Quando astrónomos descobrem vestígios de Krypton, o Planeta-Natal de Kal-El conhecido na Terra pelo Super-Homem (Brandon Routh), este embarca numa viagem pela Galáxia, acabando por descobrir que nada sobreviveu à catástrofe excepto resíduos da outrora avançada civilização. Regressando à Terra após 5 anos de ausência, constata que a sua amada Lois Lane (Kate Bosworth) avançou com a sua vida estando ligada amorosamente a Richard (James Marsden), sobrinho do Editor-Chefe do Daily Planet, Perry White (Frank Langella) e com um filho pequeno, Jason (Tristan Lake Leabu). Ao mesmo tempo, o lunático Lex Luthor (Kevin Spacey) depois de ter enganado uma viúva milionária, Gertrude Vanderworth (Noel Neill) e herdado todo o seu dinheiro, planeia um novo crime em grande escala para aterrorizar a Humanidade, desta vez invadindo a pequena réplica de Krypton, a Fortaleza da Solidão no intuito de roubar os cristais e usá-los para criar um novo continente governado por si. Cabe ao recém-regressado e emocionalmente instável, Super-Homem deter novamente a "maior mente criminosa do Mundo"...
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A review deste filme como sendo dos anos 2000 é uma excepção à regra dos Clássicos e Filmes-de-Culto revistos no CineNostalgia, mas como funciona como uma semi-sequela da franchise iniciada em '78, resolvi inclui-lo para completar o lote.
Brandon Routh como Super-Homem |
Cerca de 20 anos depois da última adaptação ao cinema de Super-Homem, a Warner Bros. depois de rejeitar diversos tratamentos para um novo filme, incluído o projecto de Tim Burton com Nicolas Cage que se focaria na morte do Homem-de-Aço
Lex Luthor (Kevin Spacey) e os seus comparsas |
ou o extravagante argumento de Kevin Smith cujos rumores dariam Keanu Reeves como o candidato principal para assumir o papel do super-herói mais famoso do Mundo na senda de George Reeves da clássica série de TV e do melhor de sempre a envergar a capa vermelha Christopher Reeve, foi dada luz verde a Bryan Singer, realizador vindo da concorrente Marvel Comics com "X-Men" de '00 e "X-Men 2" de '03, para redigir, dirigir e dar a sua visão pessoal a uma nova aventura do personagem da DC.
Richard, Clark & Lois na redacção do Daily Planet |
"Superman Returns" foi o resultado final de uma trapalhada de filme que actualmente o próprio Estúdio prefere ignorar a sua existência. Tentando estabelecer continuidade com os dois primeiros "Superman" com Christopher Reeve, mas ao mesmo tempo ser também um remake / reboot de "Superman - The Movie" ('78) esta obra partiu logo mal de início na sua concepção, entrando em desacordo com ambos os caminhos a que se propunha.
Como "reboot" deixa tudo demasiado ao acaso, com Singer a não se preocupar em estabelecer uma origem para o Super-Herói ou o desenvolvimento necessário para os seus personagens,
como sequela de "Superman II - The Adventure Continues" ('80) o filme tem tantas discrepâncias, buracos de continuidade e sobretudo uma falta de inspiração abismal, cuja existência desta obra é completamente desnecessária para o Universo do Super-Homem.
A história de Bryan Singer é sombria e depressiva, lenta e arrastada sendo um tédio de seguir e a acção é completamente inerte com nada de fundamental a se passar ou a trazer algo de novo, excepto repetir sequências, cenas e diálogos da obra original de Donner e uns efeitos visuais impressionantes que eram impossíveis de se concretizarem em '78.
E é nessas poucas cenas de acção que o filme desperta da letargia ambiente e que reside a sua única mais-valia (e os milhões gastos nos efeitos especiais), embora falte ali alma e o lado épico tão bem reproduzido e com muitos menos meios disponíveis, por Richard Donner e tão deixados ao acaso pelo marasmo da visão de Singer.
Kate Bosworth como Lois Lane |
No capítulo das performances, Brandon Routh e Kate Bosworth funcionam pior que dois cartazes de Christopher Reeve e Margot Kidder se lhes dessem a chance de actuar.
Routh ainda se esforça em imitar os trejeitos de Reeve como Super-Homem, mas como Clark Kent falha completamente no alvo. Bosworth é simplesmente enfadonha como Lois e um completo embaraço de se seguir, sobretudo interpretando uma personagem vivida anteriormente pela enérgica e feminista Margot Kidder. A química entre ambos como um suposto casal apaixonado é abaixo de zero.
Frank Langella como Perry White |
Frank Langella aparenta estar mais em modo de ensaio para o seu futuro trabalho em "Wall Street - Money Never Sleeps" ('10) do que a interpretar Perry White, Jackie Cooper com muito menos tempo em cena nos filmes anteriores, tornou o personagem bastante mais memorável.
Sam Huntington como Jimmy Olsen |
Sam Huntington interpreta um Jimmy Olsen em modo Síndroma de Down, contrastando com a jovialidade recatada, mas normal de Marc McClure.
Lex & Kitty Kowalski (Parker Posey) |
Kevin Spacey tenta personificar Gene Hackman interpretando o seu Lex Luthor, menos espirituoso, mas mais malvado com um resultado quase aceitável, isto se comparado com Routh ou Bosworth, mas a direcção que lhe foi dada aliado ao ridículo do seu plano maquiavélico e os péssimos diálogos, nada abonam em favor do personagem. Parker Posey faz de enchimento para Miss Teschmacher interpretada por Valerie Perrine nos dois primeiros filmes.
James Marsden como Richard White |
James Marsden vindo dos dois primeiros "X-Men" onde deu vida a Cyclops, recusou juntamente com Singer participar em "X-Men 3 - The Last Stand" para interpretar aqui o ingrato papel do namorado de Lois.
A classe de Eva Marie Saint como Martha Kent |
A lendária Eva Marie Saint junta um dinheiro na reforma sucedendo a Phyllis Thaxter como Martha Kent e Marlon Brando, entretanto falecido, vê a sua imagem explorada com cenas filmadas em '78 e recicladas para "Superman Returns" como Jor-El na Fortaleza da Solidão (a título de curiosidade, ambos os actores contracenaram e venceram Oscars pelas suas performances no clássico de Elia Kazan, "On the Waterfront" de '54).
Em suma, "Superman Returns" é a prova viva de que uma obra realizada com a tecnologia actual e com um orçamento de milhões de dólares não é sinónimo de um bom filme se não tiver uma história criativa, visão e tratamento decente sobre o personagem em que se baseia e sobretudo uma competente direcção de actores.
Não basta reescrever sobre um filme de sucesso; copiar-lhe inclusive a maioria dos diálogos; dar-lhe o título de sequela e/ou homenagem para lhe dar um falso sentimento "retro" e esperar que o público consuma e digira sem
questionar.
Singer pareceu descuidar que a base do Super-Homem será sempre o de um personagem de banda desenhada clássico e "cheesy" e esse fundo não pode obviamente ser ignorado numa longa-metragem do mesmo,
pois este seu filme mais parece uma "soap-opera" / telenovela melodramática sobre uma relação impossível, com Super-Homem na pele de um perseguidor e destruidor de lares, pois o seu rival Richard é retratado de modo tão simpático que é impossível se torcer pelo enlace do Homem-de-Aço com Lois, do que um "comic book movie".
Tristan Lake Leabu como Jason Lane-White |
De salientar também o terrível ritmo letárgico devido a uma das mais penosas montagens de sempre num filme do género, assistir a "Superman Returns" é quase uma tortura física e psicológica, pois das suas 2 horas e meia de duração, em apenas 1 hora e pouco serviria para contar tudo que o filme pretende e nada se perderia com isso.
O falhanço crítico e comercial desta película resultou num novo hiatus do personagem até ao aguardado reboot "Man of Steel" estreado em '13. Resumidamente, "Superman Returns" é uma absoluta perda de tempo !!
Género: Fantasia / Ficção Científica / Romance.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 154 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=v4IOoyrfi0s
Classificação: 4/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
O Superman Returns só acentuou a ideia que eu tinha do Bryan Singer, ele não é ninguém no mundo do cinema. 1º Martha Kent faleceu e aparece no Returns viva 2º Falta de originalidade, Lex Luthor volta à ideia inicial de querer criar a sua própria cidade e claro, Superman reaparece depois de salvar Lois numa aeronave (onde já vi isto?). 3º O Superman leva um enfardamento de porrada de poucos humanos graças a estar no meio de uma estrutura de kryptonite, a mesma estrutura que manda para fora de órbita com as próprias mãos (força para agarrar em Kryptonite não lhe falta, mas leva nas trombas de marginais tipo bullying). 4º Lois Lane vai para a cama com Clark depois de ele perder os poderes, impossivel ter um SUPER-FILHO. Até hoje não percebi o que o Singer queria fazer, e nem quero saber.
ResponderEliminarTive a oportunidade de ler partes do guião do kevin smith, aliás muito fiél à história do Superman da DC, não fosse ele um fanático de Bandas Desenhadas. Tive também a oportunidade de ver imagens do Cage vestido de Superman para o filme de Burton e ainda bem que não aconteceu.
Concordo contigo sobre o Singer, excepto que a modos que não achei o "X-Men" mau. Quanto à Martha Kent, este "Superman Returns" segue a continuidade do "Superman II" ignorando que os outros dois existem e só é revelado que a mãe adoptiva dele morreu no "Superman III", portanto até escapa como gralha. O "mais do mesmo" do plano do Lex; salvar Lois na aeronove, etc. é um copy / paste do "Superman" do Donner, mas isso já está referido na review. O levar a estrutura de Kryptonite fora de órbita é totalmente ridículo, e depois é que convenientemente, desmais, coitadinho. Quanto à existência de um "super-filho" a gralha maior nem foi a que referiste, mas sim que tanto na versão do Richard Lester como na Director's Cut do Donner, o Super-Homem APAGA a memória da Lois (seja pelo beijo numa versão, ou retroceder no tempo na outra) então como raio ela sabe que o filho é do Clark Kent / Super-Homem ? E se vamos por essa lógica, ela então nem sabe como engravidou, o filho no ventre foi milagre à Virgem Maria, enfim... um péssimo argumento para um medíocre filme.
EliminarVais ter que ver o Man of Steel e dar o teu parecer, só para dares continuidade à tua critica em relação a como desenvolveu a história do Superman para a actualidade.
ResponderEliminarVou vê-lo, mas não vou fazer a review aqui que vai contra as minhas próprias regras do blog. Fiz a do "Superman Returns" mas avisei com uma nota no início da review (se leste, viste isso com certeza) que foi uma excepção à regra, porque funciona como semi-sequela da franchise original. O "Man of Steel" já é um reboot, logo já nada tem a ver e como filme moderno não entra nos critérios para figurar num blog sobre Clássicos e Filmes-de-Culto.
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