Na pequena povoação de Midwich, no interior Norte de Inglaterra, todos os habitantes e animais caiem numa letargia profunda durante o dia, ficando a aldeia incomunicável do mundo exterior. O exército alertado por Alan Bernard (Michael Gwynn), familiar do casal Zellaby que vive na aldeia, estabelece um perímetro de segurança, pois quem o ultrapasse sofre do mesmo destino dos demais. Ao fim de umas horas, todos despertam aparentemente bem e o estranho fenómeno conhecido pelo "apagão" fica com a causa por determinar. Dois meses depois, todas as mulheres de Midwich descobrem estar grávidas, incluindo Anthea (Barbara Shelley), mulher do Prof.Gordon Zellaby (George Sanders) e a adolescente Evelyn Harrington (Sarah Long), que sendo virgem é inacreditável a concepção de um feto, dando todas à luz no mesmo dia crianças com um couro cabeludo e textura do cabelo fora do vulgar e em tom platinado, olhos marcantes e unhas peculiares.
À medida que crescem revelam uma inteligência sobredotada, ligando-se telepaticamente uns com os outros, andando sempre em grupo e capazes de actos cruéis dando uso do poder da mente se a sua espécie se sentir ameaçada.
George Sanders como o Prof.Gordon Zellaby |
As autoridades competentes pretendem destruir a potencial ameaça, mas o Prof.Zellaby convence-os a darem-lhe 1 ano de modo a que possa estudar e controlar o grupo de crianças, mas a audaciosa tarefa poderá ser catastrófica para a aldeia...
Thriller de ficção científica e horror, dirigido pelo alemão Wolf Rilla segundo o próprio guião co-escrito por George Barclay e Stirling Silliphant, fielmente baseado na novela de John Wyndham, "The Midwich Cuckoos" lançada em '57,
"Village of the Damned" é um supremo clássico do cinema inglês detentor de uma atmosfera inquietante e uma excelente encenação e sobretudo de uma soberba direcção de actores, encabeçada pelo subestimado George Sanders ("The Picture of Dorian Gray" de '45 e o vencedor de 1 Oscar para Melhor Actor Secundário por "All About Eve" de '50)
Martin Stephens como David Zellaby |
e destacando-se a criança-actor Martin Stephens na pele do pequeno David Zellaby, numa assombrosa e memorável performance secundária.
Alan Bernard (Michael Gwynn) |
O argumento é deveras inteligente e direito ao assunto, incutindo a sensação de paranóia ao estilo de ficção científica, auxiliado pelo recurso ao taciturno trabalho de câmara e uma melancólica cinematografia a preto e branco que constroem o clima arrepiante desejado na pequena povoação isolada a braços com uma perigosa ameaça interna.
Wolf Rilla foge ao habitual sentido de humor colocado muitas vezes gratuitamente para amenizar o ambiente pesado de uma obra deste género, mantendo o filme sério, objectivo e subtilmente, horrífico tornando-o uma fascinante experiência a viver.
James Pawle (Thomas Heathcote) |
O ritmo é um crescendo de suspense e de pavor, à medida que os pacatos habitantes da aldeia se apercebem que estas crianças estão propensas ao Mal e que pretendem se multiplicar por diversas colónias pelo Mundo a fora, como se uma nova civilização mais avançada chegasse à Terra para destronar o homem como o ser vivo dominante.
Filmada a baixo orçamento, esta obra faz um excelente uso do dinheiro envolvido, provando que com a visão certa e rigor na direcção de todo o conjunto, um "pequeno" filme poderá chegar ao topo do género em qualidade.
Infelizmente, "Village of the Damned" estreou no mesmo ano do espectacular thriller psicológico de Alfred Hitchcock, "Psycho" tornando-se ofuscado pelo mesmo, e apesar das críticas bastante positivas nos dois lados do Atlântico, só mais tarde conseguiu chegar ao estatuto de clássico intemporal que detém hoje em dia,
mas tendo facturado o suficiente nas bilheteiras, deu-lhe o direito a uma sequela (não oficial) estreada em '64, "Children of the Damned" e a um remake homónimo do Mestre do Suspense, John Carpenter produzido em '95.
Em suma, "Village of the Damned" é um extraordinário filme repleto de tensão, com uma das mais originais histórias dentro do género alguma vez transpostas para cinema e usufruindo de um rol de performances efectivas e em completa sintonia com a sinistralidade da atmosfera. É incompreensível porque Wolf Rilla não aspirou a uma carreira mais prolífera, porque certamente foi um director talentoso e em total controlo sobre a tonalidade da obra, pois contar uma história desta envergadura nos escassos 77 minutos de duração e sair-se vitorioso, não é tarefa para qualquer um. Altamente recomendado!!!
Género: Mistério / Thriller / Ficção Científica / Horror.
Fotografia: Preto e Branco.
País: Inglaterra.
Duração: 77 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=YqlozoXVxYM
Classificação: 9/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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