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segunda-feira, 20 de maio de 2013

La casa sperduta nel parco (1980)

"A Casa no Fim do Parque" de Ruggero Deodato com David A.Hess, Annie Belle, Christian Borromeo, Giovanni Lombardo Radice, Marie Claude Joseph, Gabriele Di Giulio, Brigitte Petronio, Karoline Mardek & Lorraine De Selle.

Alex (David A.Hess) é um mecânico psicopata que viola e mata uma mulher perto de um parque durante a noite. No dia seguinte, um jovem casal de "yuppies" ricos: Tom (Christian Borromeo) e a elegante Lisa (Annie Belle) param na sua oficina devido a um problema no carro. Enquanto o colega de Alex, Ricky (Giovanni Lombardo Radice) que tem um pequeno atraso, concerta o carro, Lisa comenta que vão para uma festa privada na vivenda luxuosa de uns amigos a que ambos os mecânicos se fazem convidados. Ao chegarem deparam-se com um grupo "kitch" constituído pela excêntrica Glenda (Marie Claude Joseph), o arrogante Howard (Gabriele Di Giulio) e a bela Gloria (Lorraine De Selle) por quem Ricky desenvolve uma atracção imediata. Enquanto o grupo snob se diverte a zombar da deficiência de Ricky e a devassa Lisa provoca Alex, o seu lado psicótico vem à tona iniciando assim uma noite de tortura, humilhação e violação aos seus anfitriões, mantendo-os como reféns na sua própria casa...




Pela mão do Mestre do Choque italiano, Ruggero Deodato, realizador do infâme "Cannibal Holocaust" que estreou no mesmo ano, "La casa sperduta nel parco" é um thriller recheado de violência física e psicológica na linha do cinema extremo da "exploitation" que teve o seu "boom" durante a década do liberalismo nos anos 70.


O primeiro crime


Críticos apontam-no como a versão "trashy" italiana do primeiro filme de Wes Craven "The Last House on the Left" ('72), sobretudo porque o actor principal David A.Hess interpreta praticamente aqui 






Alex (David A.Hess) & Lisa (Annie Belle)




o mesmo papel que no citado, mas esta obra de Deodato ultrapassa a sua principal influência entregando-nos um filme mais conciso, mais violento e visualmente muito mais impressionante.






A chegada à festa




Como um maestro, o realizador conduz a tensão presente num clima de puro horror devido ao lado realista da situação, em que seguimos o alucinado Alex na sua demanda de confronto com os seus reféns, 







que resultam em actos desprezíveis de humilhação e espancamento, de sadismo e violação e do controle mental sobre os mais fracos quando mexendo com a cabeça do desequilibrado Ricky, incita-o a que se junte a ele. 





Reféns...



Certas cenas podem ferir a sensibilidade dos mais fracos, sobretudo se visto na sua versão "uncut" e apesar de ser mais leve que "Cannibal Holocaust" devido à inexistência de gore, 








o clima pesado e arrastado; a atmosfera claustrofóbica e assustadora de que poderia acontecer na realidade; o explícito da tortura infligida, especialmente às mulheres e as cenas de nudez e sexo que entram directamente para uma classificação X-rated de "soft-core" 






Tom (Christian Borromeo)

fazem de "La casa sperduta nel parco" um dos supremos filmes-de-culto de um cinema extremo sistematicamente incompreendido e condenado pela crítica especializada, mas um fenómeno dentro das obras obscuras da sub-cultura do "grindhouse".







O elenco é repleto de caras conhecidas deste género de cinema, interpretando convincentemente os seus personagens, destacando-se David A.Hess como o sórdido e execrável Alex, papel que domina como uma luva e que se tornou o seu estereotipo; 






as belas actrizes vindas do cinema erótico Annie Belle e Brigitte Petronio; Lorraine De Selle (Umberto Lenzi's "Cannibal Ferox" de '81); Christian Borromeo (Dario Argento's "Tenebrae" de '82) 







Ricky (Giovanni Lombardo Radice)



e especialmente, Giovanni Lombardo Radice ("Paura nella città dei morti viventi" de '80 e "Cannibal Ferox" de '81) que se estreava aqui como actor, dando uma memorável performance como Ricky.








Gloria (Lorraine De Selle)

O guião de Gianfranco Clerici e Vincenzo Mannino é rotineiro, apenas dando o suficiente como pano de fundo para os seus personagens avançarem (David A.Hess escreveu a maioria das suas falas, assim como em certas sequências é patente o improviso dos actores em cena ) e Deodato impor a sua visão artística. 




Cindy (Brigitte Petronio)

Falha porém na tentativa gratuita da reviravolta final, que explica porque a maioria dos tornados reféns assistem impávidos a toda a situação de violência criada, quando poderiam ter fugido facilmente a dado momento, forçando o espectador a uma forte suspensão da descrença para aceitar esse artifício do enredo.






Em suma, e deixando de lado os minutos finais, "La casa sperduta nel parco" é uma viagem assustadora ao mais sombrio da mente humana, solidamente dirigido por um realizador que já teve que se explicar em tribunal pelo conteúdo extremo e excessivo dos seus filmes. 





Para sempre polémico e com a qualidade do seu cinema questionada desde sempre, com alguns a apelidarem-no de "puro lixo cinematográfico" e outros elogiando a sua capacidade visual única e de construir verdadeiros ambientes aterrorizantes,






Ruggero Deodato é dos mais desprezíveis e ao mesmo tempo fascinantes realizadores que o cinema "exploitation" já teve. Não sendo uma obra original, com "A Clockwork Orange" ('71) de Stanley Kubrick , o já mencionado "The Last House on the Left" ou "Day of the Woman" ('78),





a já terem abordado uma temática parecida, é na mesma um efectivo filme-de-culto do género que inspirou entre outros o sucesso de Michael Haneke "Funny Games" ('97). 









Recomendado somente para fãs do cinema "trash" que suportem bem violência física e psicológica e sobretudo que sejam fortes de estômago, porque este filme (e o seu género de cinema) não é para todos...

Género: Thriller / Horror.

Fotografia: Côr.

País: Itália.

Duração: 91 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=M-Hq14TGCgE

Classificação: 8/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.

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