Durante a Passagem do Ano, os Sigma Phi Omega, uma fraternidade de faculdade liderados pelo espirituoso Doc Manley (Hart Bochner) usam a bela Alana Maxwell (Jamie Lee Curtis) para atrair o inadaptado Kenny Hampson (Derek McKinnon) para uma cruel partida que acaba por correr mal quando o estudante enlouquece e acaba num hospício. Quatro anos depois e para celebrarem a graduação, os membros da fraternidade resolvem organizar uma festa de máscaras a bordo de um comboio dirigido pelo veterano Carne (Ben Johnson), não olhando a despesas para o evento. Sem que os mesmos desconfiem, um dos envolvidos na partida a Kenny é barbaramente assassinado na gare e alguém toma o seu lugar no comboio, dando início a uma verdadeira viagem de terror com o misterioso assassino perseguindo os culpados um a um, eliminando-os e disfarçando-se com as máscaras das suas vítimas...
Jamie Lee Curtis é Alana Maxwell |
Com o sucesso do filme de terror independente de John Carpenter "Halloween" ('78), o sub-género slasher de horror estava lançado para a próxima década e a sua jovem estrela Jamie Lee Curtis, filha dos actores Tony Curtis e de uma das musas de Hitchcock, Janet Leigh de "Psycho" ('60), revelada no mundo do cinema para se tornar a essencial "Rainha do Grito" para uma nova década de terror.
"Terror Train", o primeiro filme do realizador Roger Spottiswoode, que trabalhou com Sam Peckinpah como editor de imagem, fez parte de um acordo da actriz filmar duas réplicas de "Halloween" um a seguir ao outro no Canadá, sendo o primeiro "Prom Night" rodado em Toronto e este filme em Montreal, partilhando diversas semelhanças a nível de enredo, como se "Terror Train" fosse um "Halloween" encontra "Prom Night" a bordo de um comboio.
David Copperfield é Ken, o Mágico |
Contudo, o argumento é inventivo em certas situações apresentadas e a presença do ilusionista David Copperfield, na sua única performance como actor, tinge no filme uma aura de magia algures entre o real e o irreal, impulsionando o mistério da actuação do assassino mascarado que toma a identidade de cada vítima que aniquila.
Visualmente, "Terror Train" tem uma outra dinâmica em relação a "Prom Night", especialmente pelo visível orçamento maior e a encenação mais cuidadosa e profissional de Spottiswoode, auxiliado pela brilhante cinematografia do veterano John Alcott, usando um método único de iluminação eficiente na criação do clima sinistro apresentado.
O suspense está lá e o trabalho de câmara é fantástico, seja representando a ameaça eminente ou o lado claustrofóbico de um assassino à solta pelos apertados corredores e divisões de um comboio em andamento.
A indumentária principal do assassino e a que aparece na maioria das capas promocionais, é a máscara de Groucho Marx, o irmão mais velho do conhecido grupo de comediantes da Era clássica de Hollywood.
Uma das maiores omissões para um filme deste sub-género é a escassez de gore apresentado, mas acabou por ser uma decisão inteligente dos criadores ao evitarem cair no estereótipo óbvio do slasher de um dos mais conhecidos "rip offs" de "Halloween", "Friday the 13th" ('80), tentando construir em simultâneo, um thriller de intriga a alta velocidade com um ambiente efectivo, destacando-se assim de muitos outros slashers estreados durante os anos 80.
A reviravolta final poderá ter sido uma surpresa para a altura e ainda o ser nos dias de hoje para os espectadores ocasionais, mas para fãs atentos deste sub-género é evidente a partir do meio do filme.
No capítulo das performances, a Alana Maxwell de Jamie Lee Curtis é muito mais espevitada e senhora de si do que a frágil Laurie Strode do primeiro "Halloween", mas falta-lhe a garra de lutar contra o assassino pela sobrevivência como em "Prom Night".
O facto de ter alinhado na partida ao infeliz Kenny, embora não adivinhando as consequências do seu acto, torna o seu personagem menos agradável aos olhos do espectador do que a sua personagem em "Prom Night" que não esteve envolvida no assunto, assim como os juízos de valor que podem parecer hipócritas com os quais prega aos colegas da fraternidade.
Hart Bochner é Doc Manley |
Hart Bochner interpreta o seu usual personagem cretino que conheceu o apogeu no clássico de acção "Die Hard" ('88); o malogrado veterano Ben Johnson é sempre um prazer revê-lo no ecrã e a futura cantora descoberta por Prince, Vanity tem um papel secundário aparecendo nos créditos como D.D.Winters.
Ben Johnson é Carne |
Em suma, "Terror Train" é um dos mais cuidados slashers dos anos 80, digno de figurar na lista dos melhores do sub-género ao lado do "The Prowler"; "My Bloody Valentine"; "Happy Birthday to Me" (todos de '81) ou "Slaughter High" ('86).
Um dos pontos menos positivos é o ritmo algo lento e arrastado e a própria duração do filme, que mesmo sendo necessários para a criação de um ambiente, acabam por se prolongar demasiado para o enredo do filme em si.
Com menos 15 minutos, "Terror Train" poderia se ter atrevido a rivalizar com o próprio "Halloween" e apesar do seu moderado sucesso, não teve direito a uma sequela, mas ganhou ao longo dos anos o estatuto de clássico de culto dentro do sub-género.
Género: Horror / Mistério / Thriller.
Fotografia: Côr.
País: Canadá / E.U.A.
Duração: 97 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=qnOw-Uvs6w0
Classificação: 8/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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