Recém-saída de uma clínica psiquiátrica depois da morte acidental do seu bebé, a jovem Cynthia (Sarah Torgov) é levada pelo seu marido Jeff (Mark Erickson) e um grupo de amigos numa avioneta particular para visitarem a ilha aonde passaram a lua-de-mel no sentido de a ajudar na recuperação. A meio caminho, o motor começa a dar problemas e param, forçadamente, numa ilha inóspita para resolverem o problema. Após acamparem a primeira noite e constatando que a avaria é grave, resolvem explorar a ilha no intuito de pedirem ajuda. Encontram uma velha casa de estilo clássico habitada por um excêntrico e rígido casal que se tratam mutuamente por Ma (Yvonne De Carlo) e Pa (Rod Steiger) e cujos descendentes aparentam ter sérios problemas de personalidade. O que de início parecia a hospitalidade perfeita numa ilha que julgavam desabitada, acaba numa corrida pela sobrevivência quando o grupo de jovens começam a desaparecer um por um...
Estranha, mas inspirada obra de terror do realizador inglês experiente no género, John Hough ("The Legend of Hell House" de '73) segundo o argumento de Burt Wetanson e Michael Vines que se inspiraram na célebre pintura do estilo gótico rural de Grant Wood denominada "American Gothic" que deu origem ao título ao filme.
Começando como um típico "slasher" das centenas estreados no apogeu deste sub-género durante os anos 80, o filme vai mais longe através do arrepiante ambiente de isolamento e mistério que o director cria com auxílio de uma boa cinematografia, guarda-roupa e cenários bastante invulgares para uma obra de baixo orçamento.
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| Pa (Rod Steiger) |
Entrando nos domínios do horror gótico e com um clima de paranóia perante o desconhecido que invoca o magistral "The Wicker Man" ('73) e com doses de situações bizarras e personagens grotescos, "American Ghotic" cumpre nas suas pretensões captando o interesse do espectador até ao seu desfecho.
Os veteranos e malogrados actores Rod Steiger (vencedor de um Oscar por "In the Heat of the Night" de '67) e Yvonne De Carlo (a célebre Lily Munster da famosa série de TV dos anos 60, "The Munsters") estão bastante convincentes na pele do excêntrico casal,
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| Ma (Yvonne De Carlo) |
especialmente De Carlo que compõe o seu personagem misto da boa samaritana religiosa e assassina impiedosa no tom perfeito ao contrário de Steiger que, como se tornou habitual na sua carreira pós-Oscar, deixa-se por vezes ir demasiado ao ponto do exagero quase ridículo, mesmo para a fasquia deste género de cinema.
Janet Wright como Fanny, a filha mais velha, cria uma das personagens mais inocentes, mas alucinadas e assustadoras já vista num filme deste tipo (Sheri Moon Zombie veio, obviamente, roubar aqui a ideia para compor a sua Baby nos dois primeiros filmes do marido Rob Zombie)
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| Fanny (Janet Wright) |
e Michael J.Pollard (nomeado para o Oscar de Melhor Actor Secundário por "Bonnie & Clyde" de '67), actor-cabotino que mais uma vez desempenha um personagem estranho e retardado que lhe encaixa como uma luva.
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| Cynthia (Sarah Torgov) |
O elenco jovem, e embora nada memorável, cumpre para um "slasher" com a protagonista Sarah Torgov a desafiar o cúmulo do exagero caricatural, mas dando o charme "cheesy" necessário a uma obra que por vezes se torna demasiado sombria e inquietante.
Ao contrário dos usuais filmes de série-B deste sub-género, "American Gothic" preocupa-se em dar o devido desenvolvimento e personalidade aos personagens para que de facto os possamos amar ou odiar consoante os seus actos.
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Em suma, "American Gothic" é um grande filme de terror, mas que não tendo nenhum sub-género definido, foi por isso catalogado como mais um "slasher" passando despercebido na altura de estreia e nos dias de hoje, sendo bastante raro de o encontrar, é completamente desconhecido da maioria das audiências.
E é uma pena porque merece ser redescoberto.
Género: Horror / Mistério.
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Fotografia: Côr.
País: Canadá / Reino Unido.
Duração: 90 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=187BcDcQS3Q
Classificação: 8/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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