30 de Outubro de 1988. O imparável assassino Michael Myers (George P.Wilbur) encontra-se em coma no Instituto Richmond de Doenças Mentais, 10 depois da explosão no Hospital de Haddonfield que deixou o seu perseguidor Dr.Sam Loomis (Donald Pleasence) gravemente queimado. Durante a sua transferência para o Hospício de Smith's Grove. onde esteve internado desde os 6 anos de idade, Michael descobre que tem uma sobrinha, filha da sua irmã Laurie Strode entretanto falecida, e após se livrar de toda a equipe médica, ruma novamente para a sua cidade com o intuito de matar a última da linhagem da família. No dia seguinte em Haddonfield, a pequena Jamie Strode-Lloyd (Danielle Harris), adoptada pela família Carruthers, prepara-se para a noite de Halloween juntamente com a irmã Rachel (Ellie Cornell), sem desconfiar que Michael Myers anda a monte. A sua única esperança reside no Dr.Loomis que regressa no intuito de avisar o Xerife Ben Meeker (Beau Starr), o substituto do entretanto reformado Leigh Brackett, sobre a ameaça, mas ao anunciarem na TV local, resulta com que os pais de família de Haddonfield se reúnam para uma caçada ao homem e linchamento. Conseguirá esta cidade sobreviver a mais uma sangrenta noite de Halloween?
Depois da fraca recepção crítica e comercial de "Halloween III - Season of the Witch" ('82) em que John Carpenter, Debra Hill e o realizador Tommy Lee Wallace introduziram um novo conceito baseado em antologias de filmes situados na noite de Halloween, mas com personagens e histórias diferentes,
Michael Myers (George P.Wilbur) |
a Universal Pictures passou os direitos de autor para uma sua subsidiária menor, Trancas International Films e o produtor executivo Moustapha Akkad na sua ganância de recuperar o filão perdido, resolveu ressuscitar os personagens Michael Myers e Dr.Sam Loomis, aparentemente mortos no final de "Halloween II - The Horror Continues" ('81), contra a vontade de Carpenter e Hill que acabaram por abandonar a franchise.
Jamie Strode-Lloyd (Danielle Harris) |
Alan B.McElroy, um fã dos dois primeiros filmes, foi o convocado para escrever a história com a direcção a cargo do ilustre desconhecido Dwight H.Little, vindo do série-B com "Bloodstone" ('88) e o resultado foi uma tentativa vã de recuperar a arrepiante atmosfera e magia dos dois primeiros filmes.
Donald Pleasence regressa como o Dr.Sam Loomis |
Apesar do orçamento ser bastante superior, o visual de "Halloween IV - The Return of Michael Myers" é barato; a direcção é tarefeira e pouco inspirada e a cinematografia parece mais indicada para um telefilme do que para uma longa-metragem que tenta invocar o espírito dos antecessores.
O trabalho de câmara é tedioso e banal e a edição de imagem é bastante sofrível em algumas sequências (num frame Michael Myers está a metros de distância da sua futura vítima, para logo a seguir aparecer ao lado da mesma);
a encenação das mortes é fraca do ponto de vista criativo e nem sequer tenta impulsionar algum interesse visual no espectador, introduzindo mais sangue ou gore, carecendo tanto nesse departamento como em suspense e criação de ambiente, factor que a obra ostraciza por completo.
Kelly Meeker (Kathleen Kinmont) |
Os lugares-comuns do "slasher", entretanto explorados à exaustão durante a década de 80, estão presentes aqui com os adolescentes sexualmente activos e promíscuos a terem um final pouco feliz às mãos de Michael Myers e a personagem recatada e virginal a escapar das mãos do alucinado psicopata para salvar a cidade.
Kathleen Kinmont dá vida a Kelly, a filha do xerife Meeker, numa dinâmica quase idêntica a Nancy Loomis como Annie e Charles Cyphers como o xerife Leigh Brackett no original, introduzindo o lado sensual à película, embora em certas versões a sua nudez parcial esteja censurada.
Rachel Carruthers (Ellie Cornell) |
A reviravolta final consegue ser o ponto mais alto de criatividade do filme, mas não é nada que um verdadeiro fã e conhecedor do universo "Halloween" não estivesse à espera.
No capítulo das performances, o veterano Donald Pleasence à beira da reforma, regressa como o Dr.Sam Loomis com uma caracterização posta à pressão na face para justificar as queimaduras sofridas durante a explosão no clímax de "Halloween II", mas não é justificado ao espectador como o mesmo conseguiu sobreviver,
assim como o próprio Michael Myers, só que devido à aura sobrenatural que envolve o personagem se aplicada a suspensão da descrença, consegue-se aceitar o facto.
Danielle Harris (a futura filha de Bruce Willis em "The Last Boy Scout" de '91) estreia-se em cinema na pele de Jamie Strode-Lloyd, filha da personagem Laurie Strode dos dois primeiros filmes, que foi baptizada de Jamie em homenagem a Jamie Lee Curtis.
Ellie Cornell é competente como a adolescente Rachel Carruthers, bastante protectora da irmã adoptada, mas em modo algum consegue fazer esquecer, no seu papel de enchimento, Jamie Lee. George P.Wilbur sucede a Dick Warlock e Nick Castle, no papel do assassino em série silencioso Michael Myers, numa das piores rendições ao personagem de toda a franchise.
Alan Howarth, que assistiu John Carpenter no emblemático tema de "Halloween II", assina a composição das variantes, embora o tema principal permaneça no filme em algumas sequências.
"Halloween IV - The Return of Michael Myers" estreou em '88 com críticas essencialmente negativas, mas facturou o suficiente em bilheteiras por parte dos fãs ávidos pelo regresso do seu psicopata favorito que deu origem a uma sequela directa estreada logo no ano seguir: "Halloween V - The Revenge of Michael Myers" ('89).
Em suma, este é um pouco imaginativo "slasher" que desaparece se comparado com a mestria da obra-prima original ou a sua excelente segunda parte, e tendo sido produzido para um público mais vasto, o nível de violência é tão contido que acaba por nem aprazer a verdadeiros fãs do sub-género. Recomendado somente para coleccionistas da franchise ou como filme a ver para se passar o tempo...
Género: Horror / Acção.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 88 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Z0AnW9gMC18
Classificação: 5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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