Jor-El (Marlon Brando), cientista do Planeta Krypton, não conseguindo convencer o Conselho que o seu Mundo explodirá dentro de 30 dias, resolve juntamente com a esposa, Lara (Susannah York) enviar o filho bebé Kal-El para a Terra. Lá devido à influência de um sol amarelo, o pequeno adquire super-poderes que usará em prol da verdade e da justiça. Adoptado por Jonathan (Glenn Ford) e Martha Kent (Phyllis Thaxter) na comunidade rural de Smallville, é-lhe dado o nome terrestre de Clark (Jeff East) e aos 18 anos depois da morte do pai adoptivo, resolve rumar para Norte com os cristais que o acompanharam na viagem pela galáxia, para descobrir os segredos por trás do seu ser.
Depois de anos ausente e absorvendo toda a sabedoria transmitida pelo pai, o agora adulto Clark Kent (Christopher Reeve) ruma à cidade de Metropolis para trabalhar no jornal Daily Planet onde conhece a intrépida repórter Lois Lane (Margot Kidder)
Lois (Margot Kidder) & Clark / Superman (Christopher Reeve) |
e ao mesmo tempo que mantém a personalidade tímida e recatada do seu alter-ego Clark, como Super-Homem, o Homem-de-Aço de capa vermelha, inicia um rol de feitos heróicos que vão maravilhar a cidade.
O lunático Lex Luthor (Gene Hackman) |
Mas o perigo espreita por baixo na linha do metro, quando o auto-denominado "a maior mente criminosa do Mundo", Lex Luthor (Gene Hackman) refugiado no seu covil, planeia desviar uns poderosos mísseis pertença do Exército, para destruírem toda a Costa Oeste. Conseguirá o Super-Homem deter este lunático vilão?
Primeira longa-metragem de um dos mais conhecidos super-heróis de sempre criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, tendo tido a sua primeira aparição na banda-desenhada em '38, é uma super-produção a cargo dos Salkind, Alexander e o filho, Ilya e o nirvana das adaptações de super-heróis para o grande ecrã, um filão que mais de 30 anos depois tornou-se um dos mais rentáveis géneros da sétima arte.
Kal-El é enviado para a Terra |
Dirigido por Richard Donner, cuja visão mais séria de um filme-épico à David Lean versão super-herói para dar vida à biografia do homem-de-aço contrastou com o tratamento mais extrovertido e exagerado pretendido pela produção, resultando num algo desigual produto final, que apesar de a modos que funcionado neste primeiro filme, acabaria por desabar totalmente devido a essa falta de concordância na infame sequela.
A destruição de Krypton |
Todo o I Acto da origem do Super-Homem até à chegada de Clark Kent a Metropolis é magnificamente dirigido de modo clássico com Donner a conseguir levar a sua visão a avante,
Otis (Ned Beatty) |
mas a meio do II Acto com a introdução algo pitoresca do personagem Otis, interpretado por Ned Beatty em jeito de paródia, o filme sai fora dos trilhos entrando numa espécie de humor brejeiro que não faz jus à grandiosa primeira parte.
A cinematografia de Geoffrey Unsworth, idioticamente substituído na sequela, é excelente e os efeitos especiais, um marco no género para a altura, merecidamente distinguidos com um Oscar em jeito de prémio especial da Academia, são ainda hoje dignos de registo e de respeito.
Foi ainda nomeado para melhor música original, o magistral hino ao super-herói do Maestro John Williams (incrível como não venceu); melhor edição de imagem e melhor som.
O lendário Marlon Brando como Jor-El |
No capítulo das performances, e apesar do gigantesco absurdo salário exigido por uma das maiores estrelas da altura, Marlon Brando para interpretar Jor-El, acabou por ser ser bem empregue cada o cêntimo envolvido,
Jor-El, Kal-El em bebé & Lara (Susannah York) |
pois não sendo à toa a fama de melhor actor de todos os tempos de Brando, este consegue converter toda a magia, sabedoria, carisma e força do seu personagem no seu limitado tempo em cena e estabelece a seriedade pretendida de Donner para a origem do seu herói.
Primeiro Ancião (Trevor Howard) |
A contratação de Trevor Howard para um dos membros do Conselho que desacredita a versão de Jor-El sobre a destruição de Krypton ecoa ao clássico protagonizado pelos dois actores "Mutiny on the Bounty" ('62), onde o antagonismo entre o Primeiro Imediato Fletcher Christian (Brando) e o Capitão Bligh (Howard) davam o mote à história.
Susannah York, cuja personagem se expandiria na sequela, é a sofrida mãe que mesmo contando com o seu trágico destino para breve, lhe custa separar-se do bebé. Margot Kidder, e apesar de algumas críticas em contrário, está no ponto como Lois Lane com a sua performance cheia de vida e cada cena com Reeve é puro ouro devido à enorme química existente entre os dois actores.
O estreante Christopher Reeve é simplesmente genial na dualidade confidente e decidida como Super-Homem e a timidez trapalhona e reservada de Clark Kent e dificilmente algum actor o conseguirá superar no papel.
Gene Hackman sofre do mesmo estigma de Ned Beatty, o seu Lex Luthor é demasiado espirituoso e a meio caminho para o vilão exageradamente caricatural, embora numa performance não tão arlequinada como Beatty,
Teschmacher (Valerie Perrine) |
que apesar do bom trabalho do actor (o vencedor de 2 Oscars Gene Hackman foi, é e sempre será um dos grandes), desvia-se do tratamento mais sério de Donner, numa clara exigência dos Salkind ao guião original de Mario Puzo (vencedor de 2 Oscars para Melhor Argumento Adaptado da sua própria novela por "The Godfather" de '72 e "The Godfather - Part II" de '74) em parceria com o casal David e Leslie Newman.
General Zod (Terence Stamp) |
Terence Stamp, apesar do escasso tempo em cena, causa grande impacto como o General Zod, adivinhando-se logo à partida a importância que o seu papel de vilão iria ter na sequela.
O final de "Superman - The Movie" que tem sido alvo de duras críticas desde a altura de estreia, foi originalmente planeado para a sequela, mas numa exigência de última hora pela produção para figurar no original,
acaba por ser algo anti-climático com o herói a ter o poder de retroceder no tempo para salvar Lois Lane, acabando por originar uma óbvia falha de continuidade sobre os eventos que se passaram quando a acção regressa ao presente.
Destaque para os créditos iniciais, dos mais maravilhosos e memoráveis de sempre sendo, contudo e ao mesmo tempo, dos mais peculiares e algo estranhos como o "top billing" dado a Marlon Brando
apesar dos escassos 15 minutos em cena (e isto na versão alargada, pois na de cinema ainda é menos tempo); o nome do protagonista do filme, Christopher Reeve figurar depois do título (quase inédito)
e dos veteranos Glenn Ford e Trevor Howard com menos de 5 minutos de tempo em cena aparecerem antes da co-protagonista, Margot Kidder.
Jonathan (Glenn Ford) & Martha Kent (Phyllis Thaxter) |
Em suma, "Superman - The Movie" é um bom filme e uma grande adaptação de um dos mais apreciados super-heróis da história dos livros aos quadradinhos, e com a cooperação certa entre as visões de todos os envolvidos,
Clark Kent aos 18 anos (Jeff East) |
o filme poderia ter chegado ao nível de obra-prima dentro do género, mas mesmo não o sendo é o primogénito e uma das essenciais obras de ficção e fantasia sobre super-heróis, produzido num tempo em que o cinema ainda tinha alma e se dava valor à história e às interpretações e desenvolvimento dos personagens em prol do actual tarefeiro e megalómano uso dos efeitos especiais.
Recomendado o visionamento da versão restaurada e com cenas adicionais estreada em '00, sobretudo para fãs de Marlon Brando como Jor-El e da inclusão de uma pré-cena aquando Super-Homem descobre o covil de Lex Luthor.
Género: Acção / Aventura / Fantasia / Ficção Científica.
Fotografia: Côr.
País: Inglaterra / E.U.A.
Duração: 143 minutos | 151 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=wOkb8pxtTfk
Classificação: 9.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
Sou suspeito, mas para mim é o Superman de sempre, que guardo com todo o carinho e vejo de vez em quando. Apesar de ter consciência que o reboot está muito bem conseguido e ter renovado toda uma história para os jovens de hoje em dia que não sabem o que é uma banda desenhada. É sempre bom ver o Super-herói dos Super-heróis ser novamente representado por um actor pouco conhecido. mas a desempenhar o papel com a mesma garra de Reeve(pessoalmente conheço o trabalho dele, apesar de não gostar muito). Ambos muitos bons para as suas épocas.
ResponderEliminarPara mim o melhor "Superman" e o mais emblemático de todos especialmente pelo lado épico dado ao filme pelo Richard Donner (referido na review). Vou continuar a rever o resto dos filmes da franchise (incluindo a versão do Donner para o "Superman II" e o "Supergirl") para postar depois aqui as reviews o mais imparcial possível. Possivelmente depois dos filmes todos revistos e postados aqui, poderei ajustar a minha classificação pessoal (que geralmente nunca se afasta muito da minha inicial, talvez 0,5 de pontuação para a frente ou para trás) a cada um, pois é mais fácil classificar um todo, do que às partes. Obrigado pelo comentário e continua a seguir o CineNostalgia.
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