Durante os anos da Revolução que deram a Independência aos Estados Unidos da América, Tom Dobb (Al Pacino), um caçador escocês viaja com o filho Ned (Sid Owen) para Nova Iorque, na esperança de uma vida nova depois da febre ter levado o resto da família. Quando o seu filho é coagido a alistar-se na guerra, Dobb é obrigado a segui-lo embora vá combater numa luta que julga não ser a sua. Ao mesmo tempo, conhece a rebelde aristocrata Daisy McConnahay (Nastassja Kinski) apaixonando-se à primeira vista, mas a guerra acaba por separá-los. Quando o seu pequeno Ned é capturado pelos ingleses, ficando aos cuidados do terrível sargento-major Peasy (Donald Sutherland), Dobb fará tudo para salvá-lo. Fugindo para as florestas, são salvos pelos índios locais e tornam-se batedores dos franceses, entretanto aliados às Colónias, fazendo Dobb mudar de opinião e lutar arduamente pela liberdade e independência do novo País...
Al Pacino como Tom Dobb |
A infame super-produção inglesa e norueguesa sobre a Guerra da Independência Americana, realizado pelo cineasta inglês Hugh Hudson, nomeado ao Oscar por "Chariots of Fire" ('81) e protagonizado por Al Pacino, depois de Harrison Ford, Robert Duvall e Richard Gere entre outros recusarem o papel,
Nastassja Kinski como Daisy McConnahay |
tornou-se um dos maiores fracassos de bilheteiras da década, a par com "Heaven's Gate" ('80) ou "Ishtar" ('87) trazendo uma crise financeira ao cinema britânico que levou anos para recuperar.
Sargento Jones (Steven Berkoff) |
Se a ideia de Hudson e do argumentista Robert Dillon era o de criarem um épico monumental sobre a Guerra da Independência Americana, "Revolution" falha completamente no alvo num resultado confuso sobre aquilo que realmente quer ser, servido de uma realização orientada quase exclusivamente para o lado visual, dando pouco cuidado à direcção de actores e à consistência do seu guião.
A montagem é completamente atroz, com a encenação de Hudson a carecer de dinâmica resultando num ritmo melancólico a doses de valium, filmando uma trama demasiado superficial para o tema, pouco coerente e recheada de falhas de lógica ou de situações difíceis de acreditar para a conveniência do enredo.
Al Pacino, nomeado ao Razzie para Pior Actor do Ano aqui, aparenta estar meio perdido com o material dado ou desmotivado com o filme em si, embora tenha os seus momentos de brilho na interacção com o filho, interpretado por Sid Owen e mais tarde em adolescente por Dexter Fletcher;
Sargento-Major Peasy (Donald Sutherland) |
Donald Sutherland, recebe o segundo lugar nos créditos, mas o seu personagem tem a mesma importância de uma paisagem, não tendo qualquer tipo de desenvolvimento que faça o espectador compreender o porquê das suas acções
e Nastassja Kinski, como a co-protagonista do filme tem no máximo 10 - 15 linhas de diálogo, com duas delas a explicarem o porquê da enorme atracção e paixão entre uma aristocrata rebelde e um "homem das cavernas" da Escócia.
Liberty Woman (Annie Lennox) |
As coincidências de todos os encontros e desencontros de ambos ao longo do filme dentro dum cenário de guerra, faz com que toda a imensa região pareça uma pequena aldeia. Destaque ainda para Annie Lennox, a cantora dos Eurythmics, num pequeno papel como a ruiva revolucionária creditada no filme como Liberty Woman.
"Revolution" tem mesmo assim algumas qualidades redentoras, especialmente no magnífico trabalho de reconstituição de época a nível de cenários e guarda-roupa e na brilhante cinematografia de Bernard Lutic, embora o trabalho de câmara de Hudson repleto de close-ups, diminua bastante a escala na acção, retirando o lado portentoso e reduzindo ainda mais o sentimento épico de uma obra deste género. As sequências de batalha, apesar de bastante criticadas na altura, estão competentes.
Em suma, "Revolution" é uma longa, monótona, aborrecida e pouco credível tentativa de um épico histórico, cujo vergonhoso desaire levou ao hiatus de Pacino de 4 anos sem participar num filme, regressando somente em '89 com o criticamente aplaudido "Sea of Love", ao mesmo tempo que incutiu um receio em Hollywood sobre filmar mega-produções em contexto de filme de guerra,
Ned Dobb (Sid Owen) |
só retornando ao género depois do êxito de "Glory" ('89), o mesmo que impulsionou que a obra de Michael Mann, "The Last of the Mohicans" entrasse em produção, onde ironicamente Daniel Day-Lewis interpretou um personagem semelhante ao de Pacino neste filme.
Outro notável sobre o tema, mas mais virado para a parte do entretenimento é o "The Patriot" ('00) com Mel Gibson.
Ned adolescente (Dexter Fletcher) |
Uma nova versão do filme em DVD com o título "Revolution Revisited", um nome pomposo para uma "Director's Cut", foi lançado com uma montagem que difere em certas cenas; menos 10 minutos de filme; uma adição em voz off de Pacino que não trás nada de novo, excepto explicar em modo de repetição e divagando pelo caminho ao ponto da quase fartação sobre a sua história passada e um novo final que difere do final feliz da versão de cinema.
Juntamente inclui uma entrevista com Al Pacino e Hugh Hudson que acusam os produtores da altura de destruírem o filme, originando assim o fracasso crítico e comercial dele, mas a julgar por esta nova versão que em nada o melhora, e em certos aspectos, talvez piore, a realidade é que o filme estava condenado desde o início...
Género: Aventura / Drama / Histórico / Guerra.
Fotografia: Côr.
País: Inglaterra / Noruega / E.U.A.
Duração: 126 minutos.
Classificação: 6/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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