Num convento isolado do Québec, Agnes (Meg Tilly) uma noviça mentalmente frágil, dá à luz isoladamente no seu quarto, aparecendo o nado morto dentro do caixote do lixo. A polícia é chamada e o Promotor Público envia a Doutora Martha Livingston (Jane Fonda), uma psiquiatra pouco dada ao Catolicismo para determinar o estado mental de Agnes e se esta está competente para comparecer em Tribunal pela acusação de infanticídio. Enquanto analisa Agnes, Martha descobre uma ingénua rapariga temente a Deus, vítima de maus-tratos em criança e que não tem noção sobre o acto sexual. Inicia assim uma demanda pela verdade sobre a misteriosa concepção do bebé e a sua consequente morte embatendo com a Madre Superiora do Convento, Miriam Ruth (Anne Bancroft) que apesar de pretender que deixem a sua noviça em paz, sabe mais do que aparenta. Contra tudo e todos, incluindo o próprio Promotor Público e a Igreja que pretendem condenar Agnes, Martha envolve-se de modo pessoal no curioso caso, mas estará ela pronta para encarar a verdade?
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| Drª Martha Livingston (Jane Fonda) |
Soberbo drama de mistério de Norman Jewison ("Jesus Christ Superstar" de '73), partindo de um magistral argumento de John Pielmeir adaptando a sua própria peça de teatro da Broadway.
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| Agnes (Meg Tilly) |
Tudo em "Agnes of God" é perfeição cinematográfica, desde o sombrio ambiente misto do real e sobrenatural aliado a uma brilhante cinematografia que capta com exactidão a aura sinistra e de mistério do filme, e ainda uma magnífica direcção de actores interagindo com diálogos intensos fruto do coeso e inteligente guião, carregando poderosas cenas dramáticas tão efectivas quanto pesadas.
"Agnes of God" põe a Igreja no banco dos réus, atrevendo-se corajosamente a questionar certos dogmas sem que com isso ofenda os fiéis ou os não fiéis, apresentando um brilhante estudo sobre os seus três personagens e as convicções que os movem.
Jane Fonda ("Klute" de '71) lidera o elenco num dos seus melhores desempenhos de sempre na pele da psiquiatra agnóstica demasiado envolvida no mistério por detrás da jovem Agnes, estabelecendo um amor maternal pela ingénua noviça ao mesmo tempo que ousa desafiar as Leis do Convento.
Fonda constrói um sensível e complexo personagem que terá de lidar com muito mais do que aquilo que esperava, quando os seus próprios fantasmas do passado regressam e se fundem com o caso actual.
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| Madre Superiora Miriam Ruth (Anne Bancroft) |
A malograda Anne Bancroft ("The Graduate" de '67) é genial como a severa Madre Superiora que nem sempre foi freira reclusa e conhecendo o melhor (ou o pior) dos dois Mundos teme pela sobrevivência da sua noviça no mundo real fora dos muros do Convento.
Meg Tilly ("The Big Chill" de '83 e irmã mais nova da actriz Jennifer Tilly) entrega-nos uma das mais assombrosas, sofridas, dramáticas e arrepiantes performances dos anos 80. A jovem actriz desaparece por completo no papel de Agnes, parecendo possuída pelo seu personagem.
Entrar no mundo da doce Agnes é um complexo fascínio de se seguir. Ela prende-nos ao ecrã, emociona-nos e faz-nos por vezes rir, mas acima de tudo tem o dom de simpatizarmos de tal modo com o seu personagem que nos cativa, intriga, comove e impulsiona a ajudá-la, resolvendo o mistério.
Anne Bancroft e Meg Tilly foram justamente nomeadas para um Oscar da Academia em '86 nas categorias de Melhor Actriz Principal e Melhor Actriz Secundária, tendo Bancroft perdido curiosamente para Geraldine Page (que venceu por "The Trip to Bountiful") que interpretou o seu personagem Miriam Ruth na peça original.
Em suma, "Agnes of God" não é para todos, mas quem se ligue emocionalmente ao filme é uma experiência inesquecível que tão depressa não sairá da memória. Todo o conjunto é cinema americano no seu melhor e um dos mais brilhantes e intensos dramas saído dos anos 80. Altamente recomendado!
Género: Drama / Mistério / Thriller.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 98 minutos.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=aYlgM4bPjL0
Classificação: 9.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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