Quando uma criança escreve para o "Daily Planet" a pedir que o Super-Homem (Christopher Reeve) livre o Mundo da ameaça nuclear, o novo proprietário do jornal, o ganancioso David Warfield (Sam Wanamaker) promove o evento a grande escala para vender jornais. Sensibilizado com o pedido, o Super-Homem acede juntando todos os mísseis no espaço para os lançar ao sol para serem destruídos, porém não contava com o retorno do seu velho inimigo Lex Luthor (Gene Hackman), recém-evadido da penitenciária com a ajuda do seu sobrinho, Lennie (Jon Cryer) que depois de roubarem um fio de cabelo do Homem-de-Aço doado ao Museu de Metropolis, descobrem o seu código genético e escondem o composto num dos mísseis que em contacto com o sol cria um novo super-ser denominado Homem-Nuclear (Mark Pillow) que ao obedecer cegamente ao seu criador, Lex tem por única missão destruir o Super-Homem. Entretanto, Lacy (Mariel Hemingway), a filha de Warfield começa a desenvolver um sentimento especial por Clark, ao mesmo tempo que Lois ainda não esqueceu o Super-Homem, deixando as identidades de Kal-El em apuros amorosos...
Lacy, Lois & Clark |
Depois da má recepção crítica e comercial de "Superman III - Superman Vs. Superman" ('83) e do fracasso total da tentativa de "spin-off" com "Supergirl" ('84), os produtores Alexander e Ilya Salkind, considerando que o filão estava gasto, puseram os direitos da adaptação do personagem ao grande ecrã à venda para o Estúdio que pagasse mais.
Mariel Hemingway como Lacy Warfield |
Sendo adquiridos pela Cannon Group dos israelitas Menahen Golan e Yoram Globus, responsáveis pelo "boom" do cinema de acção de série-B de baixo orçamento durante os anos 80, a quarta aventura do Super-Homem foi planeada como a ruptura ao cinema "trash" por parte do Estúdio para entrarem assim na legitimidade de Hollywood.
Tendo mais olhos que barriga e com a produção da adaptação das aventuras de He-Man ao cinema com "Masters of the Universe" rodado em simultâneo, os megalómanos primos entraram em falência da produtora e dos iniciais 36 milhões previstos para "Superman IV - The Quest for Peace" apenas 15 ficaram disponíveis, afastando assim grande parte da equipe técnica vinda dos dois primeiros filmes, ficando os meios reduzidos, especialmente na parte dos efeitos especiais / visuais.
Christopher Reeve exigiu ainda ser o co-autor da história, bem como participar como realizador na unidade de apoio e ainda que a Cannon Group lhe financiasse o seu projecto de sonho "Street Smart" que estreou no mesmo ano (com mais visibilidade devido à revelação de Morgan Freeman e à sua posterior nomeação ao Oscar para Melhor Actor Secundário).
Apesar de todos os contratempos devido à falta de orçamento que tornou os efeitos visuais muito mais pobres que as obras anteriores; cenas não concluídas que nunca viram a luz do dia e que deixaram buracos na continuidade ao longo da película
Christopher Reeve como o eterno Super-Homem |
e o uso de cenários mais rudimentares, "Superman IV - The Quest for Peace" é erroneamente revisto como o pior da franchise, quando na realidade consegue ser superior ao enfadonho e pouco inspirado filme anterior.
Com um visual de livro aos quadradinhos e acção extravagante, mas sem nunca cair no exagero da comédia de situação e paródia desnecessária que caracterizou "Superman III",
este é um filme que segue muito mais a linha dos dois primeiros filmes, embora sem o lado mais épico e porque Sidney J.Furie não é um Richard Donner) e que inclusive, a sua história ignora os eventos da segunda sequela.
Gene Hackman regressa como Lex Luthor |
Gene Hackman regressa como a nemesis do Super-Homem trazendo consigo um inimigo à altura do Homem-de-Aço na pele do Homem-Nuclear
Mark Pillow é o Homem-Nuclear |
no único papel em cinema de Mark Pillow e que apesar das duras críticas ao seu trabalho, o actor limita-se a cumprir com o material dado: o de um perfeito Neanderthal versão Deus do Sol que só precisa de parecer imponente e criar um adversário mais temeroso que os ridículos vilões Richard Pryor e Robert Vaughn do filme anterior
Margot Kidder é Lois Lane |
e Margot Kidder volta à sua Lois Lane a tempo inteiro, depois dos ingratos 5 minutos em cena que lhe foram dados em "Superman III".
Jon Cryer como Lennie Luthor |
Jon Cryer, que viria a conhecer a fama mundial ao participar na sitcom de sucesso "Two and a Half Man" ao lado de Charlie Sheen, junta-se à franchise, parecendo ter saído do set de "Dudes", estreado no mesmo ano, sem precisar de mudar de roupa.
A história de Christopher Reeve em parceria com o duo de argumentistas Lawrence Konner e Mark Rosenthal pode ser revista hoje em dia como demasiado politicamente correcta,
e com o próprio clima do filme a ser bastante mais juvenil do que os anteriores, repleto de mensagens anti-Guerra Fria, mas como produto da sua época, fez pleno significado num tempo em que o Mundo vivia no medo da ameaça nuclear.
Destaque para a sequência dos créditos iniciais no espaço, voltando à brilhante introdução reciclada dos dois primeiros filmes, depois da terrível decisão de correr os créditos sobre uma sequência de comédia de situação em "Superman III",
onde Christopher Reeve recebe pela primeira vez "top billing" sobre Gene Hackman e o logotipo do título do filme é uma clara e justa homenagem ao Super-Homem da banda desenhada.
Em suma, "Superman IV - The Quest for Peace" é um bom filme de ficção científica e fantasia que não envergonha o personagem como tem sido dito desde a altura de estreia, padece somente do súbito corte orçamental que levou à suspensão de diversas cenas incluindo os efeitos especiais e visuais que ficaram incompletos.
Rumores de que a versão alongada dos 134 minutos com as cenas restauradas e a introdução de novos efeitos especiais poderá finalmente sair, têm vindo a circular desde que Richard Donner editou a sua versão de "Superman II".
Se este conseguiu fazê-lo recorrendo ao uso de duplos de certos actores; de uma cinematografia astuta e de vozes pré-gravadas para concluir cenas inacabadas, então tudo é possível para que algum dia a versão definitiva de "Superman IV - The Quest for Peace" veja a luz do dia e que cale muitos dos críticos que têm vindo a crucificar o filme desde a sua altura de estreia.
Até esse dia, recomenda-se esta versão que apesar de todos os seus defeitos e contratempos, é uma obra de ritmo enérgico que nunca cansa e para fãs do absoluto "cheesy" dos anos 80 é uma viagem que vale a pena embarcar...
Género: Acção / Fantasia / Ficção Científica / Família.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A. / Inglaterra.
Duração: 90 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=uNZBpg-YMLY
Classificação: 7.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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