O encontro entre Alabama & Clarence |
Clarence Worley (Christian Slater), um aficionado por cinema que trabalha numa loja de banda desenhada conhece a prostituta Alabama (Patricia Arquette) e apaixonam-se. Pretendendo casarem-se, Worley tem antes que romper o cordão umbilical entre Alabama e o seu antigo chulo, Drexl Spivey (Gary Oldman) que também é um traficante de droga.
Drexl Spivey, o chulo (Gary Oldman) |
Quando o encontro corre mal, Clarence vê-se a braços com uma mala cheia de cocaína e resolve partir em direcção à California no intuito de despachá-la sem saber que é pertença do maior Mafioso local, que lança todos os seus subordinados numa caça ao jovem casal...
Clifford Worley, o polícia reformado (Dennis Hopper) |
Escrito por Quentin Tarantino como parte de um longo argumento que foi divido ao meio produzindo dois filmes: "True Romance" e "Natural Born Killers" ('94) e realizado pelo malogrado cineasta Tony Scott, é um thriller dramático de acção brilhantemente dirigido num ritmo rápido e empolgante
Don Vincenzo Coccotti (Christopher Walken) |
O Mentor (Val Kilmer) |
Val Kilmer empresta a voz e a silhueta para o Mentor de Clarence numa alusão ao Rei Elvis Presley; o malogrado Dennis Hopper e Christopher Walken protagonizam uma das melhores cenas de confronto de sempre da história do cinema;
Floyd - Dick's Roommate (Brad Pitt) |
Brad Pitt quase que não se levanta do sofá dando vida ao "junkie" Floyd, deixando a faísca acesa para o seu posterior sucesso como actor principal e outros tantos bons actores em pequenos, mas memoráveis desempenhos.
Virgil, o Gangster (James Gandolfini) |
A direcção de Scott, realizador vindo dos videoclips é diferente de Tarantino, muito mais enérgica e competente com uma acção situada algures entre os domínios do real e do imaginário.
Alabama Worley (Patricia Arquette) |
O visual é bastante adequados com a cinematografia a oscilar dos tons azulados e cinzentos da fria Detroit para os tons mais claros e luminosos da solarenga Califórnia.
Clarence Worley (Christian Slater) |
Facto é que Quentin Tarantino vendeu este argumento, que mais não é que uma homenagem a "Badlands" ('73) de Terence Mallick com Sissy Spacek e Martin Sheen, para poder financiar o seu filme de estreia "Reservoir Dogs" ('92),
Nicky & Cody (Chris Penn & Tom Sizemore) |
e ainda bem que o fez, pois "True Romance" (e apesar de ter passado algo despercebido na altura de estreia) mantém-se como um dos melhores e mais íntimos filmes de Scott e sem ele na direcção provavelmente não atingiria o brilhantismo do produto final, gozando do estatuto actual de supremo filme de culto.
Elliot (Pinchot), Clarence, Alabama & Dick (Rapaport) |
Repleto de cenas que nos ficam na retina: o tiroteio final invocando o clássico de Sam Peckinpah "The Wild Bunch" ('69), magistralmente adaptado aos nossos dias e um dos momentos de maior tensão do filme; a luta corpo-a-corpo entre um James Gandolfini pré-fama dos "Sopranos" e Patricia Arquette ou a já referenciada cena entre Hopper e Walken,
Happy End... |
"True Romance" que mais não é que a versão de um estúdio legítimo de um série-B do cinema grindhouse dos anos 70, cumpre em pleno na admiração que nutre por esse género, tornando-se a obra fundamental que ressuscitou genuinamente o trash cinema para uma nova geração de cinéfilos. Altamente recomendado!!
Género: Crime / Thriller.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A. / França.
Duração: 120 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=_wNYNDzKpuQ
Classificação: 9/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
Tenho uma edição especial para coleccionadores deste filme que tem um final alternativo após o tiroteio. É dos meus "boy meets girl" favoritos de sempre. Gostei imenso da "review" e gostava de acrescentar que o filme é de facto muito pessoal mas não apenas em relação ao Tony Scott. De acordo com palavras proferidas pelo próprio Tarantino o Clarance foi criado à sua imagem e semelhança: Na altura em que o True Romance foi escrito o Tarantino trabalhava nos Video Archives de Los Angeles onde passava o dia a devorar os filmes onde mais tarde iria roubar para montar os seus puzzles "originais". O Clarance trabalha na loja de comics (outra das grandes paixões do QT) e passa o dia a ler comics. No dia do seu aniversário o QT fazia sempre questão de ir ao cinema sozinho tal como o Clarance vai. O gosto pelos hamburgueres, o açúcar no café e até o ir comer tarte depois do filme e falar sobre ele é tudo rituais e hábitos que Tarantino diz ter ganho desde da mais tenra adolescência. Outra coisa interessante é referires (e muito bem, adorei) o tiroteio final como à la "The Wild Bunch" e isso não é inocente. Se leres os argumentos escritos por ele o roubo é tão descarado que ele chega a colocar notas do tipo: esta parte é para ser filmada "guerrila style" ou à la Sam Peckinpah (um dos seus ídolos) ou este diálogo é para ser dito em "rapid fire motion" à la "His Girl Friday"... Pelo menos os "first drafts" eu sei que têm estes "mimos". Fica aqui o meu humilde contributo que em nada acresce à tua brilhante "review" mas é sim apenas uma pequena achega que deixo a título de curiosidade. Espero que gostes.
ResponderEliminarGostei muito do teu contributo aqui e quando quiseres continua a fazê-lo, pois é para isso que este blog serve, para se aprender com ele e contribuir para ele, também. bjs e até já!!
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