1935. O sádico assassino Bobby (James Russo), escapa de uma Penitenciária perto da fronteira dos E.U.A. com o Canadá, arrastando consigo dois condenados por crimes menores, Ned (Robert De Niro) e Jimmy (Sean Penn). Separando-se dele na fuga e andando a monte, Ned e Jimmy são confundidos com um duo de padres esperados pelo Mosteiro de uma pequena cidade fronteiriça para a Procissão da Santa a realizar-se brevemente. Aderindo ao disfarce como forma de poderem escapar para o outro lado do rio, a dupla irá passar por um rol de peripécias, incluindo adaptarem-se à vida do Mosteiro; resistir à tentação de uma bela mãe solteira (Demi Moore) por quem Ned se começa a interessar e especialmente, enganarem a Lei local. Tudo vai correndo dentro do possível até à chegada do Director da Prisão (Ray McAnally), o único que os pode identificar...
Jimmy (Sean Penn) & Ned (Robert De Niro) |
Produzido pelo próprio Robert De Niro a partir de um guião de David Mamet, livremente baseado no argumento de Ranald MacDougall para o filme homónimo de '55 com Humphrey Bogart e na peça de teatro "La Cuisine des Anges" de Albert Husson estando a direcção a cargo do cineasta irlandês Neil Jordan ("The Company of Wolves de '84 ou "The Crying Game" de '92),
"We're No Angels" é uma farsa de comédia e crime sobre dois condenados fugitivos que encontram a redenção enquanto fingem ser padres para tentarem escapar pela fronteira do Canadá.
Neil Jordan é um director bastante competente na criação de um visual com estilo e um soberbo contador de histórias, mas o ambiente demasiado negro dado ao filme deixa-o algures num limbo entre géneros.
Se por um lado dirige em tom de comédia arlequinada e mais descontraída um De Niro, que depois do sucesso do anterior "Midnight Run", levou-o a relaxar e afastar-se temporariamente dos papéis mais sérios para se aventurar no mundo da comédia de entretenimento
e Sean Penn, que actua aqui em modo de retardado como se o nirvana para os seus desempenhos futuros que lhe deram o reconhecimento nos Oscars com a nomeação por "I Am Sam" ('01) e a vitória por "Milk" ('08), perante a adaptação forçada aos hábitos religiosos que desconhecem,
Molly (Demi Moore) |
por outro entra demasiado no tom obscuro e sombrio com a caça ao sádico e alucinado Bobby, originando algumas sequências mais violentas servido de interpretações demasiado sérias de Demi Moore, que apesar de demasiado ruidosa no seu desempenho, oferece-nos um extra mostrando os peitos de silhueta,
Ray McAnally como o Director da Penitenciária |
James Russo, no seu usual papel de vilão psicopata e Ray McAnally, numa versão extrema do seu personagem como o rígido pai de Daniel Day-Lewis em "My Left Foot" estreado no mesmo ano, parecendo actuarem num filme diferente.
Mesmo com Jordan a conseguir manejar com competência a dualidade de tom do filme, não conseguiu evitar que "We're No Angels" não encontrasse um público-alvo e fracassasse tanto nas bilheteiras, como consequentemente em vídeo.
John C.Reilly como o jovem monge |
Bruno Kirby ("City Slickers" de '91) e John C.Reilly, aqui em início de carreira e habitual colaborador de Sean Penn em "Casualties of War" do mesmo ano e "State of Grace" ('90) estão hilariantes nos seus papéis de suporte a De Niro e Penn iluminando o conjunto com humor.
Bobby (James Russo) |
Artisticamente tanto a cinematografia, como o trabalho de reconstituição da época a nível de cenários e guarda-roupa são de topo e transportam-nos com fidelidade para os anos 30.
Em suma, "We're No Angels" como "comédia branca" numa expressão irónica para designar uma "comédia negra" em versão católica, é um filme bem feito e entretém e embora o final seja demasiado abrupto e deixe algo por contar, se aplicada a suspensão da descrença, deixa-nos satisfeitos.
Género: Comédia / Crime.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 101 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=k7_zj-CgdaY
Classificação: 8/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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