Dexter Cornell (Dennis Quaid) é um professor de literatura inglesa numa Universidade do Texas, ex-escritor de sucesso que desistiu de publicar, estando à beira do divórcio da sua esposa Gail (Jane Kaczmarek). Um dos seus alunos, Nicholas Lang (Robert Knepper) aborda-o sobre um romance que escreveu, esperando ansioso pela opinião pessoal do seu ídolo, mas durante a mesma tarde o estudante morre, aparentemente por suicídio. Seguindo o conselho do seu colega professor Hal (Daniel Stern), Dex saí à noite para relaxar acabando por se envolver com Sydney Fuller (Meg Ryan), uma das suas alunas e quando acorda no dia seguinte, com fortes dores de estômago e cheio de tonturas, pensa ter algo mais do que uma simples ressaca e após efectuar exames hospitalares, informam-no de que foi envenenado e tem somente mais 48 horas de vida. Desesperado, recorre à sua ex-mulher mas acaba por testemunhar o assassinato da mesma por um homem encapuçado, tornando-se o principal suspeito da polícia. Sozinho, desamparado e com a saúde a deteriorar-se a cada hora que passa, só lhe resta procurar a jovem Sydney para ambos reconstituírem passo a passo a noite anterior, na ânsia de descobrir uma pista de quem o assassinou...
Dennis Quaid é o Professor Dexter Cornell |
Adaptação livre do clássico film noir homónimo de '50 com Edmond O'Brien, segundo um guião de Charles Edward Pogue e a estreia na realização do casal Annabel Jankel & Rocky Morton ("Super Mario Bros." de '93) que junta novamente o também casal Dennis Quaid e Meg Ryan depois de "Innerspace" do ano anterior,
Meg Ryan é Sydney Fuller |
"D.O.A." é um thriller de mistério e crime dando um clima neo noir ao ambiente sofisticado dos anos 80, em que este filme se move.
Se visualmente o filme é elegante e refinado, a encenação do mesmo deixa imenso a desejar, com os realizadores a incidirem demasiado no estilo videoclip e numa banda sonora inapropriada para o ambiente negro que pretendem criar.
O trabalho de câmara pretende ser inventivo e dinâmico, mas acaba por ser mais provocador e pedante do que necessário para as sequências em questão.
Contudo, a cinematografia é interessante intercalando o preto e branco com a côr, simulando o estado físico e psicológico do protagonista a deteriorar-se com o veneno no organismo.
Cookie Fitzwaring (Robin Johnson) |
O guião é inverosímil q.b., com diversas pequenas histórias (que não vão a lado nenhum) a decorrerem ao mesmo tempo e reviravoltas demasiado rebuscadas que só contribuem para a incongruência do mesmo, provocando o desinteresse no espectador.
O clímax é completamente anti-climático e ridículo mesmo aplicando a suspensão da descrença, quase ofendendo quem depositou esperança pelo visual requintado da obra.
Dennis Quaid assume a protagonização, carregando o filme nos ombros com um look suado e virado do avesso, demasiado idêntico a Mickey Rourke no excelente thriller neo-noir "Angel Heart" ('87) e com a aquisição de Charlotte Rampling e certos artifícios da trama a soarem a algo idênticos, poderá ter sido o clássico de Alan Parker a reinventar um sub-género e inspirar este parcial remake.
Meg Ryan, aparenta ter-se juntado à produção por imposição ou fidelidade aos projectos do marido, pois além de nos entregar uma das suas piores performances de sempre, a sua personagem não tem interesse relevante nenhum ao enredo ficando, inclusive, bastante aquém de uma participação memorável, excepto pela beleza doce e o corpo em forma da actriz no seu auge.
Daniel Stern é Hal Petersham |
O grande elenco secundário composto pela sempre misteriosa e deslumbrante Charlotte Rampling, Daniel Stern ("Diner" de '82) ou Brion James ("48 Hrs." de '82) é completamente desperdiçado pelo pouco uso dado aos seus personagens.
Charlotte Rampling é Mrs.Fitzwaring |
Em suma, "D.O.A." é a prova viva que um visual apelativo não faz um filme, se o mesmo carecer de tudo o resto.
O enredo embora queira parecer profundo, na realidade é um apanhado de diversas situações já vistas, umas compiladas do filme original, outras retiradas de outros film noir da altura e outras acrescentadas pelo guionista, editadas em montagem rápida,
Jane Kaczmarek é Gail Cornell |
atirando com especulações, acusações, soluções em que o espectador ainda não se recuperou de uma reviravolta gratuita, já está imerso noutra,
e o resultado final acaba por ser tão banal que a própria personagem de Dennis Quaid, quando confrontado pelas motivações que levarem o assassino a cometer os crimes, o comenta através de uma célebre frase que resume na íntegra a trapalhada que foi o argumento deste "D.O.A."
Género: Crime / Thriller / Mistério.
Fotografia: Preto e Branco / Côr.
País: E.U.A.
Duração: 96 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=3LuZZetkr7E
Classificação: 6.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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