Jessie McMullen (Sean Connery) é um viúvo escocês emigrado na América desde os anos 40. Patife de bom coração, durão conhecedor de todos os esquemas nas ruas e tendo tido desde sempre diversos problemas com a Lei, orgulha-se do seu modo de vida como ex-criminoso. O seu filho Vito (Dustin Hoffman), de herança siciliana por parte da mãe, foi criado à sua imagem, tendo mudado radicalmente de vida após o casamento com Elaine (Rosanna DeSoto) de descendência judaica que lhe deu o único filho, Adam (Matthew Broderick), o orgulho dos pais. Vito, que trabalha no negócio de carnes, pretende que Adam use a sua extraordinária inteligência investindo na educação para poder ter uma vida que Jessie nunca lhe pode proporcionar, mas os planos vão por água abaixo quando o filho lhes anuncia que desistiu do curso, propondo antes um mirabolante plano de arrombamento e roubo ao pai e ao avô que lhes poderá render 1 milhão de dólares, no sentido de dar continuidade ao "negócio da família"...
Sean Connery como Jessie McMullen |
Dirigido pelo veterano Sidney Lumet ("Dog Day Afternoon" de '75 ou "Network" de '76) baseado na novela de Vincent Patrick (autor do excelente "The Pope of Greenwich Village" que teve a sua adaptação cinematográfica 5 anos antes) que também escreveu o guião,
"Family Business" é uma comédia dramática de crime em jeito de farsa, tendo a bela Nova Iorque como pano de fundo como é habitual em grande parte do cinema de Lumet.
Dustin Hoffman como Vito McMullen |
Juntando um dos seus actores de eleição Sean Connery (que já colaborara com Lumet em "The Hill" de '65 ou "Murder on the Orient Express" de '74 entre outros), recém-vencedor do Oscar para Melhor Actor Secundário pelo "The Untouchables" ('87);
Matthew Broderick como Adam McMullen |
Dustin Hoffman que gozava do êxito estrondoso de público e crítica pelo "Rain Man" ('88) que acabaria por lhe dar o segundo Oscar e Matthew Broderick, o jovem actor de maior sucesso da altura vindo de "Ferris Bueller's Day Off" ('86) e "Biloxi Blues" ('88)
aumentou a fasquia sobre o filme, acabando por o resultado final ter sido arrasado pela crítica e sofrido por isso nas bilheteiras, tendo encontrado o sucesso mais tarde em vídeo.
De certo que "Family Business" não é um dos pontos mais altos da carreira de um dos mais conceituados directores americanos, mas é de certeza um dos mais divertidos.
A polémica escolha do elenco que por um lado interessou o público, por outro tornou a história algo inverosímil com Sean Connery aos 58 anos de idade interpretar o pai de um Dustin Hoffman de 51 de descendência judaica que interpreta aqui um parte-siciliano, parte-escocês casado com a mexicana Rosanna DeSoto que desempenha uma judia
e o resultado de tantas misturas raciais é... Matthew Broderick que com o seu "all american look" parece mais do que deslocado na família (e sendo somente 12 anos mais novo que a sua "mãe" no filme),
mas se usada a "suspensão da descrença" pelo espectador aliado às inspiradas performances do trio principal (especialmente Connery), "Family Business" pode ser visto como um despretensioso filme de entretenimento que cumpre com todos os requisitos do género.
O ritmo é enérgico e sem tempos mortos, mantendo o espectador sempre interessado; a cinematografia de Andrzej Bartkowiak capta o espírito do submundo da West Village com um toque de classe e elegância e a encenação quase teatral de Lumet enriquece a obra com o peso e a química dos trio de actores principais,
que apesar de não serem credíveis como parte de uma mesma família, resultam bastante bem contracenando no ecrã com todo o filme a girar em torno dessa mesma relação.
O argumento de Vincent Patrick, que à partida poderá parecer vulgar, é perspicaz no estudo das relações que ligam os personagens do filme, sendo recheado de bons diálogos repletos de gíria das ruas e um punhado de deixas não intencionalmente hilariantes proferidas por Connery num dos seus melhores desempenhos dos 80's.
"Family Business", e mesmo não estando à altura da genialidade do "The Pope of Greenwich Village" ('84), é um filme bastante subestimado e talvez incompreendido, pois o objectivo de Lumet não era o de se levar esta obra totalmente a sério, mas sim como uma farsa sobre uma família de escroques que só se consegue unir emocionalmente agindo à margem da Lei. E para quem possa duvidar disso, a agradável e vivaz trilha sonora de Cy Coleman estabelece o tom do filme.
Género: Comédia / Crime / Drama.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 110 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=lTAMdyVTk_A
Classificação: 7.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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