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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Dry White Season (1989)

"Assassinato Sob Custódia" de Euzhan Palcy com Donald Sutherland, Janet Suzman, Zakes Mokae, Jurgen Prochnow, Winston Ntshona, Thoko Ntshinga, Susannah Harker, Rowen Elms, Michael Gambon, Susan Sarandon & Marlon Brando.

1976. Durante o Apartheid na África do Sul, Ben Du Toit (Donald Sutherland) é um "boer" professor de literatura, casado com Susan (Janet Suzman) e com dois filhos, Suzette (Susannah Harker) e o pequeno Johan (Rowen Elms), vivendo à margem da luta que os "kaffir", os negros nativos, travam contra os opressores. Quando durante uma manifestação que ficou conhecida como os motins de Soweto, a polícia captura o filho de Gordon Ngubene (Winston Ntshona), o fiel jardineiro dos Du Toit, e este aparece morto pós-interrogatório, o pai inicia uma luta pessoal para reaver o corpo do filho, acabando por lhe custar também a vida. Ben desperta assim para a crueldade e injustiça praticada diariamente pela Lei vigente contra os nativos, associando-se a Stanley Makhaya (Zakes Mokae), um reaccionário local e a uma ousada jornalista Melanie Bruwer (Susan Sarandon) para contratar um conhecido advogado de luta pelos Direitos Humanos, Ian McKenzie (Marlon Brando) para representar Emily Ngubene (Thoko Ntshinga), a viúva do jardineiro, em Tribunal numa acção contra a polícia. Abandonado pela própria família, tendo apenas o filho mais novo do seu lado, Ben Du Toit inicia assim uma batalha contra o sistema que lhe poderá custar a vida...



Ben Du Toit (Donald Sutherland) & Stanley Makhaya (Zakes Mokae)

Primeira longa-metragem de uma realizadora negra para um grande Estúdio e tendo sido o último filme anti-apartheid estreado estando Nelson Mandela ainda na prisão, "A Dry White Season" é um drama social cuja temática de luta pelos direitos humanos seduziu diversas caras conhecidas de Hollywood como Donald Sutherland, que assume sobriamente a protagonização; 



Melanie Bruwer (Susan Sarandon)

Susan Sarandon, na pele da jornalista disposta a tudo para contar a verdade ao Mundo e o lendário Marlon Brando, que saiu do retiro de após mais de 10 anos sem filmar e aceitando trabalhar em pagamento sobre escala








Ian McKenzie (Marlon Brando)

(facto inédito na filmografia do actor, que desde os anos 70 ficou conhecido por exigir somas exorbitantes aos produtores para dar a cara num filme, mesmo sendo somente num cameo como foi o caso de "Superman - The Movie" de '78 e ainda "Apocalypse Now" de '79 ou "The Freshman" de '90) devido à forte mensagem do filme. 




O argumento da própria Euzhan Palcy em parceria com Colin Welland, baseado na novela de André Brink poderá parecer demasiado parcial, mas subtilmente os escritores introduzem um reverso da situação, atrevendo-se a insinuar num filme expressamente anti-apartheid, que o racismo poderá não escolher só uma cor, 




Susan Du Toit (Janet Suzman)

através de uma grande sequência brilhantemente actuada por Janet Suzman quando esta enfrenta o marido Donald Sutherland, imerso na sua batalha pela justiça, que este terá de escolher um lado na Guerra, pois encontra-se em "Terra de Ninguém" e isso poderá lhe custar carreira, a família e a própria vida.





A direcção de Euzhan Palcy é realista e competente para a sua primeira película de relevo, mas em alguns actores que compõem os "kaffir" nativos, é notório um certo amadorismo que necessitava de um polimento na direcção de actores para fazer sobressair as agonias, medos e sentimentos gerais dos seus personagens. Contudo, o "character actor" sul-africano Zakes Mokae, que fez carreira como secundário nos E.U.A., salva o conjunto na sua inspirada performance como Stanley, o braço-direito "kaffir" de Ben Du Toit. 



Capitão Stolz (Jurgen Prochnow)

Jurgen Prochnow (mais conhecido do grande público pelo seu papel do vilão Max Dent de "Beverly Hills Cop II" de '87) é o intimidante e facínora Capitão Stolz, um papel que o actor alemão desempenha sem grande esforço.







O Magistrado (Michael Gambon) & Brando


Marlon Brando, apesar de somente aparecer em duas sequências, deixou um nível de impressão tão forte (mas haverá um filme em que não deixe?) como o espirituoso advogado que regressa aos Tribunais apesar de já não crer na justiça na África do Sul, 








que acabou sendo nomeado para o Oscar de Melhor Actor Secundário, perdendo ironicamente para outro defensor dos Direitos Civis: Denzel Washington em "Glory" ('89). Brando foi também nomeado para o Golden Globe e um BAFTA, entre outros, pelo seu desempenho.





Em suma, "A Dry White Season" é um filme histórico que vale sempre a pena ser visionado na íntegra. O III Acto tende a parecer um pouco "espremido", fruto de diversas cenas cortadas por motivos de tempo e ritmo, e termina algo bruscamente, mas mesmo assim é uma obra interessante a descobrir pelo seu realismo e conteúdo 






e sobretudo pelas grandes performances de alguns dos actores envolvidos que apenas carece das poucas intervenções de Sarandon e Brando que viram, muito provavelmente, grande parte das suas cenas omitidas da montagem final.






Género: Drama / História / Thriller. 

Fotografia: Côr.

País: E.U.A.

Duração: 97 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=eYy14PwAQuw

Classificação: 7.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.







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