O agente da C.I.A. Sean Davidson (David Bradley), o Ninja Americano, é enviado com o seu parceiro Carl Brackston (Dwayne Alexandre) para Lesotho na África do Sul para resgatar uma equipe de comandos da Força Delta que foram capturados pelo louco ex-soldado britânico Mulgrew (James Booth), actualmente o chefe do exército de um alucinado terrorista islâmico que pretende detonar uma bomba em Nova Iorque. Durante a operação, Sean e Carl juntamente com a médica-legista americana Sarah (Robin Stille) são capturados pelo exército de ninjas a soldo dos vilões e encarcerados nas masmorras da sua fortaleza inexpugnável. Com a execução marcada para breve, a C.I.A. resolve contactar o original Ninja Americano Joe Armstrong (Michael Dudikoff) que sai do seu retiro pacífico como professor de crianças desfavorecidas para salvar o dia pela última vez...
David Bradley é Sean Davidson |
Por alturas do início dos anos 90, a infame Cannon Group dos primos Menahen Golan e Yoram Globus que inundaram os anos 80 com filmes de acção realizados em tempo recorde e a baixo orçamento, entrava na bancarrota devido aos desaires dos megalómanos "Masters of the Universe" e "Superman IV - The Quest for Peace" (ambos de '87), duas tentativas goradas de o Estúdio entrar no cinema legítimo e que os deixaram financeiramente frágeis.
Michael Dudikoff é Joe Armstrong |
Como forma de salvar o Estúdio, a Cannon apressou-se a produzir sequelas dos seus moderados êxitos dos 80's, mas com orçamentos ainda mais modestos como foi o caso de "Braddock - Missing in Action III" ('88) ou este "American Ninja 4 - The Annihilation" ('90) que juntou o Ninja Americano dos dois primeiros filmes da franchise e o favorito dos fãs, Michael Dudikoff com o novo Ninja Americano revelado em "American Ninja 3 - Blood Hunt" ('89), David Bradley.
Se Sam Firstenberg era um criativo realizador de acção do série-B que resultou no sucesso-surpresa de "American Ninja" ('85) e da sua sequela à altura "American Ninja 2 - The Confrontation" ('87), Cedric Sundstrom arruinou com a franchise ao dirigir o algo inerte "Blood Hunt" e que depois de Dudikoff recusar repetir o papel em prol de "River of Death" ('90), David Bradley foi encontrado e contratado à pressão para um novo ninja americano.
Apesar da habilidade de luta corporal ser bastante superior à de Dudikoff, a falta de carisma de Bradley e o marasmo do filme em geral (Sundstrom não sabe dirigir acção como Firstenberg) levou ao fracasso da película, originando a saída do malogrado Steve James, o icónico sargento Curtis Jackson e considerado por muitos como a verdadeira estrela da franchise que se fartou de estar sempre renegado para segundo plano, quando na realidade era o mais habilitado para o papel principal visto possuir qualidades médias de representação e boa técnica em artes marciais.
Não obstante o fracasso da segunda sequela e mostrando uma Cannon Group que não aprende com os erros, Cedric Sundstrom é convidado para dirigir o quarto filme que após uma soma considerável a Michael Dudikoff para regressar como Joe Armstrong, os produtores pensaram que ao uni-lo com David Bradley a saga tomaria um novo rumo. Claro que estavam redondamente enganados e o resto é história.
James Booth é Mulgrew |
O veterano actor inglês James Booth ("Zulu" de '64) que assinou o argumento dos dois anteriores sucessos da Cannon, "Avenging Force" ('86) e "American Ninja 2" aparece aqui como o execrável vilão de serviço e co-autor do guião que recicla o enredo dos anteriores filmes, sem introduzir nada de novo e repleto de falhas de continuidade tão gigantescas que faz o penhasco que aparece no filme parecer um castelo de areia na praia.
Sean Davidson, que no filme anterior era um lutador de artes marciais de competição, aparece aqui como um agente da C.I.A. (?) e Joe Armstrong num isolamento parecido a John Rambo em "Rambo III" ('88) sai do retiro espiritual para ajudar o velho amigo, apesar de no filme anterior não haver qualquer referência a que os dois se conheçam, capturado e à beira da execução, mais uma vez a suar a "Rambo III" por todos os poros.
Carl Brackston (Dwayne Alexandre) |
Com a rescisão de Steve James da saga, Dwayne Alexandre entra como um óbvio enchimento para Curtis Jackson na pele de Carl Brackston, embora o seu personagem seja resumido a um inútil parceiro que se o espectador pisca os olhos nem dá pela participação dele.
Todo o carisma, companheirismo (Dudikoff e James possuíam grande química no ecrã a julgar pelos 3 filmes em que apareceram juntos), humor e forte presença em cena que ajudaram os anteriores filmes da saga a atingir um certo culto dentro do género, desapareceram totalmente com a saída de James, dando lugar a um Michael Dudikoff que só aparece no filme após os primeiros 45 minutos e que aparenta não querer estar ali e um David Bradley cujas expressões faciais e de representação rivalizam com o tronco oco de uma árvore.
Em defesa de Bradley, as suas sequências de acção e luta corporal são bastante superiores às do colega, pois já era um lutador profissional, ao contrário de Dudikoff que foi contratado sem experiência nenhuma na matéria e só atingiria o mérito de um cinturão negro muito mais tarde.
A má direcção de Sundstrom e o medíocre director de fotografia, mostram-nos de modo evidente (e incompetente) o duplo de Dudikoff por todo o lado, sempre que aparece um grupo de ninjas prontos a levarem porrada por todo o lado, porque apesar de serem ninjas como Davidson e Armstrong são, a sua única função é meramente esperarem que os heróis os aviem um a um, porque nunca atacam ao mesmo tempo, nem pelas costas. Mas esse é um artifício próprio do série-B e aplicando a suspensão da descrença acaba por funcionar às mil maravilhas.
A sequência inicial é empolgante e vale por todo o filme, numa espécie da pré-aventura de "Raiders of the Lost Ark" ('81) versão série-B onde um grupo de comandos em fuga pela savana com hordas de ninjas atrás para alcançarem o barco de borracha que lhes poderá dar a fuga, mas aonde lhes espera uma desagradável surpresa.
A partir daí o filme sai dos trilhos em direcção a um precipício como um comboio sem maquinista, chegando ao ponto de se seguir apenas pelas situações hilariantes não intencionais, como porque um grupo de ex-prisioneiros de uma Colónia Penal se vestem como figurantes rejeitados de um "Mad Max 2 - The Road Warrior" ('81) se a acção se passa nos nossos dias ou um Michael Dudikoff a saltar para dentro dum buraco a meio da floresta e meio segundo depois reaparecer em "full ninja costume";
um ninja a soldo com a cara de David Bradley no intuito de enganar Joe e providenciando uma gratuita luta entre os dois, numa terrível estratégia de enredo, ou o director filmar uma sequência sem ponta em que Dudikoff afia a sua espada para a batalha final do dia a seguir e simplesmente não a usa depois.
Sarah (Robin Stille) |
A título de curiosidade, a sexy actriz Robin Stille do horror slasher de culto "The Slumber Party Massacre ('82), que aqui interpreta a médica-legista Sarah, suicidar-se-ia cerca de 5 anos depois aos 34 anos, depois de uma vida trágica de dependência do álcool.
Superninja (Kely McClung) |
Em suma, é impossível esta obra competir com o cinema legítimo, pois a sua função é unicamente de entretenimento para o espectador pouco exigente se deixar levar pelas incríveis proezas destes ninjas no ecrã,
mas mesmo para os fãs deste género de cinema existem os bons, os medianos e os maus e "American Ninja 4 - The Annihilation" está mais perto da total ineficiência do que da genialidade descomprometida do série-B de acção que os dois primeiros filmes nos proporcionaram...
Género: Acção / Aventura / Artes Marciais.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A. / África do Sul.
Duração: 99 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=h1QJaPV-3nE
Classificação: 5.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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