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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

La leggenda del santo bevitore (1988)

"A Lenda do Santo Bebedor" de Ermmano Olmi com Rutger Hauer, Sandrine Dumas, Dominique Pinon, Sophie Segalen, Jean-Maurice Chanet, Cécile Paoli, Dalila Belatreche & Anthony Quayle.

Em Paris, um distinto cavalheiro (Anthony Quayle) dirige-se a um alcoólico sem-abrigo, Andreas Kartak (Rutger Hauer) que vive debaixo da ponte e oferece-lhe 200 francos em dinheiro em troca de Andreas quando puder, retribuir depositando a mesma quantia numa Igreja local. Apesar do estado decadente em que actualmente se encontra, Andreas é um homem digno e honrado e depois do estranho encontro, a sua vida começa a mudar para melhor através de uma série de encontros fortuitos com amigos do passado, mas que parecem querer desviá-lo de cumprir a sua promessa...











Andreas Kartak (Rutger Hauer)

Numa altura em que o actor holandês Rutger Hauer fazia carreira nos E.U.A. como estrela de filmes de acção como "The Hitcher" ('86) ou "Wanted: Dead or Alive" ('87) depois do sucesso do seu memorável papel como o vilão replicant Roy Batty no clássico de culto de Ridley Scott, "Blade Runner" ('82),






este tomou a decisão arriscada de participar num pequeno filme europeu co-produção entre a Itália e a França interpretando um sem-abrigo itinerante que vive para a próxima taça de vinho no bar da esquina.










Dirigido pelo veterano cineasta italiano Ermmano Olmi, baseado na novela escrita em '39 pelo novelista austríaco Joseph Roth, "The Legend of the Holy Drinker" (título internacional) é um drama espiritual sobre a demanda de um homem que apesar de atravessar tempos difíceis, resta-lhe a honra e a dignidade como código sobre o qual rigorosamente vive. 





A história é-nos apresentada como uma peça teatral mundana e realista, em que acompanhamos o dia-a-dia do protagonista e todas as situações (algumas caricatas) em que se vê metido no percurso de ir cumprir a promessa feita a quem acreditou nele. 





Olmi, auxiliado pela soberba cinematografia do conceituado Dante Spinotti, opta por filmar Paris durante o Inverno, numa altura incerta enaltecendo assim a aura de mistério na fronteira do real com o irreal que embala em pálidos contornos todo o ambiente da obra.





A história é simples, mas cativante do modo como nos é contada e apesar do ritmo algo inerte, arrastado e demasiado descritivo, característico do cinema "artsy" europeu, as diversas surpresas injectadas na trama, captam por completo a atenção do espectador, seduzido pelo mundo decadente, porém interessante do protagonista. 





Rutger Hauer tem aqui um dos melhores desempenhos da sua carreira, carregando o filme nos ombros como o sôfrego alcoólico sem-abrigo, fugindo do próprio passado, penando pelo presente numa demanda de encontrar a sua paz espiritual.





Karoline (Sophie Segalen)

A performance é assombrosa: o seu lado demasiado sensível que o leva a uma inocência quase infantil, aliado a uma conduta digna apesar de vagabundo errante com os constantes flashbacks a darem as pistas necessárias ao espectador sobre o seu passado, levando a diversas situações comoventes ao longo da sua jornada.




Gaby (Sandrine Dumas)

A riqueza do desempenho de Hauer deve-se em muito à sólida caracterização presente do guião e à excelente direcção do realizador. O elenco secundário em pequenos papéis é bastante competente, ocupando de modo efectivo os seus lugares na trama destacando-se a bela actriz francesa Sandrine Dumas como a dançarina de Casino que Hauer encontra na pensão; 





o "character actor" Dominique Pinon ("Delicatessen" de '91) como o seu antigo colega de trabalho e o veterano actor inglês Anthony Quayle ("The Guns of Navarone" de '61) na pele do distinto cavalheiro, aqui num dos seus últimos desempenhos antes de nos deixar em '89.





Em suma, "The Legend of the Holy Drinker" é um conto simples e terno que se torna complexo perante todos os desafios morais apresentados na demanda de Hauer de cumprir a promessa feita a um bondoso estranho, que mais não é que a busca pela sua própria redenção. 





Não sendo um filme para todos, especialmente para fãs do cinema de acção e entretenimento habituais deste actor, é um tesouro escondido no meio de toda a filmografia de Rutger Hauer nos anos 80. Esta sua performance podia tê-lo levado a voos mais altos (e completamente merecidos), 





mas o filme foi completamente marginalizado nos E.U.A., apesar de premiado em diversos festivais europeus, perdendo-se assim um auspicioso Rutger Hauer como um dos melhores actores dramáticos da sua geração, para um Rutger Hauer, herói da acção e de ficção científica, rei do trash série-B directo para vídeo no qual se tornou a sua carreira a partir de início dos anos 90...



Género: Drama. 

Fotografia: Côr.

País: Itália / França.

Duração: 127 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=40W655AnIWU

Classificação: 8.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.

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