Psycho III (1986)

"Psico III" de Anthony Perkins com Anthony Perkins, Diana Scarwid, Jeff Fahey, Hugh Gillin, Lee Garlington, Robert Alan Browne, Claudia Bryar, Virginia Gregg, Juliette Cummins, Donovan Scott & Roberta Maxwell.

Um mês depois dos eventos do segundo filme, Norman Bates (Anthony Perkins) continua à frente do Motel Bates, escondendo o seu segredo sombrio na velha mansão Vitoriana. Recebe como hóspedes Duane Duke (Jeff Fahey), um aspirante a músico que Bates contrata como ajuda extra e Maureen (Diana Scarwid), uma freira em fuga que perdeu a Fé. Ao mesmo tempo, Tracy (Roberta Maxwell), uma ambiciosa repórter, chega a Fairvale no intuito de escrever um artigo sobre o aparentemente curado Norman Bates e começa a investigar o desaparecimento da velha senhora Emma Spool (Claudia Bryar). Sentindo-se ameaçado pela presença da repórter metediça e começando a apaixonar-se pela jovem freira, os conflitos internos de Norman vêem à tona e quando Duane descobre o seu segredo sombrio e tenta a chantagem, a onda de assassinatos em torno do Motel Bates recomeça subitamente...

A velha Mansão Victoriana

Terceira parte da franchise "Psycho" com Anthony Perkins a tomar as rédeas na direcção do filme, resultando num bastante competente produto final, tendo em conta ser o primeiro filme dirigido pelo actor tornado realizador. 

O estilo visual é fantástico; a encenação inventiva e o trabalho de câmara prodigioso com o auxílio da brilhante cinematografia de Bruce Surtees, colaborador usual de Clint Eastwood desde "Dirty Harry" ('71) apelando à técnica do "Mestre do Suspense" e director do filme original Alfred Hitchcock. 

O ambiente sombrio e o tipo de iluminação e cores usadas realçam a atmosfera bizarra do conjunto que oscila entre o gótico e o grotesco, digno de um "giallo" de Mario Bava ou Dario Argento. A destacar também o apurado sentido de humor negro que Perkins injecta subtilmente na película.

O tempo que Perkins viveu com o estigma do personagem, levou-o a conhece-lo como ninguém reflectindo-se no filme e mesmo com as exigências e certas alterações na trama por parte estúdio que com o emergente sucesso dos "slashers" nos anos 80 como as franchises de "Halloween" ('78), "Friday the 13th" ('80) ou "A Nightmare on Elm Street" ('84) levou-o a incluir cenas mais sangrentas em vez da violência mais sugerida do que vista dos filmes anteriores e cenas de nudez explícitas essenciais deste sub-género de cinema,

Anthony Perkins regressa como Norman Bates

a dignidade do seu Norman Bates mantém-se apesar de estar um pouco mais exagerado, nervoso e enlouquecido se comparado com o seu desempenho mais subtil em "Psycho II". 

Duane (Jeff Fahey)

Perkins descobriu ser portador de HIV no início das filmagens e acumulando a tarefa dupla de director e actor principal é notório o seu estado mais debilitado em algumas cenas, mas sem que isso interferisse, como o magnifico actor que era, com o seu desempenho. Jeff Fahey ("The Lawnmower Man" de '92 ou "Machete" de '10) interpreta o seu usual personagem oportunista e mau-carácter.

Maureen (Diana Scarwid)

Diana Scarwid (nomeada para um Oscar de Melhor Actriz Secundária por "Inside Moves" em '81 e de "Rumble Fish" e "Silkwood" ambos de '83") interpreta convincentemente, mas sem brilhar a ingénua freira Maureen. O porquê desta actriz nunca ter chegado longe em Hollywood, permanece um mistério.

Relativamente à história, o guião de Charles Edward Pogue não possui a genialidade do filme anterior, parecendo mais tarefeiro e repetitivo e tirando a reviravolta final não injecta muitas mais surpresas. 

Pogue alegou ter escrito um guião muito mais profundo com um fio condutor diferente e muitas mais reviravoltas, mas a Universal Pictures sedenta da fórmula "teen slasher" reescreveu-o tornando-o mais fácil de digerir, sendo patente na estrutura do filme 

com parte dele a apelar a algo mais, entrando nos domínios do thriller de horror mais atmosférico e a outra parte mergulhada de cabeça num "slasher" do "entra e desata a cortar" ao jeito de um Jason Voorhees ou Michael Myers.

Com outro realizador no comando talvez "Psycho III" não fosse muito além da mediocridade, mas Perkins dá-lhe um visual único, estranho e bizarro, artístico sem ser pretensioso, desconfortável mas ao mesmo tempo apelativo, resultando numa grande segunda sequela para um supremo clássico. 

"Psycho III" fracassou injustamente nas bilheteiras, congelando para sempre a carreira de Perkins, sendo o quarto filme da série já produzido em orçamento reduzido para formato televisivo. 

Como qualquer bom filme incompreendido na altura de estreia, hoje é revisto como uma obra-de-culto e um dos mais geniais primeiros filmes de um actor. 
"Psycho III" merece ser redescoberto e apreciado como uma das melhores sequelas de um filme de terror dos anos 80.

Género: Horror / Thriller / Mistério.

Fotografia: Côr.

País: E.U.A.

Duração: 93 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Gva8w9DV-Jc

Classificação: 8.5/10.

Reviewer: @ Nuno Traumas.