar com a filha Jamie Lee Curtis 18 anos depois de "John Carpenter's The Fog" ('80), num papel completamente desnecessário à trama, mas muito bem-vindo para efeitos da homenagem devida.
Chris Durand como Michael Myers é bastante superior a George P.Wilbur que lhe deu vida nos 3 filmes anteriores, aproximando-se mais em estatura, maneirismos e modo peculiar de caminhar dos actores que deram vida a Myers no filme original e na sua sequela directa.
A falha de continuidade de as mãos e, a julgar pelo início do posterior "Halloween - Resurrection" ('02), o rosto de Myers não estarem danificados pela explosão do final de "Halloween II" e a referência que o Dr.Sam Loomis morreu de velhice enquanto estava aos cuidados da enfermeira Chambers,
estabelecem um grave paradoxo na série, mas foi apenas mais uma explicação evitada pelos produtores para nos entregarem um simples "slasher" da pipoca directo ao assunto.
Em suma, "Halloween H20 - 20 Years Later" é tecnicamente superior às partes IV e V por contar com um orçamento maior e um visual mais negro e requintado sendo mais adequado para cinema que os antecessores,
mas o argumento é tão banal e desprovido de vida e a realização tão tarefeira, carecendo de suspense e criação de ambiente que o resultado final não vai muito além de uma obra para "Sessão da Tarde" de horror juvenil.
Género: Acção / Horror.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 86 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=-oJyiiZ071U
Classificação: 6.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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