"Companheiros da Morte" de Sam Peckinpah com Maureen O'Hara, Brian Keith, Steve Cochran, Chill Wills, Will Wright, James O'Hara, Peter O'Crotty, Billy Vaughan & Strother Martin.
O veterano yankee da Guerra Civil Americana, Yellowleg (Brian Keith) que persegue à vários anos um rebelde, Turk (Chill Wills) que lhe tentou tirar o escalpe deixando-o com uma cicatriz profunda, encontra-o num saloon salvando-lhe a vida num viciado jogo de cartas com intuito de ajustar contas com ele mais tarde. Juntamente com o pistoleiro Billy Keplinger (Steve Cochran) rumam a Gila City para assaltarem um banco, acabando por testemunharem um assalto a uma loja. Na confusão do tiroteio, Yellowleg com uma ferida de guerra antiga na clavícula, erra o tiro matando acidentalmente o pequeno Mead (Billy Vaughan), filho da dançarina do cabaret e mal-vista na cidade, Kit Tildon (Maureen O'Hara). A orgulhosa Kit pretende enterrar o filho em Siringo, que fica em território Apache, ao lado do marido e pai do pequeno que também está lá enterrado. Sem ninguém capaz de demovê-la, Yellowstone juntamente com os seus dois comparsas resolvem escoltá-la na jornada perigosa...
Yellowleg (Keith), Turk (Wills) & Billy (Cochran) |
Kit Tildon (Maureen O'Hara) |
Produzido por Charles B.Fitzsimons (irmão da actriz principal, Maureen O'Hara) funcionou como "testa de ferro" da mesma, pois toda a produção foi controlada de início ao fim pela actriz. O controverso tema da novela, a morte acidental da criança e a demanda de um longo velório por uma terra selvagem até ser enterrado ao lado do pai,
Billy (Steve Cochran) & Yellowleg (Brian Keith) |
seduziu Peckinpah nos primórdios da sua visão de acabar com o mito limpo e sóbrio dos clássicos do velho oeste para entrar assim numa era mais dura, realista, sombria e violenta do mesmo, que só conseguiria 7 anos mais tarde com "The Wild Bunch" o ponto de viragem do género no cinema americano), mas os conflitos sobre que caminho seguir com a produtora e actriz principal O'Hara, uma clássica dama de Hollywood, foram tantos que Peckinpah viu esta sua estreia ser completamente controlada por mãos alheias.
O resultado é um filme sem muita vida, que não sabe para onde quer ir. Dos personagens o único tridimensional é Yellowleg, interpretado por um sólido Brian Keith, deixando todos os outros ao acaso, incluindo a suposta estrela do filme, Kit Tildon (Maureen O'Hara).
O argumento sofre de várias pontas soltas com a narrativa a arrastar-se demasiado, sem que algo verdadeiramente se passe e a cinematografia deixa muito a desejar parecendo filmado para a TV em vez de longa-metragem para cinema.
A trilha sonora é por vezes, completamente fora do contexto da acção ou irritante ao ponto de distrair o espectador. A violência característica de Peckinpah é inexistente aqui e nem o tiroteio final consegue ser emocionante com uma má edição de imagem que nos deixa confusos do que se passou chegando à conclusão que a sequência tem nexo.
Peckinpah deserdou esta sua primeira experiência como realizador, tanto que sempre considerou o seu (e diga-se de passagem bem melhor) segundo filme "Ride the High Country" lançado o ano a seguir como a sua estreia.
Em suma, "The Deadly Companions" faísca em certos momentos a genialidade do futuro inovador do género como o jogo de gato e o rato entre Yellowleg e o índio que o persegue; a direcção de actores ou o ambiente negro presente, noutros momentos parece que estamos perante um filme diferente como a interpretação algo fora de Maureen O'Hara.
Os principais motivos porque vale a pena ver "The Deadly Companions" é exactamente para estudo de como Sam Peckinpah começou e porque motivo depois deste filme e do seu terceiro, "Major Dundee" ('65), deixou de depender dos produtores e dos estúdios e pela sua visão única e sem qualquer tipo de interferência, criou um dos mais aclamados westerns de sempre visto e revisto como uma obra-prima dentro do género: "The Wild Bunch"
e ainda o facto da grande direcção de Peckinpah sobre o trio de assaltantes muito bem interpretados por Brian Keith, Chill Wills e Steve Cochran (que lembra bastante Mel Gibson circa "Maverick" e "Payback" neste filme) e embora o guião não lhes dê a profundidade necessária para se expandirem, Sergio Leone estava atento porque em parte se inspirou neste trio para criar o seu épico "The Good, The Bad and The Ugly" 5 anos depois. As semelhanças são demasiadas para ser coincidência e nem que seja pela curiosidade cinéfila, vale a pena ver para crer.
Género: Drama / Western.
Fotografia: Côr.
País: E.U.A.
Duração: 93 minutos.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Diw1gEraITE
Classificação: 6.5/10.
Reviewer: @ Nuno Traumas.
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