Enquanto colegas da faculdade e aspirantes a cientistas, Reed Richards (Alex Hyde-White) e Victor von Doom (Joseph Culp) constroem uma poderosa máquina capaz de conter a energia de um poderoso cometa conhecido como "Colossus" que passará pela órbita da Terra. Quando o projecto corre mal, Victor é dado como morto e Reed culpabiliza-se pelo sucedido. Dez anos depois, Reed planeia uma viagem ao espaço para investigar melhor o fenómeno "Colossus" contratando o seu amigo de longa data, Ben Grimm (Michael Bailey Smith) como piloto e os irmãos Susan (Rebecca Staab) e Johnny Storm (Jay Underwood) como observadores, mas durante a travessia são expostos a raios cósmicos que lhes irão mudar a vida para sempre. De regresso à Terra, deparam-se com poderes especiais: Reed tem agora a habilidade de esticar qualquer parte do seu corpo; Susan pode tornar-se invisível e criar poderosos campos de força; Johnny assume o poder sobre o fogo, ganhando a capacidade de se cobrir em chamas e voar e Ben torna-se numa criatura de força sobre-humana.
Juntos assumem, respectivamente, as identidades de Sr.Fantástico, Mulher-Invisível, Tocha Humana e o Coisa (Carl Ciarfalio) criando um super-grupo denominado de Quarteto Fantástico e quando um super-vilão conhecido como o Doutor Destino (Joseph Culp) os pretende capturar para reter os seus fabulosos poderes para proveito próprio e assim castigar a Humanidade, é tempo de este super-grupo deter a terrível ameaça...
Em '86, o produtor alemão Bernd Eichinger através da sua produtora Neue Constantin, adquiriu os direitos para uma adaptação cinematográfica do Quarteto Fantástico a Stan Lee, patrão da Marvel Comics.
Reed Richards - Sr.Fantástico (Alex Hyde-White) |
Apesar do interesse dos Estúdios Warner Bros. e da Columbia Pictures sobre o filme, problemas de orçamento devido aos efeitos especiais necessários para um projecto desta envergadura e os recentes falhanços comerciais de "Superman III" ('83), "Supergirl" ('84) e "Howard the Duck" ('86), adaptações de super-heróis de revistas aos quadradinhos encontravam-se num limbo cinematográfico até o mega-sucesso de "Batman" ('89) os por novamente na linha da frente.
Ben Grimm - O Coisa (Michael Bailey Smith / Carl Ciarfalio) |
Com uma cláusula especial no contrato de um filme sobre o super-grupo ter de ser produzido até ao final de '92 ou os direitos voltariam para a Marvel, Eichinger depois de ver negada uma extensão de tempo, contratou o especialista em filmes de ficção científica e fantasia de baixíssimo orçamento, Roger Corman para produzir um filme em tempo recorde para que os direitos continuassem na sua posse.
Susan Storm - A Mulher-Invisível (Rebecca Staab) |
O resultado final foi este "The Fantastic Four", rodado em 21 dias e com apenas 1 milhão e uns trocos de orçamento total, condenado à partida a nunca ver a luz do dia, sem que a própria equipe técnica e os actores soubessem disso.
Johnny Storm - O Tocha Humana (Jay Underwood) |
Eichinger conseguiu com isso reter os direitos autoriais, produzindo em '05 "Fantastic Four" para a Twentieth Century Fox com um orçamento que ultrapassou os 90 milhões e embora o visual repleto de efeitos visuais em CGI, impossíveis de concretizar em '92, possam ser de uma qualidade tecnológica avançada, o filme em si é bastante inferior como adaptação dos livros aos quadradinhos do que esta infame produção de Roger Corman, dirigido pelo estreante vindo do mundo dos videoclips, Oley Sassone, filho do magnata Vidal Sassoon.
O Quarteto Fantástico |
"The Fantastic Four" pode ter um visual barato situado entre um episódio de série televisiva de ficção cientifíca e um tele-filme, mas o estado de espírito e visão de todos os envolvidos, evoca mais o Quarteto Fantástico da banda desenhada do que a versão de '05 alguma vez sonhou evocar.
Os fatos são fielmente retratados com especial destaque para o vilão Doutor Destino, como se uma prancha de B.D. tivesse ganho vida e o tão criticado fato de borracha do Coisa é muito mais parecido com o personagem, do que o amorfo efeito especial envergado por Michael Chiklis na versão moderna.
Os efeitos especiais são "cheesy" q.b. e um delírio de se visionarem e apesar de filmado em '92, parecem ter saído do início dos anos 80, dando a componente sentimental ao filme de uma Era extrovertida em que apesar da falta de meios técnicos e de dinheiro com alma, coração e sobretudo, dedicação podia se concretizar o sonho.
O elenco seleccionado e apesar de na sua maioria ilustres desconhecidos, interpretam os personagens com convicção e conhecimento da matéria, ao contrário do Quarteto Fantástico de '05 que com a notável excepção de Michael Chiklis, que salva o filme da mediocridade total, nunca deviam ter lido uma banda desenhada do Quarteto na vida.
"The Fantastic Four" ('94) presenteia-nos com o actor britânico Alex Hyde-White, soberbo como o cientista e líder da equipe, Reed Richards; Michael Bailey Smith e Carl Ciarfalio interpretam respectivamente, Ben Grimm antes e após transformação no Coisa; Rebecca Staab como Sue Storm não tem o mesmo destaque em cena que o resto da equipe, mas é muito mais fiel como a Mulher-Invisível que o tédio na representação da artificial Jessica Alba na versão moderna e finalmente, a menos-valia Jay Underwood interpreta um Johnny Storm demasiado em modo de criança birrenta, começando a tornar-se enfadonho de o seguir.
Victor von Doom - O Doutor Destino (Joseph Culp) |
Joseph Culp como o Doutor Destino, o Super-vilão da B.D. que foi a óbvia inspiração para George Lucas na criação do seu Darth Vader para "Star Wars" ('77) é o protótipo do vilão exagerado e cartoonesco como uma mistura de Ming, o Cruel interpretado por Max von Sydow e o seu braço-direito, Klytus de Peter Wyngarde em "Flash Gordon" ('80).
The Jeweler (Ian Trigger) |
Ian Trigger como o The Jeweler, um substituto do personagem da B.D. The Mole Man que sem qualquer explicação viu o seu nome ser alterado, dá a componente grotesca, mas espirituosa e humorística ao conjunto.
Em suma, "The Fantastic Four" é um dos mais subestimados filmes de super-heróis de sempre, mantendo-se na gaveta há mais de 20 anos, editado em cópias reduzidas para VHS e muito por insistência dos fãs, porque por vontade dos produtores esta obra nunca tinha estreado, que posteriormente foi convertido para DVD sem um tratamento decente, mantendo-se como uma prova viva da escusada vergonha por conveniência do estúdio que o condenou ao ostracismo.
The Jeweler rapta a namorada de Ben, Alicia Masters (Kat Green) |
Com um estado de espírito semelhante a "Teenage Mutant Ninja Turtles" ('90); "The Punisher" ('89) ou ao tele-filme protagonizado por David Hasselhoff, "Nick Fury - Agent of S.H.I.E.L.D." ('98) que duma maneira ou de outra, todos tiveram direito a uma estreia,
"The Fantastic Four" merece ser revisto e apreciado pelo que é, e embora possa com toda a certeza não agradar à nova geração de entusiastas de "comic book movies" que preferem megalómanos efeitos especiais ao invés de conteúdo, como a versão moderna deste filme, ou aos que optam por um tom levado demasiado a sério característico dos recentes Batman de Christopher Nolan,
O casamento de Reed & Sue Richards |
irá certamente deliciar os fãs do absoluto "cheesy" espirituoso e despretensioso de outrora que deixou o seu cunho pessoal na arte de fazer cinema. Mais do que a qualidade da obra em si, vale pelo esforço envolvido e pela fidelidade na adaptação. Recomendado!!
Género: Aventura / Fantasia / Ficção Científica / Família.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A. / Alemanha.
Duração: 90 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=r_X5C6e3ZeY
Classificação: 6.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
Com as devidas apresentações, desenvolvimento e grande caracterização desta obra indevidamente guardada na gaveta, consegue-se apreciar o "bichinho" geek que é recorrente nas boas adapatações de comics. Pode até não ser o melhor filme do mundo, mas tem o espírito de procurar retratar os seus herois! Pessoalmente, sempre gostei mais deste. ;)
ResponderEliminarO produtor devia orgulhar-se deste filme ao invés da chachada artificial versão MTV que foi o reboot, e especialmente a sequela que é horrível (que desrespeito pelo personagem do Silver Surfer, um dos melhores do Universo Marvel). Roger Corman, sempre teve aquela varinha de condão especial para criar filmes inesquecíveis com orçamentos reduzidos e será sempre um dos grandes fora do mainstream. A classificação dada a este filme aqui é pena eu só usar uma tabela em que "série-B" competem com os legítimos e acaba, às vezes, por ser complicado usar como termo de comparação e classificar. Numa escala só de "série-B" daria a este filme um 9, sem pestanejar.
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