Samantha Sherwood (Samantha Eggar) é uma conhecida actriz metodista e estrela-fétiche do excêntrico realizador Jonathan Stryker (John Vernon) de quem é amante. Quando Stryker avança com o seu projecto de sonho: "Audra", Samantha crê ser ela a protagonista e a pedido do realizador resolve pesquisar a fundo fazendo-se passar por demente para ser internada num hospício. Samantha desconhece que tudo não passa de um plano de Stryker para a deixar lá indefinidamente e ao mesmo tempo o realizador contacta 6 jovens de várias profissões para fazerem uma audição para o papel na sua velha e arrepiante Mansão. Samantha acaba por escapar do hospício e junta-se ao grupo, exigindo fazer também uma audição. Na manhã seguinte, as jovens aspirantes a Audra começam a desaparecer uma a uma assassinadas por um estranho vulto usando uma velha máscara deformada. Quem estará por detrás dos assassinatos, será o próprio Stryker, a vingativa Samantha ou uma das aspirantes que pretende se livrar da concorrência para ser escolhida para o cobiçado papel?
Filme de terror de produção canadiana e a primeira longa-metragem para o realizador Richard Ciupka que cruza aqui o sub-género "slasher" com o horror gótico do cinema clássico.
O ambiente é arrepiante evocando o estilo vitoriano e os cenários burlescos com um clima de suspense e mistério quase teatral que pisca ao olho ao icónico "giallo" italiano.
"Curtains" é lento e pesado de se seguir, na sua somente hora e meia de duração parece prolongar-se para sempre, mas a cinematografia é conseguida sendo sombria o suficiente no uso de sombras e escassez de luz para nos colocar na disposição da intriga.
O assassino da máscara grotesca |
O assassino de máscara grotesca que se move ao estilo de uma ópera de horror e ataca em situações peculiares é efectivo o suficiente para nos pôr em constante inquietação. Com todos os ingredientes perfeitos lançados o que faz "Curtains" não ser um supremo clássico do género?
A incoerência do argumento, a montagem quase amadora e sobretudo o próprio filme a não saber para que lado ir.
A rodagem de "Curtains" começou em '79, sendo patente nas roupas, penteados das actrizes e no visual do filme, mas passou por diversos problemas entre os produtores e o realizador, ficando mais de 1 ano parado até ser completado e finalmente estreado quase 4 anos depois.
Ao longo desse tempo, certas cenas foram filmadas novamente, o argumento revisto e uma das actrizes substituída e é patente no produto final esse desequilíbrio a nível de continuidade na história cheia de buracos e de pontas soltas.
O desenvolvimento das personagens é quase nulo, certas actrizes das 6 aspirantes nem estão suficiente tempo em cena para que ao menos lhes saibamos o nome, culminando assim com o espectador a não se preocupar minimamente sobre qual foi assassinada. O personagem "Audra" que move toda a intriga, estando quase toda a gente ao ponto de matar pelo papel, não lhe é dada a história de fundo suficiente para que nós aceitemos a importância.
A partir do III Acto o desinteresse é tanto, que nos leva a esquecer todos os sub-géneros que o filme tenta abraçar, concentrando-nos apenas no "slasher" e no entretenimento que as mortes criativas nos oferecem. Porque nesse departamento, "Curtains" cumpre, especialmente na sequência de patinagem no gelo em que o assassino mata a primeira actriz, sendo bastante bem encenada e uma das mais memoráveis dentro do sub-género "slasher".
John Vernon assume com competência o papel do excêntrico Stryker, cheio de maneirismos e charme dantesco ao jeito de um Christopher Lee na sua fase Hammer e Samantha Eggar, do filme-de-culto de David Cronenberg, "The Brood" ('79) interpreta Samantha Sherwood em estilo clássico.
O resto do elenco cumpre com os propósitos destacando-se Linda Thorson (a Tara King da famosa série de TV britânica "The Avengers" de '68), sendo o início de carreiras para dois famosos actores de personagens-tipo como Maury Chaykin e Michael Wincott ("The Crow" de '94), que não tem uma única linha de diálogo embora sendo personagem secundário fundamental.
Em suma, somente um bom visual, ambiente e cenários não fazem um filme ser eficaz e "Curtains" é a prova viva disso, fruto de uma confuso e desconexa direcção devido a demasiadas interferências alheias, que originou com que o próprio realizador retirasse o seu nome dos créditos iniciais substituindo pelo "alias" de Jonathan Stryker, o personagem fictício interpretado por John Vernon no filme.
Género: Horror.
Fotografia: Côr.
País: Canadá
Duração: 89 minutos.
Classificação: 5.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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