Na pequena cidade de Galen na Nova Inglaterra, um jovem adolescente Tim (Duncan McIntosh) tem pesadelos recorrentes sobre uma câmara de tortura aonde uma jovem é brutalmente violada por membros de um culto. Ao mesmo tempo, estranhos assassinatos resultado de bárbaras violações começam a assolar a pacata comunidade. O médico-legista recém-chegado Sam Cordell (John Cassavetes), pai da jovem Jenny (Erin Flannery) com quem tem uma relação dúbia, une-se ao velho xerife local Hank Walden (John Ireland) na investigação dos mesmos que parecem estar ligados aos pesadelos de Tim. Entretanto outras pessoas do meio como Laura Kincaid (Kerrie Keane), uma jornalista que escreve sobre os crimes e a septuagenária Agatha Galen (Helen Hughes), avó de Tim e descendente dos puritanos fundadores da cidade, parecem saber mais do que aquilo que aparentam. Serão os misteriosos crimes obra do oculto ou andará algum assassino de carne e osso à solta?
Dirigido pelo realizador inglês à vontade no género de horror, John Hough ("The Legend of Hell House" de '73 ou "The Watcher in the Woods" de '80), "Incubus" é um thriller de horror gótico e sobrenatural abraçando o sub-género "slasher" com uma premise algo similar a "Deadly Blessing" de Wes Craven estreado mais ou menos na mesma altura.
A casa dos Galen |
Hough é um cineasta bastante competente em criar ambientes sinistros de atmosfera em fronteira do real com o surreal com a tensão crescente no ecrã embebida num clima de mistério e "Incubus" não foge à regra.
A violação na biblioteca |
Detentor de uns criativos planos de câmara e boas encenações dos assassinatos, embora de violência mais sugerida do que mostrada e uma cinematografia em Technicolor repleta do acentuado uso de cores quentes invocando os clássicos de horror gótico da Hammer,
Dr.Sam Cordell (John Cassavetes) investiga |
"Incubus" é um filme que tinha tudo para se tornar um clássico do género, mas infelizmente o filme não vive para as suas expectativas.
Os estranhos pesadelos |
A maior falha reside no argumento de George Franklin, adaptado da aterradora novela de Ray Russell, recheado de pontas soltas e pequenas histórias que não vão a lado nenhum excepto para introduzir de modo gratuito bodes expiatórios na trama,
tornando-as assim sem sentido algum, como a relação incestuosa entre pai e filha que nos é sugerida nos primeiros minutos, mas não sendo desenvolvida e explicada se realmente a há ou não ou qual o seu interesse para a história em si,
assim como a história de fundo do Dr.Cordell que se anuncia importante para a resolução do mistério até ao II Acto, para ser completamente esquecida e ignorada no resto do filme.
Os diálogos na sua maioria são terríveis e a direcção de actores deixa imenso a desejar, com os veteranos John Cassavetes a repetir o estigma de personagem enigmático do seu Guy Woodhouse de "Rosemary's Baby" ('68), tentando por tudo dar a credibilidade necessária ao seu conturbado doutor
Cordell, Walden (John Ireland) & Laura (Kerrie Keane) |
e John Ireland, completamente desperdiçado no seu enfadonho desempenho do Xerife que em certas cenas, nem sabe como reagir perante o material dado.
Tim (Duncan McIntosh) |
Os jovens actores são na sua maioria, maus e pouco memoráveis em cena. Destaque para Helen Hughes que está muito bem como a sombria Agatha Galen, dando o toque de classe e mistério essencial à narrativa.
Outro dos grandes problemas foi a escolha de certas localizações, se algumas são perfeitas e aprimoram o clima do conjunto, como a cena inicial no lago, outras são completamente fora do contexto
a visão de ruas largas e movimentadas e prédios gigantescos numa suposta pequena cidade como o filme nos indica, prejudicando assim o "small town vibe" isolada do mundo, essencial para a credibilidade da história.
Cameo do cantor Bruce Dickinson |
Destaque para o cameo da banda de metal inglesa Samson, aqui com Bruce Dickinson cerca de 1 ano antes de se ter juntado aos conterrâneos Iron Maiden.
A banda de metal inglesa, Samson |
Em suma, "Incubus" é um daqueles casos de um filme que poderia ter sido bastante melhor dada a sua premise e a novela em que foi baseado, se o argumento e a direcção de actores fossem melhor trabalhados, porque tudo o resto funciona pela positiva.
Rumores de que o também realizador John Cassavetes, inovador do cinema "verité" assumiu a direcção de certas cenas contrastando com o estilo mais clássico de Hough pode ter ajudado ao desequilíbrio do conjunto.
Resta-nos porém desfrutar do excelente ambiente surrealista criado, que salva por completo esta obra da mediocridade assombrando-nos visualmente, muito devido à cinematografia de Albert J.Dunk.
Fãs e coleccionistas de horror gótico e / ou "slashers" dos anos 80 poderão querer visionar esta obra que mesmo não sendo uma das suas maiores adesões, também certamente não a envergonha e em relação a todo o cinema de terror feito a partir dos anos 90, é ouro sobre azul.
Género: Thriller / Horror.
Fotografia: Côr.
País: Canadá.
Duração: 93 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=rdOSFmj-FJE
Classificação: 7/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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